Lygia Clark - Da pintura aos objetos tridimensionais
Valéria Peixoto de Alencar, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Mineira, Lygia Pimentel Lins (1920 - 1998) foi pintora e escultora. Mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1947, e iniciou seu aprendizado artístico com Burle Marx. Entre 1950 e 1952, viveu em Paris, onde estudou com Fernand Léger, Isaac Dobrinsky e Arpad Szenes e realizou sua primeira exposição individual.
De volta para o Brasil, integrou o Grupo Frente. Foi uma das fundadoras do Grupo Neoconcreto e participou da sua primeira exposição, em 1959. Gradualmente, trocou a pintura pela experiência com objetos tridimensionais. Realizou obras participacionais como a série Bichos, de 1960, construções metálicas geométricas que se articulam por meio de dobradiças e requerem a participação do público.
Em 1960, ensinou artes plásticas no Instituto Nacional de Educação dos Surdos. Recebeu o prêmio de melhor escultora na Bienal Internacional de São Paulo em 1961. Morou em Paris entre 1970 e 1976, período em que ensinou na Facultade de Artes Plásticas St. Charles, na Sorbonne. Voltou ao Brasil em 1976; dedicou-se ao estudo das possibilidades terapêuticas da arte sensorial.
Obras de Lygia Clark
A obra inicial de Lygia Clark é fortemente influenciada pelo construtivismo da década de 1930. Até que, ao assinar o Manifesto Neoconcreto, novas diretrizes formais apontam em seu trabalho.
Lygia rompeu com o espaço bidimensional do quadro, aboliu a moldura, e sua obra invadiu a terceira dimensão. De 1960 a 1964, ela elaborou seus "Bichos", sua obra mais famosa, reproduzida na fotografia acima.
Trata-se de um conjunto de chapas de alumínio, articulados com dobradiças que permitem que as pessoas dobrem, virem, mexam, combinem as formas. Ou seja, a obra não é acabada, convidando quem a vê a interagir. Todas suas obras produzidas a partir de "Bichos" seguem este conceito: o público é parte fundamental da obra.