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Custo acidente de trânsito

Lucila Cano

04/01/2013 06h00

O brasileiro continua sendo vítima ano após ano de uma de suas maiores paixões: o carro. A situação se agrava justamente em dezembro e nos meses de férias, por causa das inúmeras festas e das saídas em massa pelas rodovias com destino a cidades de veraneio.

Em 2008, cerca de 40 mil pessoas morreram no trânsito. Em 2010, o número de vítimas fatais passou para quase 43 mil. Em 2011, segundo declaração do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o SUS registrou 155 mil internações decorrentes de acidentes de trânsito, as quais representaram despesas de mais de R$ 200 milhões para o governo.

Como alertou o ministro, esse valor poderia ser melhor utilizado na própria área da saúde, custeando a construção de 140 Unidades de Pronto Atendimento com funcionamento 24 horas para o atendimento de urgências e emergências.

No mínimo, o “custo acidente de trânsito” deve ser o dobro do indicado pelo SUS, pois ele se refere apenas às internações na rede pública hospitalar. Ficam de fora dessa conta outros custos bastante elevados: socorro imediato às vítimas através do Samu, atendimento em prontos-socorros e longos processos de reabilitação de pacientes.

A imprudência no trânsito ainda acarreta um custo incalculável, de ordem emocional para a vítima e seus familiares, ao ampliar o número de deficientes no país.

Lei um pouco mais seca

De acordo com a lei 12.760 que entrou em vigor poucos dias antes do Natal, o governo procura reduzir os altos índices de acidentes com medidas rigorosas e maior autonomia para os policiais lidarem com os infratores.

De R$ 957,70, a multa deu um salto para R$ 1.915,40. O motorista alcoolizado pode ficar sem dirigir por 12 meses, ter sua habilitação apreendida e correr o risco de pagar dobrado em caso de reincidência.

Para aqueles que subestimaram o bafômetro, agora o teste começa olho no olho. Provas testemunhais, fotos e vídeos garantem as penalidades para quem apresentar incapacidade psicomotora e concentração igual ou superior a seis decigramas de álcool por litro de sangue no organismo.

Como não sabemos exatamente a quanto de bebida correspondem esses seis decigramas, o melhor a fazer é não misturar álcool com direção. Fique com a água ou o refrigerante quando estiver dirigindo. Deixe a cerveja e outras bebidas para quando o seu carro estiver na garagem e você, tranquilo, usufruir suas férias à boa distância da direção.

Sinal vermelho para os excessos

O recado vale para os jovens e, em especial, para as mulheres jovens. As garotas estão bebendo cada vez mais e, assim, engrossam as estatísticas que revelam ser o jovem o principal protagonista de acidentes no trânsito.

Praticamente 100% dos acidentes de trânsito decorrem de erro humano. As imprudências mais graves são excesso de velocidade, dirigir sob o efeito de álcool ou qualquer outra droga, desrespeitar a sinalização e não manter a distância recomendável do veículo à frente. Outras estão se tornando cada vez mais comuns: falar ao celular ou passar SMS enquanto dirige (o que é proibido e passível de multa); dispersar a atenção com algum gesto, como troca de CD e ajuste do volume do som.

Verão é tempo de sol, mas também de muita chuva. As tempestades são outro fator de risco para quem está na estrada. Nunca pare no acostamento. Conduza o veículo com calma e procure se abrigar em local seguro. A mesma recomendação é válida sob neblina.

Não jogue lixo nas ruas e rodovias. Nas ruas, o lixo entope bueiros, a água da chuva sobe e você se torna vítima das inundações. Nas rodovias, o lixo pode provocar acidentes graves, envolvendo outros carros e até mesmo o seu.

Crianças com menos de 10 anos de idade devem ser conduzidas no banco de trás e em cadeira de segurança. Desde que se iniciou a campanha das cadeirinhas, o número de acidentes com crianças diminuiu.

Não descuide da manutenção do seu carro. Investir em segurança e garantir uma boa viagem é muito mais interessante do que se tornar mais um número do “custo acidente de trânsito”.


* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.