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Ecodesign - Empresas investem no desenvolvimento sustentável

Edifício da empresa alemã Basf, que criou uma ferramenta de avaliação utilizada para analisar os produtos a partir de 22 referenciais e propor ecossoluções - Gewetz/GNU
Edifício da empresa alemã Basf, que criou uma ferramenta de avaliação utilizada para analisar os produtos a partir de 22 referenciais e propor ecossoluções Imagem: Gewetz/GNU

Ronaldo Decicino

Ecodesign é o termo utilizado para se nomear uma crescente tendência nos campos da arquitetura, da engenharia e do design, segundo a qual o objetivo dos profissionais dessas áreas deve ser o de projetar lugares, produtos e serviços que, de alguma forma, reduzam o uso de recursos não renováveis ou minimizem o impacto ambiental. O ecodesign é visto como um instrumento importante para o desenvolvimento sustentável.

No ecodesign, o ciclo de vida do produto é um dos aspectos verificados no processo de design, buscando, assim, reduzir a carga ambiental total com fornecedores, distribuidores, usuários, companhias de reciclagem e empresas de processamento.

Acredita-se que grande parte dos problemas ambientais foi causada pelo design convencional e pela indústria, pois desconsideraram os riscos e os impactos ambientais ao produzir bens e serviços.

Criar produtos e serviços de qualidade, que consumam cada vez menos insumos e matérias-primas, não é um desafio novo para as empresas. Há pelo menos duas décadas, algumas das principais companhias vêm buscando a ecoeficiência, a fim de atender mercados mais exigentes, melhorar a competitividade e aumentar a produtividade.

Um exemplo de ecoeficiência foi demonstrado pela empresa alemã Basf, que criou uma ferramenta de avaliação - a ACV (Avaliação de Ciclo de Vida) - utilizada para analisar os produtos a partir de 22 referenciais e propor ecossoluções.

No caso da Basf, uma das consequências da aplicação da ACV foi a substituição das embalagens cartonadas ou de vidro por embalagens plásticas. O vidro recebeu a pior avaliação, pois sua produção exige exploração maior do solo e mais espaço de armazenamento, além de oferecer maior risco de acidente. A embalagem cartonada perdeu pontos devido ao alto custo do seu processo de reciclagem.

Produtos mais eficientes no Brasil

A ACV, utilizada na Alemanha desde 1996 e nos Estados Unidos desde 2002, foi disponibilizada no Brasil a partir de 2005. A partir dessa data, começaram a surgir iniciativas para reciclar materiais e estender a vida útil de matérias-primas não renováveis.

Por meio do Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com instituições de ensino, órgãos oficiais e entidades empresariais, o Brasil começou a preparar seu próprio banco de dados para uso em ACV. Ao mesmo tempo, a indústria nacional vem concebendo produtos cada vez mais eficientes e deixando de lado matérias-primas antes usadas em larga escala, mas que poluíam demais o meio ambiente.

Como exemplo de produtos cada vez mais eficientes da indústria nacional, pode-se citar a criação de uma lavadora de roupas semiautomática. Para reduzir o custo do transporte, a máquina pesa apenas 6,8 quilos e é desmontável, o que permite que uma de suas partes seja encaixada na outra. Ou seja, ela ocupa 50% do espaço necessário para acomodar lavadoras convencionais em veículos e áreas de estoque. Além disso, demanda metade do plástico utilizado em sua fabricação e, quando em operação, consome um terço do volume de água utilizado nos outros modelos existentes. Acrescente-se que todas as peças dessa máquina são identificadas com a simbologia internacional da matéria-prima empregada, para facilitar o processo de reciclagem.

Já existem também propostas de celulares produzidos com materiais obtidos por processos que respeitam o meio ambiente. Esses aparelhos dispõem do mínimo necessário de funções e têm como foco o consumidor idoso.

Há também um software que fornece jeans sob medida, o que possibilita eliminar o desperdício de tecidos. E também chuveiros que diminuem o consumo de água, mas mantêm o jato forte; bacias e válvulas sanitárias que demandam o mínimo de água por descarga; e torneiras que lançam água misturada com ar para poupar o insumo, preservando a sensação de frescor.

O grande foco de atuação do ecodesign, especialmente no Brasil, está no setor automobilístico - a cadeia automotiva continua sendo a principal indústria do século 21. Os veículos evoluíram muito nos últimos 20 anos, passaram a incorporar motores mais eficientes e com capacidade para operar com vários tipos de combustível; peças de plástico recicláveis reduziram significativamente o seu peso; e vários componentes passaram a ser produzidos a partir de fibras longas naturais biodegradáveis (que substituíram as fibras de vidro) ou totalmente confeccionados em PET reciclado, como carpetes e revestimentos.

A importância dada ao meio ambiente ainda difere muito de empresa para empresa, mas isso certamente mudará à medida que se adquirir maior experiência. O ecodesign se tornará um dos elementos centrais em qualquer empresa, juntamente com as áreas de pesquisa e desenvolvimento, marketing, política de investimentos e inovação.

Princípios do ecodesign

- Escolha de materiais de baixo impacto ambiental: materiais menos poluentes, não tóxicos, que sejam feitos com materiais reciclados e que requeiram menos energia na fabricação.

- Eficiência energética: processos de fabricação que gastem menos energia.

- Qualidade e durabilidade: produtos que durem mais tempo e funcionem melhor, a fim de gerar menos lixo;

- Modularidade: objetos cujas peças possam ser trocadas em caso de defeito, sem a necessidade de substituir todo o produto, o que também gera menos lixo.

- Reutilização/reaproveitamento: objetos feitos a partir da reutilização ou reaproveitamento de outros objetos.

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