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Dor e mal-estar - Automedicação é prática arriscada

Maria Aparecida de Almeida Lico

A todo momento, seu corpo lhe envia mensagens e é muito importante estar atento a elas. É necessário, por exemplo, reparar nas atividades que nos provocam dor e mal-estar, perceber quais são os alimentos que não digerimos bem, notar como o nosso corpo reage às mudanças do tempo e ao excesso de trabalho, de estudo - ou mesmo de atividades de lazer...

Ficar atento a esses sinais nos ajuda a conhecer o funcionamento normal de nosso organismo, como ele reage às situações diferentes ou incomuns e como consegue adquirir novamente o equilíbrio. Esse tipo de autoconhecimento pode ajudar a descrever que tipo de problema estamos sentindo, quando procuramos um médico.

Convém lembrar que cada indivíduo reage de forma diferente a um mesmo tipo de problemas. Por isso, remédios que funcionam muito bem para algumas pessoas podem não servir para nada em outras. Da mesma maneira, remédios que deram bons resultados em alguma época de nossa vida podem não funcionar mais em outras ocasiões. O corpo humano está sempre se transformando com o tempo, bem como com as atividades que pratica.

Riscos da automedicação

Infelizmente, em nosso país muita gente acredita naquele ditado que diz que "de médico e de louco, todo mundo tem um pouco". Portanto, a automedicação é bastante comum por aqui. Colaboram com a difusão desse péssimo hábito, a dificuldade de acesso aos serviços de saúde e a propaganda da indústria farmacêutica - tanto no caso dos medicamentos quanto no das vitaminas. Assim, muita gente vai à farmácia como se fosse a um shopping center. Para piorar, as drogarias facilitam o comércio de medicamentos sem receita médica.

É muito comum se tomarem remédios sem a mínima necessidade. Por exemplo, uma conseqüência natural da digestão de alguns alimentos é a formação de gases no estômago e nos intestinos, delgado e grosso, como você sabe. Esses gases causam mal estar e provocam cólicas na barriga. Somente a sua eliminação leva a pessoa a se sentir bem novamente. Para isso, em geral, nada melhor que uma boa caminhada - que ajuda a digestão e facilita a eliminação dos gases porque os movimentos intestinais serão estimulados e isso auxilia o processo - sem que seja necessária a administração de remédios.

Um sintoma de inflamação

Mas é possível que uma dor forte ou aguda no lado direito do abdome seja mais do que uma simples cólica provocada por gases. Ela também pode, por exemplo, ser o aviso de uma inflamação do apêndice, conhecida como apendicite (o sufixo "ite" significa inflamação). Esse mal é provocado por restos de alimentos que eventualmente ficam retidos na cavidade interna do apêndice - cujo nome completo é apêndice cecal - e que podem causar inflamação: uma resposta do organismo a uma agressão que ele esteja sofrendo.

Em dois dias, a inflamação aumenta e as dores tornam-se muito intensas. Se a apendicite não for detectada rapidamente podem ocorrer complicações. Os casos mais graves se dão quando o apêndice se rompe originando uma infecção em todo o abdômen, a septicemia. O paciente, então, corre risco de morte. O tratamento da apendicite é cirúrgico, com a remoção do apêndice. A pessoa tem que ser operada com urgência.

Problemas de coluna

Não são somente as dores na barriga, todavia, que levam as pessoas a se automedicarem. As dores nas costas também são muito freqüentes e incomodam muita gente. Quem trabalha em pé e tem que acompanhar o ritmo da máquina de uma linha de montagem ou mesmo quem fica sentado e muito concentrado em posições tensas é um sério candidato a sofrer de dores nas costas.

Muitas dessas pessoas costumam tomar relaxantes musculares, acreditando que a dor pode acalmar com o relaxamento dos músculos que ficam ao lado da coluna vertebral. Porém, se a posição em que se trabalha não mudar ou se a tensão não acabar, a dor também não termina.

Há ainda vários outros problemas responsáveis pelas dores nas costas. Muitas vezes, dores nos rins são confundidas e interpretadas como problemas na coluna vertebral. Uma infecção urinária só vai piorar se for tratada com um relaxante muscular ou analgésico (substância que alivia dores, do grego "an" = não, "algesis" = dor).

Enfim, esses são apenas alguns dos avisos mais comuns que recebemos diariamente do nosso corpo diariamente. Para percebê-los, porém, precisamos ficar atentos e respeitar os nossos limites. Além disso, não vale a pena correr riscos e agravar problemas recorrendo sem mais nem menos às farmácias e aos perigos da automedicação.

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