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Biologia

Tênia - Vermes do grupo dos platelmintos

Alice Dantas Brites

Você sabia que existem mais de 45 mil espécies de tênias no mundo? Epa! Você nem sabe o que são tênias? Pois vamos lá: as tênias são vermes que pertencem ao grupo dos Platyhelminthes. Embora não possuam aparelho respiratório e circulatório, têm uma evidente cefalização, isto é, uma tendência à concentração de órgãos sensoriais e componentes do sistema nervoso na extremidade anterior do corpo.

Sua locomoção é realizada através do batimento dos cílios presentes nas células da superfície epidérmica. Geralmente são hermafroditas e podem se reproduzir assexuada ou sexuadamente.

Já foram descritas, como se disse, mais de 45 mil espécies de tênia de vida livre ou parasitas. As de vida livre habitam ambientes terrestres, marinhos ou de água doce. Variam de alguns poucos milímetros até mais de 15 metros de comprimento. Com não há celoma, os órgãos internos encontram-se imersos numa massa de tecido de origem mesodérmica. Geralmente apresentam um sistema digestivo incompleto, isto é, sem ânus.

Os platelmintos são animais com simetria bilateral, acelomados, triploblásticos e com o corpo achatado dorsoventralmente. Não há consenso sobre os platelmintos formarem realmente um filo, assim como também não há consenso sobre a divisão de suas classes. A divisão mais comum é em quatro classes: Turbellaria, Trematoda, Monogenea e Cestoidea. As tênias fazem parte da classe Cestoidea.

Classe Cestoidea

Para a classe Cestoidea já foram descritas cerca de 4.000 espécies, todas endoparasitas, popularmente chamadas de solitárias. Assim como os demais platelmintos, os Cestoidea são achatados dorsoventralmente, porém não possuem boca nem trato digestivo.

As solitárias parasitam todas as classes de vertebrados. Seu ciclo de vida exige de um até três ou mais hospedeiros intermediários, que podem ser invertebrados ou vertebrados. Alimentam-se de partículas presentes no trato intestinal do hospedeiro. Essas partículas penetram em seu organismo através da superfície corpórea. O tegumento das solitárias apresenta uma série de microvilosidades, chamadas de microtríquios, que aumentam a superfície de absorção e atuam no transporte ativo do alimento para o interior do corpo.

A cabeça das solitárias é chamada de escólex e é responsável pela fixação no tecido do hospedeiro. O escólex pode apresentar diversas estruturas, como espinhos e ganchos, que auxiliam na fixação do parasita e que variam de acordo com a espécie.

Após o escólex existe uma região de crescimento, chamada de colo. O corpo das solitárias é formado por uma sequência de secções iguais denominadas proglótides. A região do colo produz novas proglótides através de divisões mitóticas. Assim, as proglótides mais jovens são aquelas mais próximas ao colo e as mais velhas aquelas na extremidade oposta.

Dentro de cada proglótide há um sistema reprodutor completo. Isso significa que cada uma delas é capaz de gerar um novo verme. São hermafroditas. Porém, em geral, quando há mais de um verme, a fecundação é cruzada. Os óvulos são fecundados pelos espermatozóides no interior da proglótide e os ovos são envoltos por uma cápsula protetora. Estas cápsulas são liberadas da proglótide e caem no sistema digestivo do hospedeiro ou são liberadas junto às fezes destes.

Teníase e cisticercose

Duas das espécies mais conhecidas de solitárias são a Taenia saginata, conhecida como tênia bovina, e Taenia solium, ou tênia suína.

As tênias são responsáveis por duas doenças que atacam humanos: a teníase e a cisticercose. Elas parasitam o intestino delgado humano e podem variar de alguns poucos centímetros até mais de 2 metros de comprimento. O homem é considerado o hospedeiro definitivo e os bovinos, no caso da Taenia saginata, ou suínos, no caso da Taenia solium, os hospedeiros intermediários.

No interior do intestino humano as tênias se reproduzem produzindo uma grande quantidade de ovos. As proglótides fecundadas ou os próprios ovos são eliminados com as fezes. Os ovos liberados no ambiente podem contaminar o capim dos pastos, alimentos e fontes de água. Por fim, podem ser ingeridos pelos hospedeiros intermediários.

Dentro do intestino do hospedeiro intermediário os ovos eclodem, liberando uma larva chamada de oncosfera. A oncosfera possui ganchos em sua região apical e com eles perfura a parede intestinal, atingindo a corrente sanguínea. Uma vez na corrente sanguínea, a oncosfera migra para os músculos estriados, onde se instala e se transforma numa segunda forma, chamada cisticerco. O cisticerco é um pequeno verme que possui o escólex recoberto por uma vesícula.

Quando o homem se alimenta de carne bovina ou suína mal cozida, ele pode ingerir o cisticerco. Uma vez no intestino humano, a vesícula que recobre o escólex do cisticerco é digerida e este se fixa na parede intestinal. O cisticerco se desenvolve originando a tênia adulta, fechando o ciclo.

Os sintomas da teníase incluem diarréia, dores abdominais, vômitos, cansaço, perda de peso, fome excessiva ou falta de apetite. Porém, em muitos casos, a pessoa infectada não apresenta sintomas. O diagnóstico é feito através da observação dos sintomas e de exames de fezes para detectar a presença de proglótides ou ovos do parasita. O tratamento é realizado através de medicamentos que provocam paralisia muscular e a morte dos parasitas.

Uma doença mais grave é a cisticercose. Ela ocorre quando o homem ingere os ovos da tênia suína e passa a ter o papel de hospedeiro intermediário. O cisticerco pode se desenvolver em tecidos de órgãos como olhos, coração, cérebro e pulmões. Os sintomas dependem do local onde o cisticerco se instala, e incluem desde dores de cabeça, dificuldade de locomoção, até convulsões e cegueira. Se não diagnosticada e devidamente tratada, a cisticercose pode comprometer órgãos vitais e levar à morte.

O diagnóstico da cisticercose é realizado através de exames de imagem, tais como raio X, tomografia e ressonância magnética, ou através de testes imunológicos. O tratamento é realizado através de medicamentos que matam o cisticerco.

A prevenção da teníase e da cisticercose inclui medidas de saneamento básico, tais como construção de fossas e redes de esgoto; inspeção adequada das carnes de bovinos e suínos, bem como das condições de higiene de criadouros; tratamento de doentes e divulgação de informações sobre a importância de hábitos de higiene pessoal; e também orientações sobre os riscos de comer carne suína ou bovina mal cozidas.

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