Topo

Uma coisa puxa outra

Lucila Cano

30/11/2012 06h00

Aproveito a proximidade do final do ano para resgatar alguns projetos pelos quais nutro admiração e que sugiro como modelos inspiradores para que tantos outros projetos se multipliquem em 2013.

A proposta é reforçar a importância de ações que, independentemente do seu tamanho ou abrangência, fazem muita diferença. E mais, podem ser copiadas e implantadas em qualquer ponto do país, sem contraindicações.

Alimentos na rede

Sob a denominação de engajamento, doação e até “vaquinha” social, importamos dos Estados Unidos e adaptamos ao estilo brasileiro o sistema de crowdfunding. Resultado da criatividade de empreendedores (jovens, na maioria) que usam os recursos da internet para abrir suas empresas e gerar novos negócios, o “juntar dinheiro por uma causa” prospera entre nós.

Quem tem um projeto social, educacional, cultural, esportivo, de preservação ambiental e por aí afora, apresenta um plano para uma empresa de crowdfunding e especifica quanto precisa para realizá-lo. O projeto selecionado tem direito a uma exposição (no geral, via Youtube) e permanece no site dessa empresa durante tempo determinado.

Quem quer colaborar com o projeto acessa o site, faz sua contribuição e, com variações de site para site, recebe agradecimentos e brindes. Caso o valor almejado não seja obtido no prazo estipulado, as contribuições são devolvidas aos doadores.

Em resumo, essa é a sistemática. Nos sites de busca, basta escrever a palavra crowdfunding para acessar inúmeras opções de projetos no aguardo de doações.

Com o tradicional apoio da Ticket, empresa pioneira do setor de refeição-convênio por meio do Ticket Restaurante, a ONG Banco de Alimentos levou a campanha “Comida para Todos” para o site Benfeitoria (www.benfeitoria.com). O objetivo é obter R$ 30 mil até 17 de dezembro para ampliar o projeto de arrecadação e distribuição de alimentos para asilos, creches, albergues, associações de adolescentes, casas de apoio e hospitais.

Atualmente, a ONG atende 22.500 pessoas e evita o desperdício mensal de cerca de 40 toneladas de alimentos. Os valores solicitados para doação vão de R$ 10 a R$ 500.

Alimentos na praça

A coleta solidária, cujas primeiras notícias vieram de Caxias do Sul (RS), segue frutificando em vários municípios. De fato, a sua realização é simples e só depende da boa vontade e do entendimento dos seus participantes e principais beneficiários.

A prefeitura faz um acordo com agricultores familiares da região e compra a produção de frutas e verduras por um preço justo. Os moradores do município são convidados a coletar materiais recicláveis para trocá-los por alimentos em um sistema sem intermediários, direto do produtor para o consumidor.

Em princípio, a troca dos materiais por alimentos ocorre nas principais praças dos bairros adeptos do programa.

Com a coleta solidária, a cidade ganha limpeza e melhor qualidade ambiental. Os recicláveis geram renda que pode ser aplicada na compra dos alimentos e beneficiar os pequenos agricultores. Os cidadãos têm acesso a uma alimentação mais saudável e o ciclo da sustentabilidade cria vínculos estáveis.

Energia para todos

O Ecoelce, programa da Coelce, a Companhia Energética do Ceará, tornou-se exemplo de ação sustentável para outros Estados brasileiros e foi reconhecido internacionalmente pela ONU.

Em 2008, o sistema de desconto na conta de energia elétrica em troca do recebimento de materiais recicláveis figurou entre os dez vencedores mundiais do World Business and Development Awards. A premiação foi concedida às empresas que mais contribuíram para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio instituídos pela ONU.

Projetos semelhantes já estão sendo adotados na Paraíba (em João Pessoa e em Campina Grande), no Maranhão, no Rio de Janeiro, na Bahia, em São Paulo, em Brasília, no Mato Grosso do Sul, em Goiás e, eu espero, em muitos outros lugares do país.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.