Tobias Barreto Filósofo brasileiro
7 de junho de 1839, Vila de Campos (atual Tobias Barreto), Sergipe (Brasil)
26 de junho de 1889, Recife, Pernambuco (Brasil)
Tobias Barreto de Menezes estudou as primeiras letras na cidade natal, partindo para Estância, em 1850, onde estudou música e latim. Na Bahia, em 1861, quase ingressou na carreira eclesiástica, chegando ao Recife em 1862.
Declamador, polemista, repentista, troca desafios poéticos com Castro Alves em torno de duas atrizes de teatro, e faz da guerra do Paraguai o motivo central de sua poesia.
Forma-se em direito em 1869. Mora em Escada de 1871 a 1881, onde edita um jornal em língua alemã, faz advocacia e política, elegendo-se deputado provincial. De volta para o Recife, ingressa no magistério superior, na Faculdade de Direito, com um concurso de grande repercussão.
A partir dessa época, procura renovar o ensino jurídico, vindo, porém, a falecer na pobreza, às vésperas da proclamação da República, pela qual nunca se interessou e de que não foi propagandista.
Escrevendo sempre para a imprensa, mantendo inclusive jornais efêmeros de sua propriedade, Tobias Barreto não chegou a elaborar obra sistemática. Com raríssimas exceções, os seus livros são coletâneas de artigos de jornal.
O governo do Estado de Sergipe editou-lhe as Obras completas, em dez volumes, entre 1925 e 1926.
Pensamento e influências
Eclético e espiritualista de 1861 a 1868, como comprovam alguns ensaios seus desse último ano, rompe Tobias Barreto com essas doutrinas no ano seguinte, sob a influência do positivismo de Comte e Littré. Mas não se demora no positivismo comtista, deixando-se empolgar pelas teorias de Darwin e Haeckel.
Monista, evolucionista, de certa forma agnóstico, não chega contudo a perder a fé em Deus, embora negue à teologia e à teodiceia a categoria de ciências, o que lhe valeu sérias polêmicas com padres e outros representantes do pensamento católico. Tobias Barreto prega uma nova metafísica, baseada na experiência e na necessidade da religião para o homem.
Abandona, depois, o monismo naturalista de Haeckel, fixando-se no que chamava de monismo filosófico, ou finalístico, de Ludwig Noiré. Com isso, sustenta o culturalismo na sociedade e no direito, procurando conciliar o determinismo das ciências naturais com a liberdade humana.
Nessa fase, Rudolf von Ihering passa a ser o seu autor predileto, ao lado de Kant, cuja atualidade Tobias Barreto defende e cuja doutrina lhe parece representar uma possível renovação filosófica.
Na verdade, Tobias Barreto nunca conseguiu elaborar uma doutrina sistemática e coerente. Confessava-se "materialista, no bom sentido da palavra"; não sendo "espiritualista no sentido vulgar da palavra". Por fim, definia-se enfaticamente: "Sou relativista".
Entretanto, não há como negar a imensa e profunda influência do pensamento de Tobias Barreto em muitos espíritos brilhantes do seu tempo. Foram numerosos e, a despeito das divergências, não esconderam a origem comum e o núcleo fundamental da mesma inspiração. Entre eles, podemos citar Sílvio Romero, Graça Aranha e Clóvis Beviláqua.
Enciclopédia Mirador Internacional