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San Tiago Dantas Advogado, político e diplomata brasileiro

30/08/1911, Rio de Janeiro (RJ)

06/ 09/1964, Rio de Janeiro (RJ)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

10/08/2005 14h05

Francisco Clementino San Tiago Dantas foi jornalista, advogado, professor, deputado federal, ministro das Relações Exteriores e da Fazenda. Um dos precursores da política externa independente, defendia que o Brasil tinha o direito de negociar com todos os países, desde que fossem respeitadas as normas internacionais.

Estudou na Faculdade Nacional de Direito de 1928 a 1932, quando se filiou à Ação Integralista Brasileira (AIB). Deixou o movimento fascista durante a malograda preparação do levante para depor o presidente Getúlio Vargas, em 1938, e dedicou-se à carreira acadêmica e à advocacia.

Entre 1945 e 1946, trabalhou no Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial, órgão ligado ao Ministério do Trabalho. Assumiu a vice-presidência da Refinaria de Petróleo de Manguinhos, em 1949. Foi assessor pessoal de Vargas durante seu segundo governo (1951-1954), e participou da criação da Petrobrás e da Rede Ferroviária Federal.

Ingressou no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em 1955 e foi eleito deputado federal por Minas Gerais em 1958. Nomeado embaixador do Brasil na ONU em 22 de agosto de 1961, não assumiu o cargo em virtude da renúncia de Jânio Quadros à Presidência da República, três dias depois.

A renúncia de Jânio provocou uma crise política gerada pelo veto dos militares à posse do vice, João Goulart, visto como político ligado ao comunismo. Mas uma manobra que mudou o regime político para parlamentarista (em que o presidente não governa, mas sim o primeiro-ministro) permitiu a Goulart assumir a Presidência, com Tancredo Neves como primeiro-ministro. San Tiago Dantas foi escolhido para a pasta das Relações Exteriores.

Seguidor da política externa independente, Dantas reatou relações com a União Soviética. Em 1962, ele discordou formalmente dos Estados Unidos, que pretendiam expulsar Cuba da Organização dos Estados Americanos. Em março do mesmo ano, chefiou a delegação brasileira em Genebra, onde o Brasil se definiu como "potência não-alinhada".

Deixou o Ministério em junho. Tancredo Neves renunciou. Para substituí-lo, Goulart encaminhou ao Congresso o nome de San Tiago Dantas. As forças conservadoras vetaram sua indicação e, em outubro de 1962, foi reeleito deputado federal.

Em janeiro de 1963, um consulta popular determinou o retorno ao regime presidencialista. Dantas assumiu a pasta da Fazenda. Em março, viajou para os Estados Unidos para discutir a ajuda norte-americana ao Brasil e a renegociação da dívida externa.

Quando Dantas reassumiu seu mandato no Congresso, a pedido de Goulart, começou a articular forças para evitar a derrubada do governo. Em janeiro de 1964, concluiu a elaboração de um programa mínimo que incluiria do Partido Social Democrata ao Partido Comunista. Mas a Frente de Mobilização Popular (FMP), liderada por Leonel Brizola, foi contra e acusava o cunhado Goulart de conciliar com grupos contrários às reformas de base - só passou apoiar a frente única quando o golpe era iminente.

O golpistas, porém, venceram, levando o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco ao poder, em abril daquele ano. Dantas, casado com Edméia Carvalho Brandão, morreu meses depois.