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Investimento na natureza

Lucila Cano

21/09/2012 06h00

A comemoração do Dia da Árvore em 21 de setembro coincide com um dos períodos de maior seca no país, agravada, e muito, pelas queimadas.

Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), entre 1º de janeiro e 10 de agosto de 2011 ocorreram 23,6 mil queimadas. No mesmo período deste ano, o instituto somou praticamente o dobro: 40,2 mil focos de incêndio.

Do lado da conservação, o Dia da Árvore é marco dos esforços de empreendedores ambientais e instituições que investem conhecimento e apoio financeiro no patrimônio da natureza, como a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza que completa 22 anos.

Quase 12 milhões de dólares

Uma das pioneiras na conservação da natureza no Brasil, a fundação foi criada em 1990 por Miguel Gellert Krigsner, fundador do Boticário, com o objetivo de proteger áreas naturais, apoiar projetos de outras instituições e disseminar conhecimento.

À época, Krigsner queria plantar uma árvore para cada cosmético vendido. Foi dissuadido pelo professor e engenheiro florestal Miguel Serediuk Milano, que o convenceu a criar uma fundação. Milano foi convidado a trabalhar no Boticário e, desde então, a instituição já doou US$ 11,8 milhões a 1.324 projetos em todos os biomas do país.

A história da parceria de ambos e de alguns dos projetos da fundação foi narrada pelo jornalista Marcos Sá Corrêa no livro “Sinais da Vida”. A obra, com fotos de Haroldo Palo Jr., foi publicada em 2005, quando a fundação completou 15 anos.

Além de financiar projetos de conservação no país, a Fundação Grupo Boticário mantém duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural – Salto Morato, no Paraná, e Serra do Tombador, em Goiás, nesses que são os mais ameaçados biomas brasileiros, a Mata Atlântica e o Cerrado.

As duas reservas somam 11 mil hectares de áreas protegidas (2.253 de Mata Atlântica e 8.700 de Cerrado). Desde 1996, a Reserva Natural de Salto Morato já recebeu 95 mil visitantes e tornou-se objeto de 80 pesquisas.

Outros números significativos no balanço de 22 anos são: sete edições do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (a mais recente em Natal (RN) entre 23 e 27 de setembro); apoio financeiro a 456 entidades; 414 unidades de conservação; proteção de 167 espécies ameaçadas de extinção; descoberta de 42 novas espécies de plantas e animais; cinco espécies com o “sobrenome” Boticário, em homenagem dos pesquisadores que as descobriram. Há ainda duas Estações Natureza em operação, em Corumbá (MS) e em São Paulo; e 34 restaurantes participantes do projeto Gastronomia Responsável.

Parcerias

Em 2012 foi lançado o Edital de Apoio a Projetos Fundação Araucária e Fundação Grupo Boticário para apoiar instituições paranaenses que contribuam para a conservação no Estado, com prioridade para a Floresta com Araucárias e para a região litorânea do Lagamar.

Desde 2006 o Projeto Oásis estimula a conservação de áreas de vegetação nativa e sua biodiversidade, a produção de água, a adoção de boas práticas de conservação e uso do solo, e o incremento de renda aos proprietários de terra em diferentes regiões do país.

O projeto adota o pagamento por serviços ambientais. Atualmente, contrata 216 proprietários em São Paulo (SP), Apucarana (PR) e São Bento do Sul (SC), responsáveis por 2.088 hectares de área natural e 714 nascentes. Em fase de implantação, o Oásis se estende a Brumadinho (MG) e São José dos Campos (SP). Outras parcerias ocorrem com a Fundação Mata Atlântica Cearense, para o Maciço de Baturité, e com a Companhia de Saneamento de Tocantins para a capital, Palmas.

A Fundação Grupo Boticário repassa gratuitamente a metodologia do Projeto Oásis e o sistema de gerenciamento para prefeituras, comitês de bacias hidrográficas, consórcios, empresas, ONGs e outras entidades parceiras. A fundação entra com a técnica, enquanto os executores devem buscar fontes financiadoras e cuidar do pagamento das premiações financeiras aos proprietários de terras.

Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.