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Poluição nas cidades - Problemas ambientais urbanos aumentam no Brasil

Ronaldo Decicino

A partir da Revolução Industrial os problemas ambientais começaram a agravar-se cada vez mais, primeiro nos atuais países desenvolvidos e depois no mundo todo. Nas últimas décadas, os problemas ambientais se avolumaram ainda mais, em decorrência da expansão das atividades econômicas que se concentram nas cidades.

Essa concentração acarreta problemas de poluição do ar e da água, gerando situações de graves riscos para a saúde da população. Os problemas são maiores sobretudo para um grande número de famílias mais pobres que residem exatamente nos lugares mais poluídos, porque são desvalorizados. De um modo geral, os problemas ecológicos são mais intensos nas grandes cidades do que nas pequenas ou no meio rural.

A questão ambiental é uma conseqüência da modernidade, que ao mesmo tempo em que amplia a qualidade de vida, também ocasiona uma série de impactos ambientais negativos: poluição atmosférica que leva à formação de chuva ácida, efeito estufa, inversão térmica, ilhas de calor, poluição sonora e visual, poluição no trânsito freqüentemente congestionado pelo predomínio do automóvel particular, carência de áreas verdes, acúmulo de lixo em locais não apropriados, falta de esgotos e falta do reaproveitamento ou reciclagem do lixo, entre outros.

Principais problemas ambientais

Entre os principais problemas ambientais urbanos podemos destacar:

  • Poluição do ar A contaminação por resíduos tóxicos, derivados tanto da atividade industrial como do uso intenso de veículos, tornou-se um grave problema para a saúde e o bem-estar da população nos grandes centros urbanos.

Um indivíduo absorve em média, por dia, 1,5 kg de alimento, cerca de 2 litros de água e aproximadamente 15 kg de ar atmosférico. Respirar em locais onde o ar é excessivamente poluído afeta sensivelmente a saúde. Há dias em que respirar no centro da cidade de São Paulo, por exemplo, equivale a fumar cerca de 40 cigarros de uma só vez. Entre as principais substâncias poluentes da atmosfera das grandes cidades, destacam-se o dióxido de enxofre, o monóxido e o dióxido de carbono, os óxidos de nitrogênio e os hidrocarbonetos gasosos.
 

  • Poluição sonora O barulho excessivo, típico dos grandes centros urbanos, é gerado pelos veículos em circulação, obras em construção, britadeiras, vendedores ambulantes etc. Esse barulho freqüente pode provocar a diminuição da capacidade auditiva, além de distúrbios e neuroses. São Paulo, por exemplo, está entre as cidades com maior poluição sonora no mundo, com áreas que apresentam índices entre 75 e 85 decibéis - índices acima do suportável pela audição humana (65 decibéis).

 

  • Poluição visual Um bom exemplo é o elevado número de cartazes publicitários que exploram o espaço urbano. São outdoors, placas, cartazes, telões, painéis eletrônicos, faixas e luzes que, além de causar cansaço e irritabilidade entre as pessoas que transitam diariamente pela cidade, em inúmeros casos faz propaganda de produtos inacessíveis à maioria da população, como moradias e carros luxuosos, iates etc., ou trazem produtos nocivos à saúde, como cigarros e bebidas.

Em São Paulo foi criada a Lei Cidade Limpa (lei 14.223), com o objetivo de se ter uma cidade com paisagem mais ordenada. A Lei Cidade Limpa busca, entre outras ações, atacar a poluição visual e a degradação ambiental com a proibição de anúncios publicitários nos lotes urbanos como muros, coberturas e laterais de edifícios, além de publicidade em carros, ônibus, motos, bicicletas etc. Dessa forma busca-se preservar a memória cultural e histórica, além de facilitar a visualização das características das ruas, avenidas, fachadas e elementos naturais e construídos da cidade.

Acúmulo de lixo e de esgotos O Brasil produz quase 100 mil toneladas de lixo doméstico por dia. Sem contar o lixo hospitalar, radioativo e industrial. Todo esse material pode ter quatro destinos diferentes: depósitos a céu aberto (lixões), aterros sanitários, incineração ou reciclagem. Os lixões são os mais utilizados. Causam problemas de poluição das águas subterrâneas e, além disso, esgotos e resíduos industriais são despejados em rios, que normalmente "morrem", tornando-se imundos e malcheirosos. O acúmulo de lixo urbano é responsável por altos índices de doenças, além da poluição do ar, do solo e das águas que abastecem a cidade.

 

  • Congestionamentos freqüentes O grande número de automóveis particulares, que substituem o uso do transporte coletivo, causa, além da poluição do ar, lentidão no deslocamento das pessoas, devido ao trânsito freqüentemente congestionado. Essa situação, por se referir à qualidade de vida da população e ao meio ambiente, também se torna um problema ecológico ou ambiental.

 

  • Carência de áreas verdes A falta de reservas florestais, parques e praças com muitas árvores agrava a poluição atmosférica, já que as plantas contribuem para a renovação do oxigênio do ar. A falta de áreas verdes também diminui as opções de lazer da população. Foi estabelecido internacionalmente que são necessários 16 m2 de área verde por habitante. Em São Paulo, por exemplo, existem apenas 4,5 m2 por habitante.

 

  • Chuva ácida A combinação da água das chuvas com um grande número de substâncias poluentes criadas pela queima de combustíveis fósseis provoca a precipitação de ácido sulfúrico e ácido nítrico diluídos, a chamada chuva ácida. Essas substâncias matam peixes e destroem florestas e plantações. Além disso, a chuva ácida tem efeito corrosivo para monumentos, paredes de casas e edifícios, estátuas, veículos, turbinas hidrelétricas etc.

 

  • Inversão térmica A inversão térmica em si não é um problema, mas apenas um fenômeno da natureza. O problema aparece quando o homem produz poluentes cuja dispersão impede a inversão térmica. Nas grandes metrópoles, consiste num processo cujo ar situado próximo à superfície, que em condições normais é mais quente do que o ar que está mais alto, torna-se mais frio que o ar das camadas térmicas elevadas. Como o ar frio é mais pesado que o ar quente, ele impede que o ar mais quente desça e com isso os resíduos poluidores não se dissipam e vão ficando retidos perto da superfície, agravando os efeitos da poluição, tal como irritação nos olhos e doenças respiratórias.

 

  • Ilhas de calor Nos espaços urbanos é comum a diferença de temperatura entre a região central, mais quente, e a periferia, com menor temperatura. Essa diferença é provocada especialmente na parte central das cidades, onde os enormes edifícios que surgem limitam a ação dos ventos, além do grande volume de poluentes que são lançados por automóveis e indústrias e também pela rápida absorção de calor pelo asfalto e concreto, provocando verdadeiras "ilhas de calor". Estudos mostram que a área de "ilha de calor" na região metropolitana de São Paulo é uma das maiores do mundo, com diferença de até 10 graus centígrados entre as temperaturas do centro e da periferia.

As cidades crescem, se modificam, não são planejadas, unem povos e servem de palco para várias ocasiões. Para viver nas cidades o homem deverá aprender a seguir regras e respeitar o espaço público. Atualmente o grande desafio é encontrar soluções para problemas ambientais urbanos que têm se agravado a cada dia. Enquanto os homens se reúnem para condenar ou orientar o que outros homens fazem, a natureza espera.