Topo

Boçoroca - Ravinas podem alcançar o lençol freático

Ronaldo Decicino

O termo boçoroca (ou voçoroca) vem do tupi-guarani, "yby-soroc", (iby = terra e soroc = fenda), e significa ravina, ruptura na terra. As boçorocas ou voçorocas são feições erosivas, altamente destrutivas, que rapidamente se ampliam, formando grandes buracos.

Esse fenômeno geológico pode ser causado pela chuva, pela ação do homem ou por variadas intempéries, e costuma ocorrer em solos pobres, secos e pouco sedimentados, nos quais a vegetação é escassa. Nesses casos, uma enxurrada, por exemplo, pode dar início ao processo de erosão.

Mudanças no relevo

Na superfície da Terra atuam processos geológicos, geomorfológicos, atmosféricos e hidrológicos. Eles provocam mudanças na aparência do relevo, no nível dos oceanos, no percurso dos cursos d'água, etc., causando uma contínua transformação da paisagem.

A dinâmica e o ritmo dessas mudanças podem ser naturais - decorrentes, por exemplo, das atividades vulcânicas, das movimentações tectônicas e da ação fluvial - ou aceleradas, quando o homem, por meio de técnicas de irrigação, mudanças de cursos d'água, execução de grandes obras de engenharia e expansão sem planejamento das cidades provoca desequilíbrio no ambiente.

Dentre os processos de dinâmica externa da crosta terrestre, a erosão pode ser desencadeada de forma e com intensidade diferentes. Nesses processos influem: a) os tipos de rochas (granitos, basalto, arenitos, etc.); b) as formas do relevo (serras, escarpas, morros, colinas e planícies); c) os tipos de solo (mais argilosos ou mais arenosos, com horizontes rasos ou profundos); e d) o comportamento do clima (intensidade, duração e frequência das chuvas, por exemplo).

Potencialização da boçoroca

No caso específico da boçoroca, as ravinas provocadas por esse fenômeno podem se aprofundar até atingir o lençol freático. Quando isso ocorre, a combinação de erosão pluvial superficial e saída da água subterrânea potencializa o fenômeno, ampliando o desgaste do solo, já que o fluxo natural da água subterrânea passa a atuar como transportador das partículas localizadas no fundo da ravina, escavando sua base e provocando o desmoronamento da cabeceira.

Nesses casos, os cortes da boçoroca surgem com intensidade e velocidade muito grandes, alargando-se e podendo alcançar profundidades que atingem várias dezenas de metros, além de se estender por centenas de metros de comprimento.

O surgimento de uma boçoroca ocorre quando o solo é exposto a práticas agrícolas, pecuárias ou de ocupação urbana inadequadas, como a retirada da vegetação protetora. Ou quando, por algum motivo, acontece a remoção e a desagregação da camada de solo superficial mais argilosa.

Em média, uma boçoroca promove o escoamento de 10 toneladas de terra por ano. E, ao arrastar o solo, carrega também nutrientes, matéria orgânica, sementes e defensivos agrícolas, causando prejuízos e poluindo rios.

Uma das formas mais eficazes para se evitar a ampliação de uma boçoroca é promover o plantio de árvores na beira dos buracos. Essas árvores protegem o solo da chuva e do vento, além de evitar, graças às suas raízes, que o fluxo da água leve consigo terra e sedimentos.