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Slobodan Milosevic Ex-ditador iugoslavo

20/8/1941, Pozarevac, Sérvia

11/03/2006, Haia, Holanda

Da EFE

13/03/2006 20h36

   O ex-presidente da antiga Iugoslávia Slobodan Milosevic morreu no dia 11 de março de 2006, na unidade de detenção do Tribunal Penal Internacional (TPI) para a ex-Iugoslávia, em Haia (Holanda), onde era julgado pelas acusações de crimes de guerra.

Milosevic era julgado por crimes contra a humanidade cometidos em Kosovo em 1999 e na Croácia entre 1991-1992, além de genocídio nos crimes de guerra ocorridos na Bósnia entre 1992 e 1995.

Nascido em Pozarevac, república sérvia de Montenegro (antiga Iugoslávia) em 20 de agosto de 1941, era filho de um sacerdote da igreja ortodoxa que se suicidou, assim como sua mãe.

Estudou Direito na Faculdade de Belgrado e, de 1969 a 1982, foi alto funcionário do Partido Comunista.

Em outubro de 1987, chegou pela primeira vez à Presidência da Sérvia, a maior das seis repúblicas que formavam a federação iugoslava.

Milosevic era fortemente contrário à independência de Kosovo, região dependente da Sérvia com maioria de população albanesa e que almeja se tornar uma república independente. Desde 1981, quando começaram os enfrentamentos e manifestações na região, Milosevic demitiu vários dirigentes albaneses no Kosovo.

Em abril de 1992, explodiu o conflito na então Iugoslávia e, em 20 de outubro de 1993, Milosevic dissolveu o Parlamento e convocou eleições para 19 de dezembro, as quais venceu.

No início de novembro de 1995 começaram em Dayton, nos EUA, as negociações para a paz na Bósnia, que terminaram no dia 21 do mesmo mês com o estabelecimento da Bósnia como um estado unificado dentro de suas fronteiras atuais, mas dividido em duas entidades: a federação croato-muçulmana e a denominada 'República Srpska' (ou República Sérvia da Bósnia).

Em 15 de julho de 1997, Milosevic foi nomeado presidente da Iugoslávia (Sérvia e Montenegro) para um mandato de quatro anos, pelas duas câmaras do Parlamento federal. Para assumir o cargo, renunciou à Presidência da Sérvia.

Depois de ser ameaçado com uma intervenção da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e se reunir com o mediador americano Richard Holbrooke, Milosevic assinou um acordo de pacificação no Kosovo em outubro de 1998.

Posteriormente, Milosevic rejeitou o envio de tropas aliadas ao Kosovo e, em 24 de março de 1999, a Otan lançou vários ataques contra o Exército iugoslavo e os radares e centros de comunicações sérvios dentro e fora dessa província.

Depois de 78 dias de combates, em 9 de junho, foi firmado um acordo de paz entre representantes do Exército iugoslavo e da Otan na base militar de Kumanovo, na Macedônia.

Em 27 de maio de 1999, foi acusado pelo Tribunal de Haia por crimes contra a humanidade no Kosovo e se tornou o primeiro chefe de Estado em atividade acusado por um tribunal internacional.

Milosevic e quatro de seus colaboradores foram acusados de "responsabilidade criminal direta" na deportação de 740 mil albano-kosovares e pelo assassinato de 340 pessoas.

Em 17 de fevereiro de 2000, foi reeleito presidente do Partido Socialista Sérvio (SPS). Em seu discurso, pediu a retirada das missões internacionais do Kosovo e pediu unidade aos iugoslavos.

Em 20 de setembro de 2000, foram realizadas eleições presidenciais e a comissão eleitoral anunciou que Vojislav Kostunica venceu o pleito, mas até 6 de outubro Milosevic não reconheceu sua derrota.

Em 31 de março de 2001, foi feita uma operação de "assalto" contra sua residência no dia em que terminava o prazo dado pelos EUA à Iugoslávia para serem estabelecidas as reformas democráticas e a detenção de Milosevic, em troca de ajuda econômica ao país.

Na madrugada de 1º de abril, o ex-presidente foi detido e conduzido ao Tribunal Central de Belgrado e interrogado pelo juiz de instrução, que o condenou a 30 dias de prisão preventiva.

Acusado de abuso de poder, má administração de fundos e resistência à autoridade, o próprio Milosevic, como advogado, redigiu o texto de réplica à acusações em 2 de abril.

No dia seguinte, o Tribunal de Belgrado rejeitou o recurso em que, segundo o negociador, Cedomir Jovanovic propunha que Milosevic aceitasse a prisão depois de receber garantias de que não seria levado ao Tribunal Internacional de Haia.

Em 11 de abril, ingressou no Hospital Militar de Belgrado devido a problemas cardíacos agudos e hipertensão.

Em 29 de junho de 2001, foi transferido à prisão de Schveningen, nos arredores de Haia, contra a vontade do presidente iugoslavo, V. Kostunica.

Em 2 de julho, compareceu pela primeira vez perante o Tribunal de Haia, sem advogados, e se negou a ouvir as acusações pelas quais foi submetido a julgamento, qualificando o tribunal como "ilegal".

Em novembro, a promotora-chefe, Carla del Ponte, conseguiu que o Tribunal de Haia aceitasse uma nova acusação contra Milosevic, de genocídio por supostos crimes de guerra acontecidos na Bósnia entre 1992 e 1995.

O ex-presidente iugoslavo tinha problemas de saúde, sofria de hipertensão, problemas cardíacos e esgotamento, que se acentuaram com o fato de assumir sua própria defesa e recusar a representação de um advogado.

O ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic pediu em 22 de fevereiro deste ano aos juízes do Tribunal de Haia que o deixassem ir a Moscou para tratamento médico, mas o tribunal rejeitou o pedido dois dias depois, apesar das garantias russas de que o acusado retornaria.