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Recados de Carnaval

Lucila Cano

25/02/2011 07h00

Natal e Carnaval talvez sejam as festas que mais aticem a criatividade das pessoas, por causa de fortes simbolismos associados a elas. Há anos, a indústria da reciclagem vem suprindo as necessidades de materiais para os arranjos natalinos. O mesmo ocorre com o Carnaval.

Isso é muito bom para todos os envolvidos nessa nova e próspera cadeia produtiva. Significa mais oportunidades de trabalho para quem vive da reciclagem; o aperfeiçoamento de técnicas para quem lida com materiais inusitados; um mundo de diferentes aplicações para os profissionais da criatividade.

Na Bahia, o Camarote do Expresso 2222 receberá convidados em ambiente construído com placas e telhas produzidas a partir da reciclagem de embalagens longa-vida da Tetra Pak. A assessoria de imprensa da empresa informa que, este ano, o espaço do camarote também abrigará uma estação de reciclagem. O objetivo é aproveitar a ocasião para conquistar mais adeptos para a coleta seletiva e consequente reciclagem de materiais.

No Rio de Janeiro, estudantes da Universidade Veiga de Almeida participaram de um concurso da empresa Nova Rio para a criação de fantasias com materiais reciclados. Os trajes ilustram anúncios que serão veiculados durante os dias de folia, como mostra o blog Meu Mundo Sustentável (http://meumundosustentavel.com).

Por esses dois exemplos já dá para sentir como o Carnaval pode se tornar um bom momento para a divulgação de práticas de cidadania e preservação ambiental.

Recados sobre as crianças

Além dos cuidados ambientais, crianças e jovens estão no foco das atenções em relação ao Carnaval. A ONG Criança Segura (www.criancasegura.org.br) faz algumas recomendações especiais para os dias de folia.

Se a opção for o Carnaval de rua, adultos devem evitar que a criança circule sozinha em locais abertos ao tráfego de veículos (atropelamento é a principal causa de morte de crianças até 14 anos). Se a praia ou a piscina estiverem no programa do Carnaval, a atenção aos pequenos deve ser redobrada (afogamentos representam a segunda maior causa de morte por acidente de crianças até 14 anos). Na água, a ONG sugere o uso de colete salva-vidas para as crianças.

Em matéria de fantasias infantis, o principal alerta é para que se evitem itens que possam provocar sufocação, como cintos, cordões e faixas soltos para os menores de três anos. Lantejoulas que se desprendem facilmente das fantasias e confetes, quando ingeridos, também levam à sufocação. Para pintar o rosto e o corpo, a ONG indica o uso de produtos antialérgicos e atóxicos.

Recados para os jovens

O Instituto Kaplan foi fundado em 1991. Nasceu da necessidade, encontrada na população carente da cidade de São Paulo, de tratamento terapêutico das dificuldades sexuais e de educação em saúde e responsabilidade sexual.

No seu rol de serviços, o instituto oferece orientação sexual para jovens e capacitação para educadores e profissionais que lidam com educação sexual.

A camisinha ainda é o método mais eficaz na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e de uma gravidez indesejável, segundo o instituto. Em seu site, alerta sobre cuidados para os dias de Carnaval (www.kaplan.org.br).

Selecionei duas recomendações. Uma delas é: “Nunca delegue o cuidado com o seu corpo. O corpo só tem um dono, e este é você. Quando você delega, o outro pode não priorizar os seus interesses.”

Outra diz: “Não faça qualquer negócio sexual no Carnaval. A autoestima da mulher está condicionada à sua capacidade de despertar o interesse nos homens, principalmente, em festas como o Carnaval. Se achar que está invisível para os homens, mesmo assim, não faça nenhum acordo que possa lhe colocar em risco.”

Carnaval e bom senso parecem ser bem antagônicos, mas para quem já é crescidinho e sabe que depois desses dias a realidade é o que impera em nossas vidas, parar e pensar, antes de agir, pode significar um ganho de qualidade, no presente e no futuro.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.