Corpus Christi - História
"Corpus Christi", em latim, significa "corpo de Cristo". Trata-se de uma festa móvel católica que celebra o milagre da transubstanciação. Para o catolicismo, Cristo se transforma no pão (a hóstia), que se torna seu corpo, assim como o vinho se converte em seu sangue. A festa era uma das mais pomposas procissões católicas em Portugal e foi trazida para o Brasil pelos colonizadores, no século 16.
Aqui, numa carta de 9 de agosto de 1549, o padre Manuel da Nóbrega escreveu: "Outra procissão se fez dia de Corpus Christi, mui solene, em que jogou toda a artilharia, que estava na cerca, as ruas muito enramadas, houve danças e invenções à maneira de Portugal". (Cartas do Brasil, 86, Rio de Janeiro, 1931).
Detalhe de um tapete para a procissão
O costume de enfeitar as ruas surgiu em Ouro Preto, cidade histórica do interior de Minas Gerais. No sul do Brasil, chegou com os imigrantes açorianos. Nas cidades que preservam a tradição, é comum ornamentar as ruas por onde passará a procissão com um tapete desenhado com serragem tingida, palha, borra de café, areia e grãos. Toda população participa do trabalho e o resultado é um grande mosaico, com símbolos cristãos, locais e nacionais, compondo uma obra de arte altamente efêmera, pois ela vai durar apenas até a passagem dos devotos.
A história da festa de Corpus Christi
A festa de Corpus Christi é uma das mais antigas do catolicismo em todo o mundo. Foi instituída pelo papa Urbano 4°, em 1264, para ser celebrada na quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade, que ocorre, por sua vez, no domingo seguinte ao de Pentecostes. Segundo a tradição, ele recebeu o segredo das visões da freira Juliana de Mont Cornillon.
Juliana nasceu em Retines perto de Liège, Bélgica em 1192. Ficou órfã muito pequena e foi educada pelas freiras agostinas em Mont Cornillon. Aos 17 anos começou a ter visões, que retratavam uma lua cheia com uma mancha escura. A Igreja interpretou a mensagem como sendo a ausência de uma festa para a eucaristia no calendário litúrgico. Eucaristia é justamente o sacramento católico que, através das palavras do padre, promove a transubstanciação.
O segredo de Juliana
Em 1230, Juliana confidenciou esse segredo ao arcediago de Liège, que 31 anos depois se tornaria o Papa Urbano 4°, que exerceria o cargo entre 1261 e1264. A confirmação da intenção da festa veio com um milagre que teria acontecido em Bolsena, na Itália, em 1263 ou 1264, quando um sacerdote que celebrava a missa teve dúvidas sobre a veracidade da transubstanciação. Acredita-se que, em seguida, sangue tenha escorrido da hóstia no momento em que o sacerdote a partiu. Hoje, uma mancha de sangue existente no altar da mesma igreja é atribuída a esse momento.
Juliana morreu em 5 de abril de 1258 e foi canonizada em 1599 pelo papa Clemente 8°. O decreto de Urbano 4° teve pouca repercussão, mas se propagou por algumas igrejas, como em Colônia, na Alemanha, onde o "Corpus Christi" foi celebrado antes de 1270. A festa tomou seu caráter universal definitivo a partir de 1313 com a sua confirmação pelo papa Clemente 5°.
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