De volta à origem

O brasileiro está cada vez mais consciente do valor da sua contribuição para a preservação ambiental. Que o digam as latas de alumínio. Segundo informativo da Abal, a Associação Brasileira do Alumínio, e da Abralatas, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade, o país mantém a liderança mundial da reciclagem de latas de alumínio desde 2001.

Aqui entre nós o índice de reciclagem de latas de alumínio para bebidas atingiu 98,3% em 2011. Foram recicladas 18,4 bilhões de latas. O feito se deve à coleta das latas que acrescentou R$ 645 milhões na economia nacional e mais. A reciclagem consome apenas 5% de energia elétrica quando comparada com o processo de produção primário. Assim, a reciclagem de 2011 permitiu uma economia de 3.780 GW.h, o que equivale ao consumo de 6,5 milhões de pessoas em dois milhões de residências durante um ano.
O granulado resultante da reciclagem das garrafas PET é destinado na maior parte para a indústria têxtil no Brasil e no exterior. Entrou na rota de exportações para países como a China, também para uso na indústria têxtil.

Os retalhos de pneus usados vinham sendo aproveitados para cercar jardins, servir de floreiras e ganhar sobrevida na forma de bolsas e sandálias. Depois, criou-se uma mistura de pneus usados triturados com uma massa de brita e já está em uso um tipo de recapeamento de vias públicas resultante dessa receita. Os especialistas dizem que esse “asfalto” é de qualidade.

Vocabulário novo e importante

Nossa familiaridade com a preservação ambiental se estende à descoberta de um novo vocabulário. A logística reversa ganhou notoriedade com a lei que regulamenta a destinação dos resíduos sólidos e está cada vez mais presente na comunicação. O que é isso?

Bem, nossos pais já praticavam a logística reversa – e o hábito está voltando à moda – sempre que, no mercado, no bar ou na mercearia, trocavam garrafas vazias de cerveja e de refrigerante por outras cheias.

É claro que essa é uma explicação muito simplista, mas ponto de partida para falar da logística reversa nos dias atuais. Ela implica a responsabilidade de quem fabrica com a destinação final de um produto, de materiais ou de embalagens pós-uso. Não se restringe ao fabricante, pois, para o seu êxito, depende da participação de todos os envolvidos no ciclo de produção, consumo, coleta, reciclagem e reaproveitamento. De um lado, reduz gastos e o esgotamento ambiental com energia, água e matérias-primas, além de gerar novos postos de trabalho. De outro, demanda investimentos e muita estratégia para o gerenciamento de todas as suas fases.

Logística reversa no campo

Trocar vasilhame vazio de refrigerante por um cheio não provoca surpresas. Mas, o que fazer com produtos e com embalagens de produtos tóxicos que oferecem risco ambiental ao serem descartados de qualquer maneira?

Esse é o desafio do Inpev (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias), uma entidade sem fins lucrativos que cuida da destinação final de embalagens vazias de agrotóxicos. Criado no final de 2001, o instituto representa a indústria fabricante de defensivos agrícolas, mas também reúne entidades do setor.

Em 2004, o instituto fechou parceria com oito empresas recicladoras e as embalagens vazias, antes uma ameaça para as pessoas e o meio ambiente, começaram a se transformar em barricas de papelão, tubos para esgoto, recipientes para óleo lubrificante, conduíte corrugado, caixa de bateria automotiva e barrica plástica para incineração, entre outros itens.

Entre janeiro e setembro deste ano, o Sistema Campo Limpo de logística reversa de embalagens vazias de agrotóxicos, formado por agricultores, pelo Inpev, por canais de distribuição e com o apoio do poder público, já deu destino correto a 28.652 toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas.

Desde 2002, quando começou a operar, o Inpev já retirou do meio ambiente 234.485 toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.