Samuel Johnson Crítico literário e escritor inglês
18 de setembro de 1709, Lichfield, Staffordshire (Inglaterra)
13 de dezembro de 1784, Londres (Inglaterra)
Filho de um livreiro, Samuel Johnson já estava familiarizado com os autores clássicos ao entrar para a Universidade de Oxford em 1728. Por falta de recursos, teve de interromper os estudos universitários, passando a ganhar a vida como tradutor e preceptor.
Depois de vários anos de atribulações financeiras, vivendo em Londres, durante os quais escrevia premido pela necessidade de sobreviver, a autoridade de Johnson se firmou e, a partir de 1755, sua influência na literatura da época tornou-se determinante.
Em 1738 foi publicado seu primeiro poema, "London, a poem". Trata-se de uma imitação da terceira sátira de Juvenal, em que Johnson protesta contra a corrupção da vida, a solidão e os perigos da grande cidade. Esse poema didático-satírico teve, na época, grande sucesso. A crítica moderna, a partir de T. S. Eliot, reabilitou o poema, cujos versos são, realmente, cheios de vigor.
Na biografia de um amigo falecido - "Relato da vida do Sr. Richard Savage" -, Johnson exprimiu toda a amargura de suas próprias experiências dolorosas de escritor mercenário, sofrendo fome e fazendo traduções mal pagas. Esse foi seu primeiro trabalho em prosa que cativou o público, merecendo elogios de Henry Fielding, como o melhor tratado em língua inglesa sobre os defeitos e as virtudes da natureza humana.
Prosa clássica
Nessa época, Johnson começava a se interessar por Shakespeare e recebe a incumbência de escrever um dicionário da língua inglesa, significativo tributo à posição que conquistara após dez anos em Londres. Suas dificuldades só terminaram em 1762, quando passou a receber pensão anual de trezentas libras, do rei Jorge 3º.
A elaboração do dicionário demorou dez anos, e é a obra mais importante de Johnson. Publicado em 1755, em dois volumes, o dicionário vale pelas definições criteriosas e pela escolha de citações da literatura inglesa de todas as épocas, embora as etimologias sejam duvidosas.
Outra importante trabalho de Johnson, de valor imenso, foi a edição crítica, em oito volumes, dos dramas de Shakespeare. Ainda que Johnson levantasse críticas ao dramaturgo, seu trabalho como editor foi escrupuloso e seus prefácios às peças são modelos de crítica literária imparcial e penetrante.
Em seu livro "Vidas dos poetas ingleses", de 1791, Johnson tentou diminuir a fama de Milton, sobretudo de seus poemas líricos, e menosprezou a produção poética de John Donne. No entanto, sua crítica é sempre inspirada por um infalível bom senso - e a obra está escrita em magnífica prosa clássica.
Uma das personalidades literárias mais conhecidas da Inglaterra, o maior monumento em homenagem a Johnson é a biografia que dele escreveu seu discípulo James Boswell, "Vida de Samuel Johnson", a maior biografia em língua inglesa e talvez de todos os tempos.
Convivendo com o mestre desde 1763, Boswell apresenta-o nas rodas literárias, discutindo e dominando os outros como oráculo, e pontificando entre os amigos, no Ivy Lane Club ou no The Club, que fundou - em 1764, com os amigos Edward Gibbon, Joshua Reynolds, Oliver Goldsmith e Edmund Burke - e que, até hoje, é um dos mais famosos clubes londrinos.