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Ruth Cardoso Antropóloga brasileira, ex-primeira dama do Brasil

19/9/1930, Araraquara (SP)

24/6/2008, São Paulo (SP)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

25/06/2008 08h46

Doutora em antropologia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Ruth Corrêa Leite Cardoso foi pioneira no reconhecimento da emergência, na década de 1970, dos movimentos sociais que abrigavam minorias por questões de gênero, étnico-raciais ou de orientação sexual. O trabalho da antropóloga pôs em pauta a pesquisa sobre esses movimentos no meio acadêmico brasileiro.

Ruth Cardoso formou-se pela USP em 1952. Lá desenvolveu a fase inicial de sua carreira acadêmica, bem como conheceu Fernando Henrique Cardoso, com quem se casou em 1953. Seis anos depois concluiu o mestrado e, em 1972, o doutorado, com a tese "Estrutura Familiar e Mobilidade Social: Estudo dos Japoneses no Estado de São Paulo". Sua vida universitária foi interrompida pelo golpe militar de 1964, que levou o casal ao exílio no Chile e na França.

Durante o exílio e depois dele, Ruth Cardoso atuou em instituições como Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso/Unesco), Universidade do Chile (Santiago do Chile), Maison des Sciences de L'Homme (Paris), Universidade de Berkeley (Califórnia) e Universidade de Columbia (Nova York). Foi também professora da Universidade de São Paulo e diretora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).

Entre sua produção acadêmica, podem-se citar os trabalhos "Sociedade e Poder: Representações dos Favelados em São Paulo", "Bibliografia sobre a Juventude" e "A Aventura Antropológica". Este último aprofunda a análise de problemas de ordem conceitual ou de procedimentos de investigação, ampliando o debate sobre metodologia e pesquisa em antropologia.
 

Comunidade Solidária

Nos oito anos em que esteve no poder ao lado do marido, dona Ruth - como passou a ser chamada - decretou o fim da LBA (Legião Brasileira de Assistência), entidade assistencialista, tradicionalmente presidida por primeiras-damas (título de que ela não gostava e preferia não assumir). Fundou e presidiu o Comunidade Solidária, que tinha como foco o fortalecimento da sociedade civil. Para garantir a continuidade dos programas gerados nessa entidade, criou a organização não-governamental Comunitas, em que permaneceu atuante até o fim da vida.

Entre seus cargos de destaque, presidiu o conselho assessor do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) sobre Mulher e Desenvolvimento, foi membro da junta diretiva da UN Foundation e da Comissão da OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre as Dimensões Sociais da Globalização e da Comissão sobre a Globalização.

Feminista declarada, a favor do aborto (que considerava uma liberdade feminina), apaixonada pela cozinha e, a princípio, contrária à carreira política de FHC (com quem não se mudou para Brasília quando ele trocou a universidade pela política em 1982), Ruth Cardoso defendia firmemente seu direto à privacidade. Considerava que dar publicidade a sua vida pessoal ou familiar era "misturar o público e o privado".

Dona Ruth morreu de um infarto fulminante, pouco depois de receber alta do hospital onde fora submetida a um cateterismo, dois dias antes. Ela conviveu com problemas cardíacos nos últimos dez anos de vida e já havia passado por duas cirurgias para a implantação de "stents" (próteses metálicas colocadas no interior das artérias coronarianas para a desobstrução do fluxo sangüíneo).

Fontes: Folha de S. Paulo e Agência Estado
 

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