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Transtornos alimentares - Entenda o que são bulimia e anorexia

Cristina Faganelli Braun Seixas

Os temas alimentação e transtornos alimentares nunca estiveram tão em alta quanto nos dias atuais. Nos jornais, na TV, na Internet, fala-se com freqüência sobre novos métodos e dietas milagrosas para emagrecer, sobre a necessidade de exercícios físicos e até sobre os riscos que os excessos na dieta e na ginástica podem provocar.

Teoricamente, toda essa discussão ocorre em nome da saúde e da obtenção e manutenção de um corpo belo, de acordo com os critérios da sociedade atual. Sim, porque, historicamente, o padrão de beleza mudou muito das volumosas mulheres do passado, até chegarmos às top models super-magras da atualidade.

No Renascimento, por exemplo, uma mulher linda deveria ter uma certa quantidade de gordura e formas arredondadas. Isso era uma garantia de que ela poderia gerar filhos saudáveis e ter condições de alimentá-los bem no primeiro ano de vida. Veja, por exemplo, como era rotunda a beleza das mulheres retratadas por da Vinci, Botticelli e Michelangelo.

Na verdade, ninguém deveria se preocupar em ir nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Um ideal saudável de beleza talvez estivesse no equilíbrio entre estes dois extremos, havendo respeito às características genéticas de cada um e à sua estrutura física, com o consumo de uma dieta equilibrada conforme as atividades diárias exigem. Do mesmo modo, com a prática moderada de exercícios físicos, devidamente acompanhada por um especialista. Afinal, o objetivo é ter saúde e não desenvolver nenhum transtorno alimentar.

O que são transtornos alimentares?

Algumas pessoas desenvolvem desequilíbrios alimentares, como bulimia e anorexia, tornando-se assim extremamente magras. Estes transtornos não são novidades e um exemplo célebre disso ocorreu na década de 80, com a cantora Karen Carpenter, da banda The Carpenters (muito famosa nos anos 70). Karen vivia fazendo dieta. Isso perdurou muitos anos. Quando percebeu o problema e começou a se tratar, melhorou um pouco, mas logo morreu, em 1983. Devido à anorexia, a desnutrição afetou seu sistema cardíaco. Ela acabou sofrendo uma parada cardíaca.

Bulimia

Vamos examinar melhor as diferenças entre estes dois transtornos alimentares. Para começar, a bulimia. A origem dessa palavra é grega e compõe-se de bous (boi) e limos (fome). Referindo-se ao fato de os bois serem ruminantes, a palavra designa as pessoas que ingerem alimentos exageradamente e, depois, procuram eliminá-los por meio do uso de laxantes ou provocando o vômito.

O problema é que essa prática se torna rotineira, repetindo-se de duas a três vezes por semana. A partir daí, o indivíduo começa a ter tal controle sobre o momento de vomitar, que não precisa nem provocá-lo.

Bulimia, vômitos e subnutrição

As conseqüências fisiológicas do processo são graves: quando introduzimos um alimento em nossa boca, automaticamente o cérebro envia uma mensagem ao sistema digestório para que haja produção de sucos gástricos, a fim de facilitar a digestão. Em meio a essa atividade digestiva, ocorre o vômito. Com isso, os sucos digestivos podem afetar as paredes do esôfago, produzindo sangramentos junto com o vômito.

Outro risco é a subnutrição, pois o vômito constante altera a quantidade de vitaminas, proteínas, lipídios sais minerais, água e outros nutrientes absorvidos pelo organismo. Também podem apresentar problemas cardiovasculares, renais, endócrinos, dentários e sangramento da gengiva. Já o uso de laxantes pode implicar uma séria desidratação, pois há perda excessiva de água pelas fezes.

Verifica-se um maior número de bulímicos em algumas profissões, como ginastas, modelos profissionais, corredores de longa distância, dançarinos, já que existe uma exigência corporal muito grande em seu trabalho.

Anorexia nervosa

A anorexia nervosa consiste numa recusa em se alimentar. É, portanto, um transtorno caracterizado pela limitação da ingestão de alimentos, devido à obsessão com a magreza e o medo exagerado de ganhar peso. Note: apesar de estar magra, a pessoa continua se considerando acima do peso. Ela também não leva sua saúde em consideração, pois está mesmo é preocupada com o espelho.

Além de não comerem, as pessoas anoréxicas, normalmente praticam exercícios físicos em demasia. Também podem utilizar laxantes ou diuréticos e/ou provocarem o vômito, como os bulímicos.

Entre outros riscos da anorexia podemos apontar a interferência no ciclo menstrual, que pode ser desregulada ou interrompida; queda de cabelo; unhas quebradiças; desidratação; diminuição da pressão arterial e enfraquecimento muscular. Tudo isso decorre do fato de que, ao deixar de se alimentar, o organismo tenta suprir a falta de alimento realizando um processo denominado autofagia, ou seja, uma organela denominada lisossomo, libera enzimas que fazem a digestão das nossas próprias fibras musculares.

Anorexia e fatores emocionais

Convém lembrar que esse transtorno não se deve exclusivamente a problemas fisiológicos. Decorre também de causas emocionais, sócio-culturais, familiares, etc. Normalmente, a anorexia e a bulimia estão associados a uma faixa etária, a adolescência, podendo interferir no crescimento e desenvolvimento do paciente. Na maioria dos casos, ambos os transtornos atingem majoritariamente o sexo feminino.

O que deve ser feito quando se tem algum tipo de transtorno alimentar? Bem, normalmente o tratamento é baseado em duas frentes; na primeira cuida-se do quadro clínico (aspecto físico) e na segunda frente trata-se do aspecto emocional (psicológico) e para tais tratamentos são necessários profissionais especializados. Em alguns casos se faz necessária a internação, bem como o uso de antidepressivos.

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