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Medicamentos - Uso incorreto e abuso de remédios causa graves danos à saúde

Maria Aparecida de Almeida Lico

Nosso corpo pode tornar-se tolerante aos efeitos de alguns medicamentos. Quando isso acontece, precisamos tomar doses cada vez maiores, para obter o mesmo efeito anteriormente desejado. Mas as doses maiores do que as normais constituem um perigo, pois podem potencializar, ou seja, reforçar os efeitos colaterais do medicamento, provocando outros danos à nossa saúde.

Por isso, ninguém deve se automedicar, nem abusar dos remédios que lhe foram prescritos pelo médico. Aliás, tudo o que acontece enquanto usamos algum medicamento precisa ser comunicado ao médico. Uma coceira, por exemplo, pode ser um sinal de alergia a um componente da fórmula. Se o remédio serve para a dilatação dos vasos sangüíneos, pode provocar dor de cabeça, ou ainda, sonolência - se for um tranqüilizante. Então, só o médico pode avaliar as condições reais do paciente e determinar a dosagem adequada de qualquer remédio.

Calma e dependência


Atualmente, os tranqüilizantes são alguns dos medicamentos mais utilizados. Eles são recomendados pelos médicos quando uma determinada área do cérebro funciona de maneira exagerada, gerando grande ansiedade diante dos problemas do cotidiano ou mesmo sem qualquer motivo. O remédio, nesse caso, age produzindo o efeito contrário: deixa a pessoa mais calma, pronta para encarar com maior objetividade os problemas externos que causam tensão.

Contudo, esses remédios estão entre os que mais ocasionam dependência. Além disso, os usuários de tranqüilizantes sentem sono, relaxamento muscular e ficam menos atentos ao que fazem. Por causa desses efeitos, os calmantes dificultam os processos de aprendizagem e memorização e prejudicam as funções psicomotoras, isto é, aquelas relacionadas com os movimentos do corpo e com a organização dos pensamentos, atividades comandadas pelo cérebro.
Assim, interferem em atividades, como dirigir um carro, por exemplo, acarretando altos riscos de acidentes.

Estímulos inadequados

Outro grupo de medicamentos muito utilizado é o dos estimulantes, remédios que aumentam a atividade cerebral. Causam insônia, perda do apetite e deixam o usuário extremamente agitado, ou "ligado", por assim dizer. Os remédios usados para tirar o apetite, nas dietas de emagrecimento, pertencem a esse grupo e devem ser usados com muito cuidado.

A cocaína também é uma droga estimulante que provoca a perda da sensação de cansaço, perda de apetite, euforia. Em grande quantidade pode causar aumento da temperatura do corpo, acelerar os batimentos cardíacos, provocar elevação da pressão arterial entre outros efeitos.

Os estimulantes agem nos neurotransmissores, substâncias que fazem a transmissão dos impulsos nervosos de um neurônio a outro, através da sinapse (espaço entre duas células nervosas onde a transmissão do impulso se dá quimicamente).

Sob a ação do estimulante os neurotransmissores liberados não são reabsorvidos e acumulam-se na fenda sináptica potencializando seus efeitos. Drogas que agem dessa maneira são utilizadas em festas com duração de 24 horas ou mais, para que as pessoas permaneçam acordadas e ativas. O cérebro, sob a ação de estimulantes é impedido de agir em seu ritmo normal já que os impulsos nervosos estão alterados e acelerados.

Caminhoneiros e rebites

Ao fazerem viagens longas, muitos motoristas tomam estimulantes, geralmente remédios para emagrecer, para poderem dirigir até mais de 20 horas seguidas, sem dormir. Trata-se de uma conduta totalmente irresponsável. Entre outros motivos, porque os estimulantes provocam dilatação das pupilas. Como estas são os canais de entrada da luz, os olhos de um motorista, sob efeito de estimulantes, à noite, ficam mais sensíveis às luzes da estrada e dos faróis dos outros carros. A luz ofusca a visão, aumentando o risco de acidentes.

Fisiologicamente, o que ocorre é o seguinte: a retina, parte dos olhos onde as imagens são formadas, têm dois tipos de células nervosas, os cones e os bastonetes. Os cones são as células realmente sensíveis à luz, aquelas que permitem a visão das cores quando os olhos recebem grande intensidade luminosa. É o que acontece, normalmente, durante o dia ou em locais muito bem iluminados.

À noite, são os bastonetes que entram em ação porque são responsáveis pela visão com luz de baixa intensidade. Por isso, são células estimuladas quando a oferta de luz é reduzida. Se uma grande quantidade de luz chega aos olhos, repentinamente, durante o período noturno, os bastonetes falham pois o comando de ação entre cones e bastonetes é dado pela intensidade de luz que atinge os olhos.

A troca entre um grupo de células e outro requer um curto espaço de tempo para que algumas reações químicas ocorram. É nesse período que sentimos a visão ofuscada e alguns segundos às cegas são tempo suficiente para um desastre quando se está a 100 Km/h, por exemplo.

Ataques e derrames

Assim como a cocaína, os remédios estimulantes provocam o aumento dos batimentos cardíacos e elevação da pressão arterial. Pessoas com problemas no coração ou pressão alta não devem usar esses medicamentos, pois correm maior risco de sofrer um ataque do coração ou um derrame de sangue no cérebro.

O sangue, no corpo humano, circula dentro de vasos - as artérias, as veias ou os capilares. Toda vez que vasos capilares se rompem, vazando nos tecidos à sua volta dizemos que ocorreu um derrame. Se este ocorre no cérebro - o que tecnicamente se denomina de acidente vascular cerebral - as conseqüências podem ser graves: o tecido nervoso é danificado porque os neurônios morrem ao ficarem banhados no sangue.

O que determina a gravidade de um derrame cerebral é o tamanho e a função da área atingida. Por isso as conseqüências podem ser dificuldade para andar, mover um braço ou falar, entre muitas outras.

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