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Noel Rosa - Grande compositor do samba carioca morreu aos 26 anos

Gilberto Gasparetto, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Poucos imaginariam que o jovem Queixinho, magrinho e acanhado, fosse se tornar um dos maiores autores da história da canção popular brasileira. Mas foi exatamente o que aconteceu. Noel de Medeiros Rosa, marcado desde o nascimento pelo fórceps que lhe fraturou e afundou o maxilar (e lhe rendeu o apelido "Queixinho" na infância), compôs mais de duas centenas de músicas. Elas foram marcantes não só pela beleza mas também por iniciarem uma nova linguagem para a música popular brasileira.



Revolução da música popular

O mais incrível é que Noel praticamente revolucionou a música popular de seu tempo em apenas sete anos, o período compreendido entre 1930 e 1937, ano em que morreu. Ele começou a compor influenciado pelo som nordestino, que se popularizava no Rio de Janeiro no final dos anos 20, em especial com o sucesso dos espetáculos do grupo pernambucano Turunas da Mauriceia. Assim, suas primeiras composições foram emboladas; em seguida, ele se enveredou por canções sertanejas até chegar ao samba.



Tom coloquial urbano

Com Noel Rosa, surge a profundidade na composição popular. Ele aliou a habilidade com a naturalidade, dando a impressão de que compunha sem o menor esforço. A melodia assegurava o tom coloquial urbano que, se ele não inaugurou, certamente ajudou na sua configuração.

Para isso, abandonou a entoação nostálgica e bucólica das canções sertanejas do início da carreira e mostrou o lado lúdico do samba.



Contato com o samba carioca

Noel Rosa começou a ter contato, muitas vezes em mesas de botecos, com o nascente samba carioca, vindo dos morros e dos subúrbios. E, em particular, com o samba que se começava a fazer no bairro do Estácio de Sá, onde jovens sambistas alteravam definitivamente a batida do samba, que se libertava da influência predominante do maxixe.

Este já carregava o ritmo sincopado africano, mas elementos da habanera e da polca ainda eram muito marcados. Foi a turma do Estácio que criou a batida do que chamamos samba carioca. E Noel se identificava com estes sambistas. Sua admiração pelo ritmo o levou a criar letras e melodias primorosas, a começar por "Com que Roupa?" (1930)

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Vida boêmia

A grandeza da poesia de Noel, o Poeta da Vila, sempre foi reconhecida, junto com sua capacidade de retratar o Rio de Janeiro e seus personagens, com sua pobreza e malandragem. E, também, de criar obras repletas de humor e lucidez na compreensão de seu tempo e lugar, como em "O Orvalho Vem Caindo" (com Kid Pepe, 1933)

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e "Palpite Infeliz" (1935)

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O letrista Noel foi realmente genial, mas o músico não ficou atrás. Aliás, as letras sempre se destacaram em sua obra por estarem solidamente assentadas na força das melodias. É o caso de "Três Apitos" (1933)

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, "Feitio de Oração" (1933)

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e "Feitiço da Vila" (1934)

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, as duas últimas foram em parceria com o paulista Vadico.



Um cronista da música popular

A grande sensibilidade com que Noel Rosa registrava fatos do cotidiano o colocava como um dos maiores cronistas da música popular. Da antológica "Conversa de Botequim" (1935, com Vadico)

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a "Último Desejo" (1937), uma de suas últimas composições, Noel foi se tornando cada vez mais conhecido no meio artístico e sua produção aumentava. Compunha sambas, marchas, valsas, gravava discos, apresentava-se em shows e trabalhava em estações de rádio.

E conseguia, além disso, levar uma vida boêmia que o tornava um dos maiores frequentadores de botequins do Rio de Janeiro.

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