História da cartografia - Como surgiram os primeiros mapas
Cláudio Mendonça
Antes da invenção da escrita os homens já faziam mapas para representar os lugares onde viviam e por onde passavam. Com o aparecimento das primeiras civilizações, na Mesopotâmia, na Grécia, no Egito e na China e a expansão de seus territórios, os mapas passaram a ter ainda maior importância. Era necessário conhecer os limites das áreas dominadas e as possibilidades de ampliação de suas fronteiras.
Mais que uma ferramenta de orientação e de localização, os mapas se transformaram numa técnica fundamental para a expansão das civilizações e o seu desenvolvimento técnico acabou sendo colocado a serviço do poder. Eles se tornaram um instrumento fundamental para definir estratégias militares, na conquista de novos territórios e de outros povos.
Através dos mapas, também, os governos organizavam a cobrança de impostos das regiões submetidas a grandes impérios, definiam as rotas militares e comerciais e sintetizavam as principais informações acerca do espaço geográfico que lhes interessava.
Cartas de navegação
O desenvolvimento da navegação, no século 13, exigiu a elaboração de mapas cada vez mais precisos para apoiar o deslocamento a lugares cada vez mais distante. Surgiram, neste período, as cartas de navegação ou cartas portulanas, criadas pelos navegadores genoveses (Itália), que precederam Cristóvão Colombo.
As cartas portulanas utilizaram a bússola para demarcar as direções dos locais conhecidos, a partir de um ponto de referência. Esse tipo de mapas também chamados pelos portugueses de "cartas de marear", só puderam ser elaborados com a popularização do uso da bússola, conhecida há aproximadamente 2.000 anos, mas introduzida na Europa apenas por volta do século 12.
As grandes navegações européias, nos séculos 15 e 16, marcaram a conquista do oceano Atlântico. Era necessário descobrir novas rotas comerciais.
Portugal e Espanha, os primeiros Estados a se consolidar na Idade Moderna, lançaram-se ao desafio de buscar as mercadorias extraídas ou produzidas no Oriente, através do Atlântico. Novas formas invenções e aperfeiçoamentos técnicos na arte de navegar tornaram possível a navegação para lugares nunca antes conhecidos. A invenção das caravelas, o aperfeiçoamento a bússola, a invenção do astrolábio (instrumento que indicava a inclinação do Sol e permitia determinar a posição da embarcação em relação à linha do Equador) e outros instrumentos viabilizaram tal empreendimento.
Os portugueses contornaram o continente africano, sem ter idéia das distâncias e dificuldades que separavam o reino português das mercadorias do Oriente. Os investimentos eram caríssimos e de alto risco. Várias embarcações desapareceram e milhares de vidas foram perdidas nesses empreendimentos. O caminho perseguido pelos portugueses era correto. Quando comparado à opção espanhola era também o mais viável. Mas, naquele momento, ninguém conhecia suficientemente o mundo para ter essa certeza.
Portugueses e espanhóis dessa época chegaram a um conhecimento bastante amplo do mundo e representaram este novo horizonte geográfico, através dos mapas. Excluindo a Antártida, a visão da distribuição das terras e das águas tornou-se muito próxima da que temos na atualidade.