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Richelieu Estadista e cardeal francês

9 de setembro de 1585, Paris (França)

4 de dezembro de 1642, Paris (França)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

11/09/2008 16h09

Armand-Jean Du Plessis, cardeal e duque de Richelieu, foi destinado pela família à carreira das armas. Apesar disso, durante uma viagem a Roma recebe as ordens sacras e, de volta à França, é nomeado bispo de Luçon, cargo em que se notabiliza ao empreender as reformas propostas pelo Concílio de Trento.

Torna-se famoso entre o clero e é escolhido como deputado aos Estados Gerais, quando se aproxima da rainha-regente, Maria de Médicis, sendo nomeado secretário de Estado para o Exterior e a Guerra. Deposta a regente, o secretário evita entrar em conflito com o favorito de Luís 13, Luynes, e aceita o exílio em Avignon - na época, um território papal.

Pouco tempo depois, no entanto, é chamado de volta a Paris. Conforme pedido do jovem rei ao papa, Richelieu é nomeado cardeal em 1622. Em 1624 assume a presidência do conselho real. Torna-se, enfim, primeiro-ministro e, dada a indiferença total de Luís 13, dono absoluto da França.

A política de Richelieu visava dois objetivos: internamente, quebrar o poder da aristocracia feudal e estabelecer a monarquia absoluta; e, em termos de política externa, combater os Habsburgos da Espanha no Sacro Império Romano Germânico, de maneira a tornar a França hegemônica na Europa.
 

Política interna

Duas das primeiras decisões de Richelieu fizeram com que ele criasse centenas de inimigos. Primeiro, proibiu os duelos, destruindo a resistência de seus opositores por meio de punições severas, inclusive capitais. Depois, quebrou o poder político dos huguenotes (protestantes de orientação calvinista), garantindo-lhes a liberdade de culto, mas tirando-lhes todas as garantias materiais, inclusive a de manter fortalezas dentro do reino. Uma delas, La Rochelle, é atacada e destruída.

A nobreza feudal - que conspirava periodicamente contra o rei, possuía seus próprios exércitos e se aliava a potências estrangeiras - tentou matar Richelieu inúmeras vezes, mas o cardeal, contando com o apoio irrestrito do monarca, não só se antecipou às maquinações, como também aniquilou seus inimigos.

Vencendo todas as oposições, Richelieu reorganiza a administração da França, criando o cargo de intendente real nas províncias e uma severa legislação tributária. Chega mesmo a usar de violência, mas é sempre bem-sucedido, conseguindo quebrar o poder dos senhores feudais e unificar a França sob o poder real.
 

Política externa

Opondo-se aos que eram favoráveis ao domínio espanhol na Europa, ele interveio na Guerra dos Trinta Anos ao lado dos príncipes protestantes e financiou a campanha do suecos contra o imperador. Interveio também na guerra de Sucessão de Mântua, na Itália, e transformou o Piemonte em aliado francês, contra os espanhóis.

Em 1635, declarou guerra à Espanha e apoiou a restauração em Portugal. Não chegou a ver o resultado de sua política, ao final da Guerra de Trinta Anos, com a Paz de Vestfália, mas conseguiu quebrar o poder espanhol.
 

Estadista e mecenas

Richelieu foi o maior estadista do Ancien Régime (sistema político, econômico e social da monarquia anterior à Revolução de 1789). Estabelecendo os alicerces do absolutismo real na França, lançou as bases do futuro governo de Luís 14, inclusive em termos econômicos, pois foi um precursor do mercantilismo.

Seguindo as orientações do Concílio de Trento, reformou o clero francês, iniciando a época dos grandes oradores sacros. Reorganizou a Universidade da Sorbonne e fundou a Academia Francesa. Richelieu resumiu suas idéias sobre política exterior em seu Testamento político, que foi o livro de cabeceira de Luís 14, Napoleão 1º e De Gaulle, para quem a ação de Richelieu foi decisiva no sentido de "fazer da França um Estado moderno".
 

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