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África - geografia física - Espaço natural, relevo, hidrografia, clima e vegetação

Ronaldo Decicino

Espaço natural

A África é um grande continente com pouco mais de 30,3 milhões de quilômetros quadrados; é o terceiro mais extenso (atrás da Ásia e da América) com 20,3 % da área total da terra firme do planeta. É o segundo mais populoso da Terra (atrás da Ásia) com cerca de 900 milhões de pessoas, representando cerca de um sétimo da população do mundo, e 54 países independentes; apesar de existirem colônias pertencentes a outros países de fora desse continente, principalmente ilhas, por exemplo, Madeira, pertencente a Portugal, Ilha de Ascensão, pertencente ao Reino Unido, entre outras.

O continente africano é cercado pelos oceanos Atlântico (oeste) e Índico (leste), além dos mares Mediterrâneo (norte) e Vermelho (nordeste). Seu litoral, com mais de 27 mil km de extensão, é bastante regular, com poucos recortes e ilhas, sendo raras as baías, golfos ou penínsulas, o que torna difícil seu aproveitamento para instalações portuárias.

Cortam a África, três dos grandes paralelos terrestres: Equador, Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio, além do Meridiano de Greenwich. Cerca de 80% de seu território fica na zona intertropical, sendo que a maior parte de suas terras localiza-se no hemisfério oriental (leste) e só uma pequena parte delas no hemisfério ocidental (norte). O continente possui cinco diferentes fusos horários.

A África está separada da Europa pelo mar Mediterrâneo e liga-se à Ásia na sua extremidade nordeste pelo istmo de Suez. No entanto, a África ocupa uma única placa tectônica, ao contrário da Europa que partilha com a Ásia a Placa Euro-asiática. Sua base geológica é formada por grandes e antigas placas tectônicas, fraturadas em algumas regiões; apresentando áreas bastante desgastadas pela erosão.

Pontos extremos - do seu ponto mais a norte, Cabo Branco, até ao ponto mais a sul, o cabo das Agulhas, na África do Sul, vai uma distância de aproximadamente 8.000 km. Do ponto mais oeste, o Cabo Verde, até ao ponto mais a leste, vai uma distância de cerca de 7.500 km.

Dentre os acidentes geográficos litorâneos, merecem destaque o Golfo da Guiné, no Atlântico Sul; e o Estreito de Gibraltar, entre o Oceano Atlântico e o mar Mediterrâneo, junto da península Ibérica, na Europa. Há ainda no leste do continente, a Península da Somália, chamada também de Chifre da África, o Golfo de Áden, formado por águas do oceano Índico e limitado pela península Arábica, que pertence à Ásia e a Ilha de Madagascar que delimita importante via de tráfego marítimo, o canal de Moçambique.

Relevo

O relevo africano se caracteriza pelo predomínio de imensos tabuleiros (planaltos pouco elevados) e considerável altitude média - cerca de 750 metros. As regiões central e norte são ocupadas, em sua totalidade, por planaltos intensamente erodidos, constituídos de rochas muito antigas e limitados por grandes escarpamentos.

Há 200 milhões de anos a África fazia parte, juntamente com a América do Sul, do supercontinente de Gondwana. A separação formou o oceano Atlântico e isolou os dois continentes, que ainda têm algumas semelhanças de estrutura geológica e formas de relevo.

Ao norte predomina área planáltica, ampla e desértica - o Saara - que se estende do oceano Atlântico ao mar Vermelho. A maior formação rochosa desta área são os montes Tibesti (Chade), onde se localiza o pico culminante da região, o Emi Koussi - 3.415 metros.

Além do deserto encontra-se a Cadeia do Atlas, que ocupa a região norte do Marrocos, da Argélia e da Tunísia. Sua formação recente apresenta montanhas cujos picos chegam a atingir 4.000 metros de altura; nesta região, o subsolo apresenta significativas reservas de petróleo, gás natural, ferro, urânio e fosfato, além de representar grande importância para a geografia local, pois ela barra os ventos úmidos, favorecendo a formação de rios temporários.

No leste encontra-se uma de suas características físicas mais marcantes: uma falha geológica estendendo-se de norte a sul, o Grande Vale do Rift, uma fenda tectônica em que se sucedem montanhas, algumas de origem vulcânica e grandes depressões. Nessa região se localizam os maiores lagos do continente, circundados por altas montanhas, destacando-se: o Quilimanjaro (5.895 metros), o monte Quênia (5.199 metros) e o Ruwenzori (5.109 metros).

Ao sul, surgem planaltos, onde merecem destaque os montes Drakensberg, com poucos picos elevados acima dos três mil metros, mas suficientes para barrar os ventos úmidos do oceano Índico, formando uma costa de climas mais amenos. Ao longo do litoral, situam-se as planícies costeiras, por vezes bastante vastas. As planícies ocupam área menor do que a dos planaltos. Podemos citar as planícies do Níger e do Congo.

A África não possui muitas ilhas ao seu redor. No Atlântico, se localizam algumas, formadas por picos submarinos, como as Ilhas Canárias e a Ilha da Madeira, bem como os arquipélagos de São Tomé e Príncipe e de Cabo Verde. No Oceano Índico encontra-se uma grande ilha - a de Madagáscar - e outras de extensão reduzida, entre as quais Comores, Maurício e Seychelles.

Hidrografia

Sendo as regiões norte e sul praticamente tomadas por desertos, a África possui relativamente poucos rios. Alguns deles são muito extensos e volumosos, por estarem localizados em regiões tropicais e equatoriais; outros atravessam áreas desérticas, tornando a vida possível ao longo de suas margens. Poucos rios de grande extensão se destacam.

A maior importância cabe ao rio Nilo, o segundo mais extenso do mundo (após o Solimões-Amazonas), cujo comprimento é superior a 6.500 km. Nasce nas proximidades do Lago Vitória, percorre o nordeste africano e deságua no mar Mediterrâneo na forma de um delta de 20 mil Km2, onde se situa uma das mais importantes áreas agrícolas do continente.

Além do Nilo, há outros rios importantes para a África, como o Congo, um rio da zona equatorial, com grande volume de água e elevado potencial hidrelétrico. Após percorrer 4.400 km, desemboca no Atlântico, com a segunda maior vazão do mundo. Há ainda o Níger, que nasce na Guiné, próximo ao oceano Atlântico, e corre para o interior, penetrando no deserto do Saara. Na metade do caminho muda de direção e cai numa longa e estreita planície em direção ao sul, desaguando no golfo da Guiné, após percorrer 4.160 km. Menos extensos, mas igualmente relevantes, são o Zambeze, o Senegal, o Orange, o Limpopo e o Zaire.

Quanto aos lagos, a África possui alguns mais extensos e profundos, de origem tectônica e vulcânica; a maioria situada no leste do continente, como o Vitória, terceiro maior do mundo, com quase 70 mil m2, o Rodolfo, o Niassa e o Tanganica. Este último, com quase 1.500 metros de profundidade, evidencia com mais ênfase a grande falha geológica na qual se alojaram os lagos. Milhares de pequenos lagos da região têm água contaminada por sais e ácidos provenientes dos vulcões, o que inviabiliza seu uso pela população.

Clima

A linha do Equador divide a África em duas partes distintas: o Norte é bastante extenso no sentido leste-oeste; o Sul, mais estreito, afunila-se onde as águas do Índico se encontram com as do Atlântico. Quase três quartos do continente estão situados na zona intertropical da Terra, apresentando, por isso, altas temperaturas com pequenas variações anuais.

Localizados no interior do território africano, os desertos ocupam grande parte do continente. Situam-se tanto ao Norte (Dyif, Iguidi, da Líbia - nomes regionais do Saara) quanto ao Sul (da Namíbia - denominação local do Deserto de Calaari). O deserto do Saara ocupa um terço do território africano. Ali são registradas temperaturas superiores a 40º C.

O clima do continente é bastante diversificado, sendo determinado principalmente pela conjunção de dois fatores: as baixas altitudes e a predominância de baixas latitudes. Distinguem-se na África os climas equatorial, tropical, desértico e mediterrâneo. As médias térmicas mantêm-se elevadas durante o ano todo, exceto nos extremos norte e sul e nos picos das montanhas mais altas.

O clima equatorial, quente e úmido o ano todo, abrange parte da região Centro-Oeste do continente. Apresenta-se na parte central, com temperaturas que variam entre 25ºC e 30ºC e índices pluviométricos que atingem até 3.000 mm ao ano. Em razão das altas taxas de umidade relativa do ar e da abundância de chuvas, praticamente não existe estiagem, o que proporciona a proliferação de florestas equatoriais.

O tropical quente com invernos secos domina quase inteiramente as terras africanas. As temperaturas médias presentes oscilam entre 22ºC e 25ºC com índices pluviométricos que atingem até 1.400 mm ao ano. Nas regiões onde esse clima predomina existem duas estações bem definidas, sendo uma seca e uma chuvosa.

Do Centro ao Sul, inclusive a ilha de Madagascar; o clima desértico, por sua vez, compreende uma grande extensão da África, acompanhando os desertos do Saara e de Calaari.

O clima mediterrâneo manifesta-se em pequenos trechos do extremo norte e do extremo sul do continente, apresentando-se quente com invernos úmidos. Apresenta temperaturas mais amenas; nessas áreas as temperaturas variam entre 15ºC e 20ºC.

A pluviosidade na África é bastante desigual, sendo a principal responsável pelas grandes diferenças entre as paisagens africanas. As chuvas ocorrem com abundância na região equatorial, mas são insignificantes nas proximidades do Trópico de Câncer, onde se localiza o deserto do Saara, e do Trópico de Capricórnio, região pela qual se estende o Calaari.

Vegetação

A vegetação africana é um reflexo do clima, uma vez que as paisagens se organizam e se distribuem pelo espaço geográfico de forma muito parecida com os tipos climáticos. Na porção equatorial, onde as chuvas são abundantes o ano inteiro, há florestas densas, diversificadas e sempre verdes - a vegetação dominante é a floresta equatorial. À medida que avançam para regiões mais secas, ao norte e ao sul, essas florestas vão perdendo a densidade e se transformam em savanas - que constituem o tipo de vegetação mais abundante no continente.

As estepes aparecem entre as savanas e os desertos e à medida que alcançam áreas mais secas, tornam-se progressivamente mais ralas, até se transformarem em regiões desérticas. Nos desertos, pode, eventualmente haver oásis, onde se desenvolvem tamareiras, arbustos e gramíneas. Finalmente, nos extremos do continente há maquis e garrigues, conhecidos como vegetação mediterrânea.