Ticiano Pintor italiano
Entre 1488 e 1490, Pieve di Cadore (Itália)
27 de agosto de 1576, Veneza (Itália)
Aos nove anos de idade, Ticiano (ou Tiziano) Vecellio foi enviado para Veneza a fim de estudar pintura. Por volta de 1518, já dono de um estilo próprio, tornou-se conhecido não apenas em Veneza, mas também nas cortes vizinhas e no estrangeiro. Convidado a fixar-se em Roma, preferiu permanecer em Veneza.
Em 1545, o papa Paulo 3º posou para Ticiano, em Roma, voltando a insistir em que se instalasse nessa cidade; mas Ticiano, apesar de entusiasmado com a obra de Michelangelo e de Rafael, voltou a Veneza.
Em 1547 passou algum tempo na corte de Carlos 5º, em Augsburg. Em 1550 colocou-se a serviço de Filipe 2º, rei da Espanha, para quem executou grande número de trabalhos.
Com menos de 20 anos, quando trabalhava ainda com o pintor Giorgione, colaborou na decoração do Fondaco dei Tedeschi, entreposto comercial alemão às margens do canal Grande, em Veneza. A "Judite" ali pintada por Ticiano logo chama a atenção. A partir de então, o pintor trabalharia sozinho até o fim da vida, cercado de glória, em pleno século de ouro do cinquecento italiano.
Colorido e sensualidade
De início, ele escandaliza por sua predileção em pintar cenas bíblicas com nus ou em paisagens reconhecidamente venezianas. Passa então a fixar cenas da mitologia grega, livrando-se, assim, dos críticos puristas.
As mulheres louras por ele pintadas nesse período dão origem a um novo adjetivo: tizianesco: são mulheres de grande sensualidade, de cabelos ligeiramente avermelhados. Ticiano inspira-se nas mulheres que lavavam os cabelos no canal Grande e depois ficavam ao sol, para secá-los.
Também dessa fase são os admiráveis retratos, onde combina seu rico colorido com grande finura psicológica. Soberanos, príncipes e senhores feudais disputam a honra de serem retratados pelo artista. Na maturidade, Ticiano retornaria aos temas bíblicos. No último período, suas telas possuem forte dramaticidade.
Junto com seus amigos, o escritor Pietro Aretino e o escultor e arquiteto Jacopo Sansovino, Ticiano forma o triunvirato sagrado da Veneza de seu tempo. Ele reúne em sua pintura as melhores qualidades da escola veneziana: suntuosidade do colorido, jogo de luzes e grandiosidade técnica da decoração. Desde o começo, predomina em sua paleta o vermelho.
Um de seus quadros mais fascinantes é Homem da luva: um homem ocupa, com ar de grande dignidade, quase toda a dimensão da tela, tendo a mão esquerda enluvada e segurando a outra luva na mão direita. O fundo marrom, neutro, aumenta o impacto da obra.
Religiosidade
Nos quadros religiosos, grandiosidade e solenidade das cenas seguem num crescendo, à medida que o pintor amadurece. Se Homem da luva ainda possui traços de romantismo, Descida ao túmulo é puramente Ticiano: a composição elíptica mostra as figuras curvadas em direção ao Cristo, no centro. Um jogo de luzes violento faz contrapartida a uma parte sombreada, onde se vê o busto do Deus mártir. Esse estilo, de acentuada religiosidade, seria substituído, anos depois, por uma maior serenidade, como na pintura Apresentação da Virgem Maria no templo.
Os retratos pintados por Ticiano são exemplos de acuidade psicológica, desenho seguro e riqueza de colorido. Retrato do papa Paulo 3º com seus sobrinhos é um terrível documento psicológico, verdadeiro precursor dos retratos da família real espanhola pintados por Goya.
Coberto de honrarias, solicitado pelos mais poderosos dirigentes de sua época, Ticiano não esmorece, a despeito da idade. Seu Danae trata a figura feminina com sensualidade e colorido, demonstrando o mesmo espírito ardente da mocidade.
Poucos anos antes de morrer, Ticiano fez um Auto-retrato, obra surpreendentemente rembrandtiana, com uso do claro-escuro. Ticiano faleceu durante a peste que assolou Veneza, deixando uma obra de vitalidade inexcedível.