Topo

Comunhão de ideais e resultados

Lucila Cano

02/11/2012 06h00

À parte publicações especializadas, poucos se dedicaram ao tema neste Ano Internacional das Cooperativas prestes a terminar. A ONU, ela própria plena de características cooperativas, instituiu o marco comemorativo para despertar a reflexão e a participação dos cidadãos do mundo em prol dessa causa eminentemente social.

Com os avanços da indústria da reciclagem no país, ao ouvir falar em cooperativismo, o que primeiro nos vem à mente são os grupos de catadores de materiais recicláveis. Formados em cooperativas, na maioria das vezes receberam o apoio e a capacitação das diversas associações do setor de reciclagem e de fabricantes, quer sejam de embalagens, quer sejam de produtos.

No entanto, o cooperativismo segue além e chega a ser bastante sofisticado, a depender dos propósitos do grupo que comunga as mesmas ideias e valores.

No mundo, perto de um bilhão de pessoas adota o cooperativismo como modelo de negócios. No Brasil, o número de cooperativas supera 6.600 empreendimentos, reúne entre nove e dez milhões de cooperados e gera cerca de 300 mil empregos diretos.

O que é que o cooperativismo tem

Solidariedade e igualdade são valores que movem o cooperativismo e desafiam os seus adeptos. As pessoas abrem mão de objetivos e práticas individualistas para, em grupo, empreender um negócio compartilhado, no qual todos são sócios em tudo: deveres, responsabilidades, distribuição de renda.

Segundo o Mundo Coop (www.mundocoop.com.br), “pode-se dizer que o cooperativismo, além de um movimento econômico, é uma filosofia de vida”. Para tanto, o portal lista sete princípios que orientam o funcionamento dos empreendimentos cooperativos: adesão livre e voluntária; gestão democrática; participação econômica dos sócios; autonomia e independência; educação, formação e informação; cooperação entre cooperativas; preocupação com a comunidade.

Para o cooperativismo, todos são iguais e o mote “a união faz a força” define o quanto esse modelo é atraente para muitos. Mas, o que pode parecer uma saída para a concretização de um sonho ou para a superação de um desafio, exige mudança de atitudes e força de vontade.

Em contrapartida, os benefícios são muitos para aqueles dispostos a se organizar, aprender técnicas de gestão, reconhecer erros e compartilhar acertos e, principalmente, ter o respeito como guia das suas relações em grupo.

Inclusão social

Uma dessas vantagens é a abertura de novas perspectivas de trabalho e de realização pessoal e profissional para pessoas muitas vezes marginalizadas pela sociedade. As cooperativas dos catadores de recicláveis desempenham louvável papel de reintegração social de indivíduos produtivos e capazes, igualmente dignos do título de cidadãos.

Jovens conectados aos avanços tecnológicos e ávidos por deixarem a sua marca no desenvolvimento de sistemas, na criação de equipamentos e de soluções para um sem número de aplicações se associam em cooperativas. Eles se debruçam sobre projetos de sustentabilidade e, em conjunto, agilizam o futuro.

Artesãos resgatam as heranças culturais de suas comunidades e, em cooperativas, mais do que difundir esses patrimônios, garantem empregos e renda Brasil afora. E esses são apenas alguns exemplos.

Em artigo para a revista Ideal Comunitário, do Instituto Camargo Corrêa (setembro de 2012), Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), assinala: “Para que o cooperativismo brasileiro continue crescendo, é necessário criar um ambiente favorável. Nesse contexto, devemos investir prioritariamente na educação e formação profissional. Assim, nos tornaremos ainda mais competitivos. Da mesma forma, temos de disseminar à sociedade os benefícios da prática cooperativista e suas particularidades. Isso, com certeza, refletirá positivamente na definição de marcos regulatórios para o movimento”.

Aos interessados, deixo ainda a indicação do site Geração Cooperação (www.geracaocooperacao.com.br).