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Timor Leste - Uma nação jovem, pobre e vítima de conflitos internos

Jovens em caminhão em Dili, no Timor Leste Imagem: Sonny Tumbelaka/AFP

Luiz Carlos Parejo

(Atualizado em 08/01/2014, às 15h53)

A ilha do Timor está localizada ao sul da Indonésia, em latitudes em torno de 9º sul, próximo à Austrália, o que lhe confere um clima quente e úmido. A parte oeste pertence à Indonésia e a parte leste tornou-se um país independente em 20 de maio de 2005. O Timor Leste é um dos países mais jovens e pobres do mundo.

A moeda do país é o dólar americano e as principais fontes de renda são a exportação de café e a renda obtida através da exploração de petróleo após a assinatura de um acordo com a Austrália em 2006.

O petróleo está em uma área marítima de disputa territorial entre os dois países, assim, pelo contrato, metade da renda vai para a Austrália e metade para o Timor Leste.

A população do Timor Leste gira em torno de um milhão de habitantes, que vive em uma área de 14.609Km2. Em sua maioria, são católicos (84,8%) e morram na zona rural (cerca de 75%). A capital do país é Dili.

Ocupações estrangeiras

No século 16, durante as Grandes Navegações, os portugueses ocuparam a ilha e lá estabeleceram entrepostos comerciais. Mais tarde, os holandeses ocuparam a parte oeste do Timor e Portugal abriu mão dessa área em 1914.

Na Segunda Guerra Mundial, o Japão ocupou a ilha, mas, com sua derrota no conflito, o Timor voltou a suas antigas metrópoles. No final da década de 1940, a Holanda entregou a parte oeste para a Indonésia.

Em 1975, o Timor Leste se tornou independente de Portugal. Da disputa pelo poder entre a UDT (União Democrática Timorense) e a Fretilin (Frente Revolucionária do Timor Leste Independente), de esquerda, resultou a vitória desta última. A ascensão de um governo socialista no Timor Leste provocou a invasão do país pela Indonésia, governada pelo general Suharto, ditador de direita.

Os timorenses iniciaram, então, uma guerrilha comandada por João Alexandre (Xanana) Gusmão, líder da Fretilin. Xanana Gusmão chegou a ser preso em 1992 e condenado à prisão perpétua. O governo Suharto iniciou uma forte e violenta repressão que resultou em mais de 180 mil timorenses mortos.

Independência

A luta pela independência frente à Indonésia ganhou reconhecimento internacional quando o bispo Carlos Ximenes Belo e o líder da Fretilin José Ramos-Horta ganharam o Prêmio Nobel da Paz, em 1996, e Nelson Mandela visitou Xanana Gusmão na prisão em 1997. Predominantemente, a população do Timor Leste possui língua e religião diferentes da Indonésia, o que aumentou as justificativas para a independência e apoio internacional.

Em 1998 o general Suharto se retirou do poder e as negociações para a independência do Timor resultaram na realização de um referendo em 1999. Cerca de 78% dos timorenses votantes decidiram pela independência. Em retaliação, milícias indonésias apoiadas pelo exército realizaram massacres contra timorenses, o que provocou uma intervenção de tropas da ONU.

A administração do Timor Leste passou a ser conduzida pela ONU, através do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, até a posse do presidente Xanana Gusmão (eleito em 2001 e empossado em 2002), quando a nova Constituição entrou em vigor. O Timor Leste tornou-se efetivamente independente. As tropas e funcionários da ONU permaneceram no país, porém, como missão de apoio.

Em 2006, um grupo de 598 militares do exército timorense (o número total das tropas é de 1250 soldados), liderados por Alfredo Reinaldo, se rebelaram contra as normas de promoção interna na instituição e pediram mudanças que diminuiriam os obstáculos de ascensão para os soldados originários do setor oeste da ilha do Timor.

O Primeiro-ministro Mari Alkatiri expulsou das tropas os revoltosos e teve início uma série de confrontos que levou à morte de 37 pessoas e o deslocamento de 155 mil. Semanas depois, Alkatiri renunciou, como forma de tentar evitar o acirramento do conflito. O presidente Xanana Gusmão indicou José Ramos-Horta como Primeiro-ministro.

Para conter a rebelião, o Timor Leste solicitou auxílio militar à Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal, que enviaram um total de aproximadamente 1.900 homens. Após várias negociações, rendições temporárias e fuga da prisão chegou-se a um impasse e o presidente Xanana Gusmão determinou a intervenção no exército e a prisão definitiva de Alfredo Reinaldo, em março de 2007.

Desdobramentos da rebelião

Em abril do mesmo ano, ocorreram eleições. José Ramos-Horta foi eleito presidente e Xanana Gusmão tornou-se primeiro-ministro. O presidente teria feito um acordo com o rebelde Alfredo Reinaldo que deporia as armas, seria preso e receberia perdão presidencial.

Apesar dos acordos, em 10 de Fevereiro de 2008, Horta sofreu um atentado em sua casa e foi hospitalizado. Os responsáveis pelo ataque também efetuaram disparos contra a residência do primeiro ministro do país Xanana Gusmão. Na ocasião, os guardas da casa do presidente mataram o rebelde Alfredo Reinaldo.

O Parlamento declarou estado de emergência e as tropas internacionais e do governo avançam em direção às montanhas onde estariam escondidos os revoltosos. Ainda não se pode prever os desdobramentos dos fatos, mas, aparentemente, a situação política e econômica do Timor Leste não deve sofrer grandes alterações.

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