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Controle biológico de pragas - Método possui inúmeras vantagens

Ronaldo Decicino

Milhares de organismos se alimentam, em algum estágio do seu desenvolvimento, de insetos, plantas e animais. Esses organismos são considerados agentes de controle populacional. Tal fenômeno é conhecido como controle biológico natural e ocorre em todos os ecossistemas.

Na natureza, existem vários organismos benéficos, também chamados de inimigos naturais, que utilizam os insetos-praga como alimento. Pássaros, aranhas, outros insetos, além de fungos, bactérias e vírus - todos têm papel importante no controle de pragas.

Outro tipo de controle é o biológico aplicado (ou CBA), que consiste na manipulação de inimigos naturais pelo homem, com o objetivo de controlar pragas que atacam lavouras. O CBA só é possível graças às técnicas de criação artificial desses inimigos. Tal controle leva em consideração não só o aspecto econômico, mas também o ecológico e o social.

Esse método já era conhecido dos chineses, que, desde o século 3 a.C., usavam formigas contra pragas. No entanto, o primeiro caso de sucesso em controle biológico foi a introdução, em 1888, na Califórnia (USA), de uma joaninha trazida da Austrália para controlar uma praga conhecida como pulgão-branco-de-citros. Após dois anos da liberação dos insetos predadores, a praga foi controlada.

DDT e outros pesticidas

A partir de 1939, contudo, surgiram o inseticida DDT (diclorodifeniltricloretano) e outros pesticidas. Acreditou-se, então, que todos os problemas causados por insetos estivessem resolvidos, e que a humanidade tinha vencido a guerra contra as pragas agrícolas. Tal fato resultou no avanço das pesquisas com inseticidas químicos sintéticos, no aumento da utilização desses produtos e, por fim, no desinteresse pelo uso do controle biológico de pragas.

Com o tempo, no entanto, constatou-se que o mais poderoso inseticida inventado até então, assim como outros pesticidas, causavam mais danos do que benefícios, não só ao meio ambiente, mas também ao próprio homem.

O uso indiscriminado desses produtos resultou, inclusive, no surgimento de outros problemas:

a) resistência das pragas aos inseticidas;

b) eliminação de insetos úteis ou de inimigos naturais, com ressurgência das pragas e aparecimento de outras;

c) intoxicação do homem e de outros animais; e

d) envenenamento de rios.

Manejo Ecológico de Pragas

Diante disso, a partir da década de 1960, a comunidade científica retornou aos estudos sobre o controle biológico, buscando alternativas que substituíssem os inseticidas químicos. Uma das principais táticas consistia no chamado Manejo Integrado de Pragas (MIP), sistema que pretendia integrar, harmoniosamente, várias formas de controle, com ênfase no biológico.

No entanto, os fabricantes de produtos químicos seguiram levando vantagem sobre o MIP, pois além de o uso de inseticidas não ser eliminado, esses produtos eram utilizados de maneira irracional.

Desde então, os adeptos do controle biológico têm defendido outro método, o Manejo Ecológico de Pragas (MEP), cujo objetivo é excluir integralmente o uso de venenos, inclusive aqueles autorizados por órgãos federais.

Vantagens e desvantagens do manejo ecológico

Como toda tecnologia, o manejo ecológico apresenta vantagens e desvantagens. Entre as primeiras, está o menor impacto sobre o meio ambiente, graças à diminuição do emprego de venenos sintéticos e à busca da manutenção do equilíbrio natural.

Além disso, o MEP elimina o aparecimento de casos de intoxicação por agrotóxicos (no que se refere ao Brasil, um dos principais problemas de saúde pública), ao mesmo tempo em que reduz a eliminação de organismos benéficos presentes nas lavouras.

Contudo, apesar de o MEP ter um preço inferior ao dos agrotóxicos, seu uso acaba saindo mais caro para a lavoura, pois os resultados demoram a aparecer. Assim, a maioria dos produtores acaba optando pelos pesticidas, sem pensar nas vantagens futuras oferecidas por um controle natural.