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Jean-Jacques Rousseau (1) - O contrato social

Heidi Strecker, Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação

Atualizado 17/11/2010, às 15h15

A discussão em torno desse tema poderia partir de qualquer um de nós, mas quem a formulou magistralmente foi o filósofo Jean-Jacques Rousseau. Rousseau viveu durante a época do Iluminismo, na segunda metade do século 18.

Como se sabe, o Iluminismo (também chamado de Filosofia das Luzes) foi um movimento intelectual caracterizado pela importância da ciência e da racionalidade crítica no questionamento filosófico, o que implica recusa a todas as formas de dogmatismo, especialmente o das doutrinas políticas e religiosas tradicionais.


 

O contrato social

A questão da liberdade do homem é o mote central de "O Contrato Social", uma das obras primas de Jean-Jacques Rousseau. "O Contrato Social" é um ensaio fundamental para a história da filosofia e ao mesmo tempo uma obra para ser lida com prazer, na qual o filósofo conversa de igual para igual com o leitor.

Rousseau escreveu dezenas de obras num estilo que poderíamos chamar de ensaio filosófico. Tendo nascido na Suíça, estabeleceu-se em Paris em 1742, onde fez amizade com os filósofos enciclopedistas, entre os quais Denis Diderot e Condillac. Colaborou na "Enciclopédia" coordenada por Diderot, escrevendo diversos artigos. Em 1749, a Academia de Dijon ofereceu um prêmio para quem respondesse à seguinte questão: "O restabelecimento das ciências e das artes terá contribuído para aprimorar os costumes?"

Em consequência do que ele mesmo chamou de uma iluminação, Rousseau escreveu o "Discurso Sobre as Ciências e as Artes", tratando já da maioria dos temas importantes em sua filosofia. Em julho do ano seguinte recebeu o primeiro prêmio, que se materializou numa medalha de ouro e em trezentas libras. Com a publicação desta obra, Rousseau obteve o reconhecimento.



As bases da sociedade

Os anos seguintes foram de grande efervescência intelectual. Publicou o "Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens" e mais tarde um romance epistolar, "A Nova Heloísa", que obteve grande êxito. Em 1762 surgiram duas de suas obras mais importantes, o ensaio "O Contrato Social" e o tratado "Emílio, ou da Educação".

"O Contrato Social" é considerado uma das obras fundamentais da filosofia política. Rousseau parte do pressuposto de que é impossível retornar ao estado de natureza. O homem em estado de natureza participa de uma condição sem lei nem moralidade. Só um contrato com seus semelhantes oferece as bases legítimas para uma vida em sociedade.

É preciso, então, criar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa do uso da força. Longe de ser um pacto de submissão, o contrato social é um pacto de associação entre os homens. No estado civil, preconizado por Rousseau, o soberano é a vontade geral.



Influência de Rousseau

Na época da publicação de "O Contrato Social" Rousseau tinha 50 anos e era um homem célebre. Após a publicação, seu livro foi considerado ofensivo às autoridades, que ordenaram a prisão do autor. Rousseau fugiu para a cidade de Neuchatel, na Suíça.

"O Contrato Social" foi uma das obras que marcou o ideário da Revolução Francesa. Em seus últimos anos de vida, Rousseu levou uma vida isolada, e redigiu em sua defesa as "Confissões" (uma espécie de livros de memórias).

A influência da obra de Rousseau pode ser estendida até os dias de hoje. "O Contrato Social" marca a elaboração da noção de Estado moderno. Além de escritor e filósofo, Jean-Jacques Rousseau foi também apaixonado por música. Escreveu duas óperas, "As Musas Galantes" e "O Adivinho da Aldeia" e estudou teoria musical. Suas experiências, reflexões e sensações foram registradas no livro "Os Devaneios de um Caminhante Solitário", publicado em 1776.

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