Idade da Terra - Fósseis e radioatividade revelam fases do planeta
Desde a Antigüidade, a busca por metais preciosos tem levado as pessoas a escavarem a Terra. Essa incansável procura por cobre, ouro e pedras preciosas acabou por revelar algo muito precioso: a história e a idade da Terra.
A partir do século 18, com a Revolução Industrial, o uso de máquinas tornou mais fácil a remoção dos solos. Abriram-se estradas, minas e canais e, com isso, os solos e as rochas abaixo da superfície ficaram cada vez mais expostos, revelando estratos rochosos com camadas compostas por solos diferentes e sobrepostos uns aos outros. Muitos destes estratos continham fósseis.
Sedimentação
As rochas trouxeram muita informação sobre o passado, em várias regiões. Assim surgiu a geologia - o estudo da Terra. Os cientistas, começaram a perceber que a história do planeta estava escrita nos estratos rochosos, que haviam sido criados pela ação das águas dos rios, mares e lagos. Observou-se que esses leitos não eram constituídos por água totalmente cristalina: sempre havia materiais, como areia, terra, poeira, entre outros, flutuando na água e, com o tempo, esses materiais iam se assentando no fundo, cobrindo as conchas e as rochas. A esse processo denomina-se sedimentação.
Quando as camadas vão se tornando maiores, os objetos enterrados são comprimidos e, às vezes, solidificam-se lentamente, cimentados por minerais como calcita ou sílica, provenientes da água do mar. Com o tempo, o terreno arenoso transforma-se em arenito. Esse processo pode explicar como os fósseis ficaram presos nas rochas e por que os fósseis mais antigos estavam mais no fundo.
As rochas formaram-se e ergueram-se lentamente. A construção de cada camada levou muito tempo. Uma estimativa fala em um milímetro em 100 anos. Uma camada pode, portanto, levar milhares de anos para se formar. Assim, os primeiros geólogos foram percebendo que as rochas tinham muito a esclarecer, como, por exemplo, o registro de um extenso período passado, que durou milhões de anos.
Reconstruindo a história
Dessa forma, os geólogos começaram a reconstruir a história do planeta e das formas de vida que existiram. Muitas eras geológicas receberam o nome dos locais onde rochas com fósseis importantes foram descobertos. Por exemplo, o nome do período em que reinavam os dinossauros, chamado Jurássico, vem das montanhas Jura, na Suíça.
Entre as várias questões levantadas, tentou-se entender como os fósseis do mar teriam subido até as montanhas. Percebeu-se que a sedimentação não era a única formadora das rochas. A sedimentação é o resultado da movimentação dos materiais de lugares altos para lugares baixos, como mares e lagos. Se a sedimentação fosse o único processo formador de rochas, as montanhas já teriam sido achatadas e o seu solo jogado no mar. O planeta Terra não teria mais solo, somente um vasto mar raso.
Apesar da longa história do planeta, algo constrói continuamente os solos e as montanhas, que são reciclados continuamente pelas inundações, terremotos, vulcões e outras catástrofes. Todas essas forças poderosas movimentam as rochas.
Assim, enquanto os estudos dos estratos sedimentares ocupam a geologia, sabe-se que ainda há muito mais a pesquisar. No século 19, o cientista britânico Charles Lyell (1797-1875) viajou para o sul da França e para a Itália, onde percebeu que o estrato recente poderia ser categorizado de acordo com o número e a proporção de conchas marinhas contidas nas rochas. Baseado nisso, ele propôs a divisão do período Terciário em três partes, as quais ele denominou Plioceno, Mioceno e Eoceno.
Radioatividade
Ah3ém das evidências de catástrofes repetidas, como as erupções vulcânicas, foram observadas rochas curvadas, em vez de quebradas, evidenciando que isso levaria milhares de anos para ocorrer. Lyell registrou também alterações dos litorais ao longo dos anos, constatando que o ciclo das rochas acontece há muito tempo.
Embora tenham ocorrido catástrofes e elas ainda ocorram, a maior parte das mudanças foi lenta e gradual. Lyell afirmou que as causas das mudanças sobre a face da Terra foram as mesmas que ainda acontecem hoje. Em outras palavras, o planeta Terra se comporta atualmente como se comportava no passado.
No fim do século 19, muito se sabia sobre a ordem dos eventos na história da Terra. Por exemplo, sabia-se que os Trilobites (filo primitivo de artrópodes) haviam surgido antes dos peixes e dos tubarões. Sabia-se que os peixes e os tubarões surgiram antes dos dinossauros. Que os dinossauros vieram antes dos mamíferos, e que os humanos vieram muito mais tarde. No entanto, ninguém sabia precisar a idade ou a origem dos fósseis encontrados nessa época.
Foi no início do século 20 que as rochas deram uma resposta a essas questões. O urânio, encontrado naturalmente nas rochas, seria a chave para descobrir a idade da Terra. Usando a radioatividade do urânio e de outros elementos, geólogos do século 20 puderam confirmar o quanto a Terra é antiga. A idade do planeta foi então estimada em 4,6 bilhões de anos, enquanto os fósseis mais antigos já encontrados datam de 3,7 milhões de anos.
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