Desperdício - Alimento jogado fora põe em risco o ambiente
Os supermercados no Brasil jogam fora 13 milhões de toneladas de alimentos por ano. Nas feiras livres de São Paulo, mais de mil toneladas vão para o lixo todos os dias. Um quarto de toda produção nacional de frutas, verduras e legumes, não é aproveitada, segundo o programa Mesa São Paulo.
Só na Ceagesp (Central de Abastecimento para o Estado de São Paulo), 100 toneladas diárias de alimentos vão para o lixo - e dessas, entre 30% e 50% ainda são próprias para consumo, de acordo com a entidade.
Isso significa que entre 30 e 50 toneladas por dia de comida que poderiam alimentar a população carente são jogadas fora.
Comida no lixo
Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) mostram que o Brasil desperdiça 1,4% do Produto Interno Bruto (a soma de toda a riqueza o que o país produz em um ano). São cerca de R$ 17 bilhões jogados no lixo, quantia que pagaria a alimentação de 35 milhões de brasileiros, segundo cálculo da Secretaria de Abastecimento e Agricultura do Estado de São Paulo.
Os Estados Unidos, embora sejam os criadores dos bancos de alimentos que recebem doações de sobras e alimentos desperdiçados, jogam no lixo 18 mil toneladas de comida todos os dias.
Aterros e lixões
A enorme quantidade de lixo se deve ao aumento do poder aquisitivo e ao perfil de consumo de uma população. Além disso, quanto mais produtos industrializados existirem, mais lixo é produzido, como embalagens, garrafas etc.
Em torno de 88% do lixo doméstico brasileiro vai para o aterro sanitário. O resto, é depositado sem tratamento, em lixões. Nesses locais, há pessoas que vivem de catar o lixo - e boa parte delas são crianças. Por lidar com restos de comida, cacos de vidro, ferros retorcidos, plásticos pontiagudos e despejos com resíduos químicos, essas crianças sofrem de diarréias, tétano, febre tifóide, tuberculose, doenças gástricas e leptospirose.
Dano ambiental
Em lixões ou em aterros, o lixo sofre um processo de fermentação que gera dois produtos: o chorume e o gás metano. O chorume é o líquido resultante da decomposição de material orgânico - que também forma o gás metano.
Só em 2004, foram gastos R$10 milhões no município de São Paulo para controlar os riscos que esses materiais podem trazer ao ambiente e à população. Eles envenenam o solo e os lençóis freáticos e podem contaminar as regiões em torno dos depósitos de lixo. Mesmo os aterros desativados há anos continuam a gerar esses dois produtos, envenenando o ambiente.
O campeão no descarte
Qual é o material que se joga no lixo em maior quantidade? Antes de responder plástico, olhe em volta, no trabalho, nas escolas, nas ruas, em casa, nas lojas. O que mais se vê, além de plástico?
Cartazes, avisos, envelopes, boletos, caixas, cartões, lenços, toalhas, cadernos, agendas, livros, jornais, revistas, impressos, embalagens - tudo de papel. O papel é o material que mais jogamos fora. Em cada 100 kg de lixo, 39 kg são de papel.
Enquanto na União Européia e nos Estados Unidos cerca de 40% do lixo urbano é reciclado, no Brasil apenas 2% passam pelo processo de reciclagem. Isso acontece porque reciclar é 15 vezes mais caro do que jogar o lixo em aterros.
Pesticidas também oferecem risco
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), os países latino-americanos enfrentam um risco causado por milhares de toneladas de lixo tóxico proveniente de pesticidas obsoletos, ou que nunca foram usados, que se encontram espalhados por toda a região.
Estoques desses materiais perigosíssimos para a saúde e o meio ambiente podem chegar a 30 ou 50 mil toneladas. Para prevenir um desastre no futuro, a FAO começou a montar em nove países da América do Sul programas de treinamento de pessoal para a destruição desse tipo de lixo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.