Cleópatra (2) - Júlio César controla Roma e Egito, mas é morto no Senado
- Cleópatra (1) - Rainha do Egito protagonizou o fim da república romana
- Cleópatra (3) - Usando da sedução para manter o reino e o poder
Inicialmente, os generais Pompeu e Júlio César foram aliados políticos. Em 60 a.C. eles formaram, com Crasso - então o homem mais rico de Roma - uma aliança que se tornou conhecida como primeiro triunvirato. Num certo momento, os três ausentaram-se de Roma. Crasso lutava contra os partas, no Oriente; Pompeu fora nomeado chefe do exército romano na Espanha; César estava na Gália, envolvido numa guerra longa e exaustiva.
Em 50 a.C., após conquistar definitivamente a Gália, César e suas tropas atravessaram o rio Rubicão e entraram em Roma. Antes mesmo de entrar na cidade, César sabia que ele e Pompeu não eram mais aliados: o Senado, principal reduto dos inimigos de César, estava do lado de Pompeu, que, nomeado cônsul único, tinha plenos poderes.
Ao chegar a Roma, César encontrou a cidade imersa no caos. Ele restabeleceu a ordem, o que lhe deu ainda maior popularidade. Naquele momento, o exército de Pompeu, que estava na Espanha, fugiu para a Grécia. O exército de César perseguiu o de Pompeu, derrotando-o em Farsália, na Grécia, em 48 a.C.
Na República Romana, generais que saíam vitoriosos de campanhas militares conquistavam popularidade e prestígio político. Foi assim com Pompeu, quando ele conquistou a Síria e a Palestina; foi assim com César, quando ele chegou a Roma após ter conquistado a Gália. Disputas políticas que terminavam em guerra civil foram uma constante na história romana. Essas disputas afetaram não apenas Roma, mas também o Egito.
A disputa pelo trono egípcio
Cleópatra subiu ao trono quatro anos após a morte de seu pai, Ptolomeu 12. Tinha 18 anos de idade. Casou-se com seu próprio irmão, Ptolomeu 13, oito anos mais novo. Casamentos entre irmãos eram uma tradição na dinastia dos Ptolomeus. Além disso, ao casar-se com seu irmão, Cleópatra cumpria uma determinação do testamento de seu pai, que fora depositado no templo de Vesta, em Roma, com Pompeu como testemunha.
A jovem rainha tentou governar sozinha, mas teve que enfrentar a oposição dos tutores do irmão. Logo percebeu que, para conseguir governar, precisaria da proteção de algum poderoso líder romano, Pompeu ou César. Inicialmente, tomou partido por Pompeu, a quem enviou mantimentos e tropas para ajudar na guerra contra César.
Os tutores de Ptolomeu 13 incitaram uma revolta em Alexandria, que na época tinha cerca de um milhão de habitantes, fato que obrigou Cleópatra a abandonar o trono e fugir para a Síria. Na mesma época, após seu exército ser derrotado na Grécia, Pompeu fugiu para o Egito, em busca de asilo político. Mas foi assassinado logo que desembarcou por partidários de Ptolomeu 13, que, com isso, esperavam agradar a César e eliminar as chances de Cleópatra voltar ao trono.
Mediador entre os irmãos
César viajou ao Egito não apenas para perseguir Pompeu, que já estava derrotado e com os dias contados, mas para cobrar uma quantia em dinheiro que o Egito devia ao tesouro romano desde o reinado do pai de Cleópatra. Contrariando as expectativas dos partidários de Ptolomeu 13, César não tomou partido na disputa pelo trono egípcio. Ele exigiu que Ptolomeu 13 e Cleópatra se apresentassem, a fim de mediar a disputa entre os dois irmãos.
Quando César chegou ao Egito, Cleópatra ainda estava na Síria. Entrar no palácio em Alexandria não seria tarefa fácil para ela, pois os partidários de seu irmão controlavam todos os acessos. Segundo as fontes antigas, para entrar sem ser vista, Cleópatra escondeu-se num tapete que um subordinado levou para o palácio. O tapete foi desenrolado diante de César, revelando a presença da rainha egípcia. César e Cleópatra não apenas discutiram política como passaram a noite juntos.
Apesar dessa intimidade, ele se mostrou imparcial na disputa pelo trono egípcio, restabelecendo o reinado conjunto de ambos os irmãos. Ptolomeu 13, quando soube do encontro entre sua irmã e César, incitou o povo de Alexandria a rebelar-se contra os romanos. César e seu exército foram cercados, sitiados no palácio. Os reforços para ajudar César apareceram meses depois, mas conseguiram derrotar os aliados de Ptolomeu. O jovem faraó foi encontrado morto por afogamento no rio Nilo. Seguindo a tradição egípcia, Cleópatra se casou com seu último irmão, Ptolomeu 14, dez anos mais jovem do que ela.
Cleópatra e César
O romance entre César e Cleópatra tornou-se notório. Durante dois meses César passeou de barco pelo Nilo na companhia da amante. No entanto, segundo historiadores, o principal motivo da permanência de César no Egito foi outro: abril era o mês da colheita do trigo no Egito e César aproveitou a ocasião para estocar seus navios com o cereal. A maior parte do trigo consumido em Roma vinha do Egito.
Em julho de 47 a.C. Cleópatra deu à luz a um menino, que recebeu o nome de Ptolomeu 15, mais conhecido como Cesário. Júlio César reconheceu a paternidade da criança. No entanto, alguns historiadores atuais põem em dúvida o fato de o verdadeiro pai ser mesmo Júlio César. Cleópatra tinha esperança de que seu filho se tornasse não apenas herdeiro do reino do Egito, mas também de César.
Se isso acontecesse, Cesário se tornaria governante de um império semelhante ao de Alexandre da Macedônia. Para César, o nascimento do filho de Cleópatra também foi conveniente: sendo oficialmente o pai do herdeiro do trono egípcio, ele podia garantir o envio do trigo do Egito para Roma sem maiores despesas para os cofres romanos. Júlio César não se casou com Cleópatra pois já era casado com uma romana, Calpurnia, com quem jamais teve filhos.
Em 44 a.C. Júlio César foi assassinado em Roma por um grupo de senadores, que o acusaram de querer ser rei, o que significaria o fim da República e a volta da monarquia. Eles não imaginavam que o assassinato de César criaria condições favoráveis para o fim da República e o início de uma guerra civil. Para surpresa de Cleópatra, o testamento de César designava Otávio, seu sobrinho, e não Cesário, como seu principal herdeiro.
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