Gestos simples, práticas conscientes
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), um brasileiro adulto consome, em média, 187 litros de água por dia, enquanto a cota diária para suprir as necessidades básicas de uma pessoa seria de 50 litros.
A adutora rompida em Manaus, pela segunda vez neste ano, e em infeliz coincidência com as comemorações do Dia Mundial da Água (em 22 de março), liberou 700 mil litros de água por segundo. Em apenas um minuto, esse fluxo foi de 42 milhões de litros, suficientes para abastecer quase 225 mil brasileiros ao dia. Ou 840 mil pessoas pelo cálculo dos 50 litros diários para cada um.
Quer a adutora tenha sofrido o impacto de brusca queda de energia, quer seja por qualquer outro motivo, o fato é que por aqui o desperdício é imenso. Embora o Brasil seja privilegiado, com 12% de toda a água doce disponível no mundo, os habitantes de muitos municípios brasileiros já não têm acesso regular ao fornecimento de água. Engrossam as fileiras dos quase 800 milhões de seres humanos que sofrem e morrem com a escassez de água pelo mundo.
Não deixar o tempo passar
Pode parecer ingênuo pedirmos para que o cidadão comum se conscientize da importância da preservação ambiental e faça a sua parte, economizando água e energia, enquanto os acidentes ambientais prosperam.
No entanto, se não fizermos isso, se não insistirmos (como a água mole em pedra dura) nas práticas mais comuns, dificilmente conseguiremos resultados positivos. É por meio do exemplo que criaremos uma cultura, poderemos educar as novas gerações e exigir que nossos direitos sejam garantidos. Quanto tempo demora isso? Não sei. Mas, é melhor fazer alguma coisa do que apenas deixar o tempo passar.
Por ocasião da Rio+20, há praticamente um ano, recebi da coordenação do curso de Biologia do Centro Universitário Celso Lisboa (RJ), uma lista de práticas sustentáveis. Na época, os professores levaram a sustentabilidade para as salas de aula, aproveitando o momento da conferência internacional no Rio de Janeiro.
Guardei as informações e agora volto a elas. São gestos simples, que não se referem só à água, nem são inéditos, mas formam um conjunto de boas práticas. Selecionei algumas para a coluna.
Pequenas medidas para promover o desenvolvimento sustentável:
- Substitua as lâmpadas incandescentes por fluorescentes. Elas gastam 65% menos energia e duram até 10 vezes mais.
- Compre apenas eletrodomésticos com avaliação “A” no selo Procel. Eles ajudam a reduzir a conta de luz.
- Não coloque a geladeira perto do fogão, nem de janela que receba muito sol. Evite abrir e fechar a porta da geladeira repetidas vezes, ou mantê-la aberta por muito tempo. Evite colocar a temperatura abaixo dos 5 graus. Isso aumenta o consumo de energia em cerca de 7%.
- Se deixar o computador ligado, mesmo por pouco tempo, desligue o monitor. As proteções de tela gastam energia. Desligar o vídeo economiza 0,08 kW por hora de uso.
- Desligue os aparelhos eletrônicos da tomada quando não estiverem em uso. No modo stand-by, eles consomem cerca de 15% de energia.
- O banheiro leva cerca de 75% da água que consumimos em casa. 32% do consumo escorrem dos chuveiros, na base de 20 litros de água por minuto.
- Feche a torneira ao escovar os dentes, ou fazer a barba. Uma torneira aberta deixa correr de 12 a 20 litros de água por minuto.
- Separe o lixo orgânico do lixo reciclável. Se tiver quintal, faça uma composteira. Coloque o lixo orgânico num latão e deixe o tempo – e algumas minhocas – fazerem o trabalho. Depois de alguns dias você terá adubo para usar no jardim ou horta.
- Regar o jardim por 10 minutos significa gastar 190 litros de água. Regue pela manhã ou à noite, períodos de evaporação reduzida. Cultive plantas nativas, que necessitam pouca água. Nem pense em lavar a calçada.
- Não descarte óleo de cozinha na pia, ralo, ou terra do quintal. Um litro de óleo contamina cerca de um milhão de litros de água, o que corresponde ao consumo de uma pessoa por 14 anos. Coloque o óleo usado em garrafa PET, feche-a e leve para reciclagem.
* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna
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