Fortalecer a governança da educação
Luiz Edmundo Rosa, vice-presidente de Desenvolvimento Humano e Parcerias Educacionais da Ânima Educação, diretor de Educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Nacional) e presidente do Grupo de Recursos Humanos do World Trade Center (WTC) de Belo Horizonte, acumula ampla experiência em educação e em gestão empresarial.
Em entrevista, ele falou das questões da educação frente às necessidades do mercado de trabalho e apontou um caminho para os novos tempos. Como a conversa foi longa e este espaço é limitado, volto ao tema, iniciado na coluna da semana passada.
Crescimento X profissionais qualificados
Para Rosa, sem escolaridade mínima, uma pessoa não aprende os requisitos do trabalho de hoje, muito menos os de amanhã. “O que mais chama a atenção é para onde o Brasil está indo e que impacto isso terá nos próximos anos. Acompanhei, em janeiro, o serviço de recolocação de uma Central Sindical. Nas centenas de vagas oferecidas, a demanda por qualificação predominava: 65% exigiam ensino médio completo, 23% pediam curso universitário e 12% destinavam-se a quem tinha apenas o ensino fundamental.”
“Ocorre que o número de jovens que concluem o ensino médio e a universidade não cresce a ponto de acompanhar o ritmo da economia. O número de universitários se eleva em torno de 1% ao ano e as empresas que mais precisam da qualificação crescem em média o dobro do PIB”, complementa ele.
Além dessa diferença quantitativa, Rosa destaca a necessidade sempre crescente por melhor qualificação, para o que a qualidade do ensino é fundamental. “Enquanto outros países assumem a liderança da educação, somos o 56º. em competitividade, o 73º. no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o 84º. em desenvolvimento educacional, sendo que na América Latina estamos em 15º. lugar. No Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb), alcançamos a média 3,6, uma das mais baixas do mundo no ensino médio, em escala de 0 a 10. No Programa Internacional de Avaliação de Estudante (Pisa) de 2009, ficamos em 57º lugar entre 65 países, no que se refere a matemática e ciências. É bom lembrar que o Pisa não mede conhecimento, mas capacidade de pensar.”
Rosa ainda diz que “com esses índices nos distanciamos do objetivo de ser um país competitivo, capaz de criar patentes e produtos de alto valor agregado, na mesma escala que outros desenvolvidos. Assim, dependemos cada vez mais das commodities para fechar as nossas contas internacionais”.
Educação é assunto estratégico
Rosa considera a Educação assunto estratégico e defende a participação dos principais agentes de desenvolvimento econômico e social nas definições do setor. Diz ele: “Estamos em plena sociedade do conhecimento, da informação, da participação dos stakeholders no destino das instituições. No Brasil, apenas o Ministério da Educação define os rumos da mais importante estratégia de transformação dos países. Assim como nas grandes organizações, a Educação poderia contar com um comitê estratégico, de administração, mais um comitê executivo, para programar e acompanhar decisões”.
“Dessa maneira, propõe ele, as empresas poderiam ter assento em ambos os comitês, contribuindo e influenciando decisões. As instituições de ensino, que vivem as dificuldades de lidar com a realidade dos nossos estudantes, professores e instalações, fariam o mesmo. Poderiam ser representadas pelas suas confederações. Além disso, grandes cabeças do Brasil poderiam ser convidadas a participar”.
“Quanto ao Governo, a participação se estenderia aos demais ministérios, aos quais a qualidade de educação contribui, tanto para o desenvolvimento do país, quanto para a redução de custos de programas governamentais que são onerados pela falta de qualidade. Entre outros, o Ministério de Desenvolvimento, o da Saúde, o do Trabalho e o de Ciências e Tecnologia teriam muito a acrescentar”, finaliza Rosa.
Eis aí uma proposta, um convite ao diálogo entre os muitos protagonistas do crescimento do país.
* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.
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