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Nanotecnologia - Ciência passa por revolução em diferentes áreas

Ronaldo Decicino

A nanotecnologia é a engenharia de materiais em escala de átomos e moléculas. A partir do momento que os cientistas conseguiram manipular átomos e moléculas para produzir objetos funcionais em escala nanométrica, um leque de possibilidades tecnológicas surgiu em vários campos do conhecimento humano.

Novos produtos

Em termos de produtos desenvolvidos com nanotecnologia, já temos a língua eletrônica, um sensor para líquidos capaz de identificar os diferentes tipos de sabor. O dispositivo tem uma sensibilidade dez vezes maior que a língua do ser humano, o que representa excelentes resultados na diferenciação de bebidas com paladar semelhante, como, por exemplo, tipos de vinho, de café, de chá ou de água mineral. Outra vantagem da língua eletrônica é que ela evita a exposição de seres humanos a substâncias tóxicas ou de paladar desagradável.

Outro setor que tem investido em nanotecnologia é o alimentício. Para reduzir perdas durante o armazenamento, transporte e distribuição de alimentos frescos, pré-cortados e embalados, estão sendo desenvolvidos sistemas de embalagens (ativas e inteligentes) que monitoram não só a qualidade dos produtos, mas também a condição do ambiente que os circunda. Algumas dessas embalagens poderão ser, inclusive, comestíveis.

No setor têxtil já se desenvolveu um tecido com fibras recobertas de nanomaterial de prata, que dá ao tecido propriedades antimicrobiana, antiodor e termorreguladora, além de uma secagem rápida.

A nanotecnologia também promete avanços na área da saúde: medicamentos em cápsulas nanométricas, que só liberam o componente ativo do remédio na região doente do organismo, resultando em maior eficiência e evitando danos colaterais.

Estudos na área também garantem ganhos para o meio ambiente: foi desenvolvida uma tecnologia para limpeza de manchas de óleo no mar mais barata e mais eficaz do que a utilizada atualmente. Um pó composto de microesferas de plástico, de 0,1 milímetro, que contém nanopartículas magnéticas, é jogado sobre a mancha de óleo. O produto não deixa que a mancha se espalhe; e depois que o óleo é sugado pela bomba que o separa da água e das microesferas, estas últimas podem ser reaproveitadas.

Em 2001, na Europa, foi lançado um vidro autolimpante que, a partir da aplicação de uma película de material ativo, reage com a água, eliminando a sujeira quando, por exemplo, o vidro toma chuva. O Japão desenvolveu um removedor de odor de banheiro usando nanopartículas de ouro - e o produto não é caro, ao contrário do que se pode imaginar, uma vez que a quantidade de metal utilizada é muito pequena.

Investimentos

A nanotecnologia já movimenta somas gigantescas de dinheiro. A estimativa é de que, até 2015, o mercado global para produtos e processos baseados em nanotecnologia será de US$ 1 trilhão. Países como Estados Unidos, Japão e Canadá aplicam somas consideráveis na área. Afinal, essa tecnologia abre enorme perspectivas de novos materiais e aplicações, o que resultará numa verdadeira revolução na indústria de manufaturas.

O Brasil, por meio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), tem buscado participação ativa nessa área. Além da formação de Redes Cooperativas de Pesquisa Básica e Aplicada em Nanociência e Nanotecnologia, apoiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vêm sendo formados, desde 2001, mais de 500 pesquisadores em nanotecnologia e nanociência, nos níveis de mestrado e doutorado.

Fora isso, o volume de recursos destinados à nanotecnologia vem crescendo ano a ano. Entre 2001 e 2002, o MCT investiu R$ 3 milhões nessa área. Em 2003 o valor aumentou para R$ 11,7 milhões. Em 2005, com o lançamento do Programa Nacional de Desenvolvimento da Nanociência e Nanotecnologia, foram aplicados R$ 71 milhões. Em 2008, o valor saltou para R$ 78 milhões.

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