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Notícias do meio ambiente

Lucila Cano

03/06/2011 07h00

O Censo de 2010 revelou que 84,35% da população brasileira vivem em área urbana. Talvez, por isso, poucos se envolvam com as causas ambientais.  É claro que todos simpatizam com a preservação da flora e da fauna, mas ambas parecem distantes das cidades.

A simpatia por árvores e pássaros de plumagem colorida passa ao largo de outros temas ambientais, como saneamento básico e qualidade da água para consumo, geração de energia, qualidade do ar e destinação do lixo.

Essas questões influem diretamente na saúde das pessoas e na qualidade de vida das cidades. É o caso da rede de esgotos, que serve a apenas 55,2% dos municípios, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008 do IBGE. Para um país que se arvora em ocupar o sétimo lugar entre as principais economias do mundo, a falta é grave.

Da pasta de recortes

A manchete da página A-9 do extinto A Gazeta Mercantil em 4 de outubro de 2001 dizia: “Ricos plantam florestas e pobres desmatam”. Na sequência, uma rápida explicação: “Relatório divulgado pela FAO (Food and Agriculture Organization) mostra que, de cada oito árvores derrubadas ou queimadas em todo o mundo, uma é brasileira”.

Da mesma matéria, assinada pela jornalista Regina Scharf: “Dono de 27% de toda a biomassa terrestre, o Brasil abate em média 2,3 milhões de hectares por ano”. E mais: “O fenômeno (do desmate) é especialmente agudo na África, seguida da América Latina. Já a Europa aumenta suas florestas a um ritmo de 880 mil hectares por ano”.

Em 5 de novembro de 2004, a manchete da página A-16 da Folha de S.Paulo (Folha Ciência) anunciava: “Ambiente segue a economia, indica IBGE” e dava as seguintes informações no primeiro parágrafo: “Os fatores econômicos têm peso tão grande nos avanços e retrocessos dos índices brasileiros de sustentabilidade quanto a legislação e a consciência ambientais. É o que indica a segunda edição dos ‘Indicadores de Desenvolvimento Sustentável’, lançada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)”.

Da mesma matéria, de autoria de Pedro Soares e Mariana Viveiros: “Evolução do desmatamento: 440.186 km2 em 1992 e 631.223 km2 ao final de 2002”, ou seja, aumento de 43,4% em uma década.

Da tela da televisão e do computador

A edição de 18 de maio de 2011 do Jornal Nacional informou: “Entre agosto de 2010 e abril deste ano, o desmatamento na Amazônia Legal cresceu 26% em relação ao mesmo período de 2009 e 2010. O salto maior foi em Mato Grosso, que teve aumento de 47% no desmate”.

Por sua vez, o site da ONG World Wild Fund (WWF) repercutiu a notícia que também foi manchete em outros meios no mesmo dia: “Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta quarta-feira (18/05), em Brasília, apontam para um crescimento de cerca de 540% no desmatamento no Mato Grosso no mês de abril, em comparação com março. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, demonstrou grande preocupação com o número. ‘Trata-se de um fato grave, atípico e contraditório. Em um mês, houve no Mato Grosso quase a quantidade total de desmatamentos ocorridos no ano passado’, comentou”.

Do mesmo site: “Ambientalistas concordam no sentido de apontar uma correlação direta entre o estrondoso aumento dos desmates nas regiões de fronteira do agronegócio mato-grossense e a perspectiva de aprovação do substitutivo que modifica o Código Florestal”.

O novo Código Florestal foi aprovado em primeira instância na Câmara Federal dos Deputados na terça-feira, 24 de maio. Um dos seus itens mais polêmicos é o que anistia quem desmatou terras para a agricultura até 2008.

Surpreendentemente, houve uma redução de 67% no desmate da Mata Atlântica na década, em relação à anterior, como divulgaram o Inpe e a ONG SOS Mata Atlântica em 26 de maio. No entanto, é sempre bom lembrar que a Mata Atlântica continua sendo a quinta área mais ameaçada do planeta e que dos 15% que ocupava do território brasileiro restam pouco mais que 7%.

Em tempo: Comemoramos mais um Dia Mundial do Meio Ambiente em 5 de junho.

*Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.