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Pixinguinha - Pai do choro, Pixinguinha renovou a música brasileira

Gilberto Gasparetto, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Pixinguinha foi um músico da maior importância no cenário brasileiro. Misturando as valsas, polcas e modinhas executadas pelos chorões no começo do século 20 com elementos afro-brasileiros, sonoridades rurais e sua variada experiência profissional como instrumentista, Alfredo da Rocha Vianna Filho - ou, simplesmente, Pixinguinha - definiu a forma musical do choro e expandiu o horizonte sonoro conhecido até então.

Flautista profissional desde os 14 anos, admirado pelo virtuosismo e a rara capacidade de improvisação, o autor de "Carinhoso" (de 1928, que ganharia letra de João de Barro em 1937) foi o principal responsável pela concretização de uma nova realidade musical popular, baseada na formação flauta-violão-cavaquinho.



Pixinguinha arranjador

O jovem Pixinguinha organizou, em 1919, o grupo Os Oito Batutas, primeiro conjunto profissional a fazer fama na música brasileira, com temporadas de sucesso na França e na Argentina.

Nos anos seguintes, Pixinguinha desenvolveu bastante suas habilidades como arranjador, dando ênfase ao uso da percussão e elaborando uma linguagem de orquestra tipicamente nacional. Por trabalhar com muitos músicos que não liam partitura, teve de construir os arranjos mentalmente. Como utilizava técnicas de contraponto em abundância, o mínimo que se pode dizer é que o mestre tinha um excepcional ouvido "interno".

O maestro Guerra Peixe declarou, no livro "Filho de Ogum Bexiguento", de Marília Barboza e Arthur de Oliveira, que "Pixinguinha deve ser encarado como um ponto de partida a ser seguido pelos orquestradores brasileiros. Seus trabalhos nessa especialidade deixam transparecer valores típicos da nossa música popular, seja em harmonia, contraponto, ritmo e feição regional. Tanto assim que ele é considerado, com muita razão, o único orquestrador que dá força regional à nossa música".

Apesar de ter tido como principal fonte de sustento a atividade de arranjador e regente, Pixinguinha, que foi amigo de Villa-Lobos e de Mario de Andrade, também escreveu alguns dos mais lindos temas da música brasileira, como a valsa "Rosa" (1917, que ganharia letra de Otávio de Sousa em 1937) e os choros "Um a zero" (1949, com Benedito Lacerda), "Vou vivendo" (1946, com Benedito Lacerda), "Lamentos" (1928, que ganharia letra de Vinicius de Moraes em 1962 e teria o nome mudado para "Lamento"), "Naquele tempo" (1934) e "Ingênuo" (1947, com Benedito Lacerda), este o preferido do próprio mestre.

Uma observação sobre as parcerias com o flautista Benedito Lacerda: elas simplesmente não existiram. Sabe-se hoje que os créditos dessas parcerias eram parte de um acordo entre os dois músicos na década de 1940. Como Pixinguinha enfrentava sérias dificuldades financeiras, Lacerda conseguiria gravações e edições de suas músicas e em contrapartida apareceria como parceiro. E assim foi feito.

Radamés Gnatalli, exímio arranjador e grande fã de Pixinguinha, resumia da seguinte maneira o impacto de suas composições: "Choro tem muito por aí, mas bons mesmo são os do Pixinguinha, e não é porque são mais elaborados, é porque ele era um gênio".

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