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À saúde das árvores urbanas

Lucila Cano

26/10/2012 06h00

De olho na preservação das florestas, muitas vezes nos esquecemos do quanto é importante cuidar da saúde das árvores das cidades para garantir a nossa própria saúde.

O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) criou um software para a Prefeitura de São Paulo, que auxilia no planejamento e gestão da arborização urbana, permitindo, inclusive, o manejo preventivo das árvores.

Denominado Sisgau (Sistema de Gerenciamento de Árvores Urbanas), o software desenvolvido entre novembro de 2003 e abril de 2005 foi recentemente premiado pela SBAU (Sociedade Brasileira de Arborização Urbana).

O Prêmio Arborito, na categoria Pesquisa, Extensão e Tecnologia, foi recebido por Sérgio Brazolin, responsável pelo Laboratório de Preservação de Madeiras e Biodeterioração de Materiais do IPT, no XVI Congresso Brasileiro de Arborização Urbana, realizado pela SBAU no início de setembro em Uberlândia (MG).

Qualidade de vida

“As árvores urbanas são consideradas um dos componentes principais da infraestrutura das cidades, contribuindo de forma significativa para a qualidade de vida de cerca de 80% da população. Entre os seus benefícios estão pontos como a redução das ilhas de calor, diminuição da incidência direta de raios provocando a redução do uso da refrigeração artificial, retenção da água das chuvas diminuindo a ocorrência de enchentes. Os benefícios das árvores urbanas podem ser medidos em índices econômicos tangíveis. Estudos realizados nos EUA apontam um retorno de até 100% nos investimentos feitos em árvores urbanas. A cadeia de negócios gerados a partir dos investimentos também merece destaque no ciclo econômico, empregando milhares de profissionais nas diferentes etapas do processo”, diz o texto de apresentação do programa do congresso.

Segundo Raquel Amaral, engenheira agrônoma, mestre em Recursos Florestais pela ESALQ/USP e pesquisadora do C-Floresta – IPT há 16 anos, o Sisgau permite o cadastramento de todas as árvores (localização, espécie arbórea, ocorrência de fungos, cupins e brocas, existência de fiação aérea e tipos de poda, entre outros dados). O sistema emite relatórios gerenciais, com informações como número de árvores atacadas por cupins por região, árvores que deveriam ser podadas, árvores com parasitas etc. Outros benefícios são o monitoramento de cada árvore e as respectivas recomendações para o manejo. “Além disso, todos os dados são mantidos como histórico de cada árvore de maneira precisa e confiável”, relata a pesquisadora.

Solução inovadora

Com mais de 100 anos de existência, o IPT é um dos maiores institutos de pesquisas do Brasil. Atento à falta de critérios para diagnosticar corretamente a condição biológica de uma árvore e o seu risco de queda, o instituto desenvolve pesquisas e presta serviços tecnológicos para municípios e outros clientes, com quatro abordagens: diagnóstico e análise de risco de queda de árvores urbanas; transferência de conhecimento por meio de cursos teóricos e práticos para avaliação de árvores; desenvolvimento de software para gestão de árvores; consultoria sobre arborização urbana.

O Sisgau, por exemplo, resultou de atuação multidisciplinar entre o Centro de Tecnologia de Recursos Florestais e o Centro de Tecnologia da Informação, Automação e Mobilidade do IPT. Dela participaram biólogos, engenheiros agrônomos e civis e analistas de sistema, entre outros profissionais.

Para facilitar a coleta dos dados em campo, Raquel cita a criação do Simgau (Sistema Móvel de Gerenciamento de Árvores Urbanas) para uso em um Pocket PC ou Smartphone, “o que proporciona ao usuário maior precisão e segurança das informações”. Os dados coletados nesse inventário são registrados e armazenados no Sisgau via WebService, para posterior manipulação.
Esses sistemas exemplificam o pioneirismo do IPT no desenvolvimento de soluções inovadoras e a qualidade do trabalho dos seus técnicos e pesquisadores, também a serviço da saúde das árvores urbanas.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.