Radioatividade - Mal ou bem depende do uso que é feito dela
Carlos Alberto Campagner, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
No artigo sobre matéria e antimatéria mostramos a impossibilidade de se produzir uma bomba de antimatéria. Mesmo assim, várias outras armas do terrorismo ainda preocupam a comunidade internacional. Uma delas seria a "bomba suja": uma bomba suja é um artefato explosivo, que emprega dinamite, com um material radioativo (pó ou líquido), para que, após a explosão, haja dispersão de radioatividade.Mas o que está por trás de uma terrível ameaça como essa?
Radioatividade
Todo elemento químico com número atômico acima de 84 é naturalmente radioativo (veja a tabela periódica). Todo elemento químico com número atômico acima de 84 tende a se transformar naturalmente no elemento chumbo.Ou seja, o elemento urânio 235, depois de algum tempo (algo na casa de dezenas de bilhões de anos), acabará se transformando em chumbo.Ao se colocar material radioativo sobre uma chapa fotográfica, ela fica velada, ou seja, algum tipo de energia a atingiu. Foi assim que se descobriu a radioatividade.Ao se analisar uma amostra de um elemento radioativo (por exemplo, o material que deu o nome ao fenômeno, o rádio - Ra), observam-se três tipos de emissão:a) Partículas alfa: são corpusculares, de carga positiva e de alta velocidade (30.000 Km/s);b) Partículas beta: são também corpusculares (elétrons), de carga negativa e de altíssimas velocidades;c) raios gama: são de caráter eletromagnético (ondas), sem carga e de grande poder de penetração.Essas emissões causam sérios problemas aos seres vivos, chegando a matá-los. Muitos dos primeiros pesquisadores da radioatividade, tornaram-se suas vítimas, como aconteceu com a cientista Marie Curie, que morreu de leucemia provocado pela exposição excessiva à radiação.Se elementos naturalmente radioativos já são perigosos, imagine elementos que tiveram sua radioatividade artificialmente aumentada.
Acidentes com a radioatividade
Sempre que se fala em vítimas de radioatividade é inevitável a referência a Hiroshima e Nagasaki, as cidade japonesas que se tornaram alvo das primeiras bombas atômicas na Segunda Guerra Mundial.O número de vítimas das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki e nos acidentes com radioatividade em geral são de difícil contagem, pois, as vítimas que recebem menor radiação e morrem depois de anos, por câncer, por exemplo, podem ou não ser incluídas nas contagens oficiais.O acidente de Goiânia, em 13 de setembro de 1987, segundo algumas estimativas, pode ter afetado dezenas de milhares de pessoas, enquanto a bomba de Hiroshima vitimou centenas de milhares de pessoas.A bomba de Hiroshima possuía 10 Kg de Urânio 235 enquanto o acidente em Goiânia foi causado por 19,26 g de cloreto de Césio 137.Em Goiânia, a causa do acidente foi uma cápsula de Césio usada para tratamento de câncer que foi abandonada em um prédio. Um catador de lixo levou-a para casa e a base de marretadas consegui abri-la. Como "a coisa" brilhava no escuro, tornou-se alvo de curiosidade dele e de muitos vizinhos. Sua filha pequena chegou a engolir o material, vindo a falecer pouco tempo depois.
Para o mal
Imagine o acidente de Goiânia acontecendo no centro de São Paulo ou Rio de Janeiro. Você sabia que, no Brasil, existem um número muito grande de cápsulas com material radioativo em utilização neste momento?Mas não precisa se preocupar as rigorosas autoridades brasileiras possuem total controle sobre todas elas. Aliás, essas notícias que periodicamente você escuta por aí sobre roubos de carros com essas cápsulas, normalmente são fantasiosos e o ladrão está mais interessado no carro do que no material radioativo, é claro.Ou seja, em países que não o Brasil, existem falhas de segurança que possibilitam aos interessados conseguir material radioativo para a construção de uma bomba suja.
Para o bem
Convém lembrar que essas cápsulas não geram somente destruição nem causam problemas. Ao contrário, elas estão em funcionamento exatamente para o seu uso industrial (gamagrafia), medicinal (tratamento de câncer, diagnósticos com contrastes radioativos, etc.), agricultura, etc.Muitas vidas já foram salvas com a sua utilização. O que é absolutamente necessário é um controle maior da segurança com esse material, não só aqui, mas em todo o mundo.