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Tuberculose - Doença é grave problema de saúde pública

Teste Mantoux: injeção subcutânea para a detecção da tuberculose - CDC/Wikimedia Commons
Teste Mantoux: injeção subcutânea para a detecção da tuberculose Imagem: CDC/Wikimedia Commons

Ronaldo Decicino

A tuberculose é conhecida há cerca de seis mil anos, mas sua cura só foi encontrada em 24 de março de 1882, quando o bacteriologista Robert Koch descobriu o bacilo Mycobacterium tuberculosis, agente causador da doença, também conhecido como bacilo de Koch.

No entanto, a tuberculose continua sendo um grave problema de saúde pública. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um terço da humanidade está contaminado - e desses dois bilhões de pessoas, a cada ano nove milhões desenvolverão a doença e 1,7 milhão morrerão: um indivíduo a cada 18,5 segundos.

Em termos de prevenção, tratamento e cura, o primeiro marco importante foi o surgimento da vacina BCG, abreviatura de bacilo de Calmete-Guérin, designação inspirada nos sobrenomes de Albert Calmette e Camille Guérin, criadores, em 1921, da vacina utilizada até hoje.

A tuberculose já deveria estar sob controle, mas isso não ocorre por se tratar de uma enfermidade ligada às condições socioeconômicas da população. Fatores como desnutrição e o aparecimento de novas cepas (variante genética específica de um organismo) de bactérias, resistentes ao tratamento, contribuem para dificultar o controle. Além disso, a vacina não é 100% eficaz.

Contaminação

Cada portador do bacilo pode contaminar outras dez pessoas, o que colabora para a propagação da enfermidade - uma vez no organismo da pessoa, o bacilo vive enquanto o indivíduo infectado viver. Através da tosse, de espirros e da fala, microorganismos chegam ao exterior, onde podem infectar novas vitimas.

Quanto maior o número de infectados e de contatos entre eles e outros indivíduos, como ocorre nas grandes aglomerações, mais facilmente o bacilo se espalha. A bactéria causadora da tuberculose é transportada por partículas úmidas que ficam pairando no ar e podem permanecer suspensas durante horas, prontas para serem inaladas por outras pessoas.

Países pobres

Tanto na Europa como nos Estados Unidos, a doença voltou a contaminar pessoas. Como o bacilo fica instalado no organismo enquanto seu portador viver, a melhoria da qualidade de vida e o aumento da longevidade acabaram facilitando o surgimento de novas fontes de transmissão - muitos idosos, contaminados no decênio de 1940, tornaram-se transmissores da doença nas últimas décadas.

A situação mais grave, contudo, encontra-se nas nações pobres ou em desenvolvimento. Em países como África e nas regiões do Mediterrâneo oriental e sudeste asiático o número de infectados continua aumentando. Os países mais pobres apresentam registros de 95% de novos infectados contra 5% nos países avançados.

Situação brasileira

O Brasil registra queda no número de casos desde 1999, mas ainda se destaca, negativamente, no cenário mundial. Com uma incidência de 47 casos a cada grupo de 100 mil habitantes, o país ocupa o 15º lugar entre as 22 nações responsáveis por 80% do total de pacientes no mundo. Acredita-se que existem no país, hoje, 60 milhões de contaminados, com 110 mil novos casos por ano - e cinco mil mortes anuais.

São Paulo e Rio de Janeiro são os dois municípios com mais pacientes novos por ano, cerca de 6 mil em cada um.

O controle da tuberculose será alcançado apenas quando a sociedade e os governos assumirem que precisam atuar de modo conjunto, buscando erradicar a miséria, a fome e as más condições de habitação das populações carentes, pois a periferia das grandes cidades e os bolsões de pobreza, como as favelas, continuam sendo o maior obstáculo no combate à doença.

Para a OMS, o desafio é reduzir pela metade, até 2015, o número de casos e de mortes causadas pela tuberculose, além de eliminar a doença como problema de saúde pública até 2050, atingindo a taxa de um caso por milhão de habitantes.

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