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Império Mongol (1) - A história de Genghis Khan, o líder do Império Mongol

Túlio Vilela

"...e a todos que encontrava ...uô, ô, ô, ô ...matava e queimava... rá, rá, rá, rá... era o mais temido dos mortais..." Este era o refrão da versão brasileira da música Genghis Khan, cantada pelo conjunto de mesmo nome. Exageros à parte, a letra da música tem um fundo de verdade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para construir e manter o seu império, o verdadeiro Genghis Khan, fundador do Império Mongol, fez uso constante da violência e da coerção. No entanto, o mesmo pode ser dito a respeito de praticamente todos os outros fundadores de impérios. O que chama a atenção, no caso de Genghis Khan, é o fato de ele ter conquistado um território tão vasto, que ia do Mar da China ao Cáucaso, com tanta rapidez.

Para isso, ele e seu exército realizaram uma série de massacres, matando milhões de pessoas e devastando áreas enormes. O mais incrível disso tudo é que os mongóis eram um povo nômade que desconhecia a agricultura e sequer tinha escrita. Eram nômades e viviam espalhados, sem um Estado que os unificasse.

Temudjin ou Genghis Khan

Genghis Khan nasceu provavelmente por volta do ano 1160 e morreu em 1227. Portanto, viveu cerca de 65 anos, apesar de algumas fontes mencionarem que ele tenha morrido com pouco mais de 70 anos. Os próprios mongóis não sabiam qual era a idade de Genghis Khan, o que não é de surpreender em um povo que não possuía escrita e, portanto, não registrava as datas de nascimentos.

Em todo caso, o que podemos afirmar é que ele morreu com uma idade bem superior à expectativa média de vida na época. Seu verdadeiro nome era Temudjin. Ele nasceu no noroeste da Mongólia, região que até o século 12 estava sob o domínio dos turcos. Naquela época, os mongóis estavam divididos em clãs e tribos, cada uma governada por um senhor ("khan") diferente.

Pai assassinado

Um desses senhores era o pai de Temudjin, cujo nome era Yesugei, também chamado de Kabul Khan. Esses senhores se impunham mais pela força bruta do que pela origem familiar e havia muita rivalidade entre eles. Quando Temudjin tinha mais ou menos oito anos de idade, seu pai morreu envenenado por membros da tribo dos tártaros.

Após a morte do pai, Temudjin e sua família foram abandonados pelo seu próprio clã e obrigados a sobreviver na estepe com poucas posses. A família era composta pelas duas esposas de seu falecido pai e por seus cinco irmãos (três deles filhos da mãe de Temudjin, que foi a primeira esposa de seu pai).

Segundo algumas fontes, o clã teria levado todos os cavalos e deixado Temudjin e sua família sem montaria, outras afirmam que o clã teria deixado uns poucos cavalos. Seja como for, a ausência ou quantidade insuficiente de cavalos dificultou ainda mais a sobrevivência da família na estepe.

Leite de égua

Os mongóis, que eram conhecidos como exímios cavaleiros, os cavalos eram valiosos como meio de transporte, instrumento de batalha (tanto para ataques quanto em fugas) e para o pastoreio. Além disso, as famílias mongóis tinham o hábito de consumir leite de égua.

A família de Temudjin acabou sobrevivendo da caça, da pesca e da coleta de frutos. Acredita-se que clãs solidários teriam feito doações à família, o que teria permitido que recuperassem a riqueza que haviam perdido. Como era hábito entre os mongóis, ainda criança, Temudjin foi treinado no manejo do arco e flecha.

Ele e os irmãos já disputavam a futura liderança do grupo. Assim, quando tinha cerca de 15 anos, Temudjin matou um de seus irmãos, filho da segunda esposa de seu pai, com uma flechada durante uma pescaria. Foi o primeiro de uma longa série de adversários que Temudjin eliminou.

Sequestro de mulheres

Entre os clãs mongóis, qualquer fato podia servir de motivo ou pretexto para lutas e vinganças. Os mais comuns eram sequestro de mulheres, roubo de cavalos e desacordo quanto à divisão dos bens saqueados em suas pilhagens.

Quando Temudjin tinha mais ou menos 20 anos de idade, sua esposa, cujo nome era Borte, foi sequestrada pela tribo dos merquitas. Tratava-se de uma vingança: a própria mãe de Temudijin era dessa tribo e havia sido sequestrada pelo pai de Temudjin. Para reaver a esposa, ele precisou da ajuda de dois aliados: Toghrul, líder da poderosa tribo dos caraítas, e de Jamuka, amigo de infância e chefe de um clã.

Gravidez suspeita

A batalha para reaver a esposa aumentou o prestígio e a influência de Temudjin sobre os povos da região. Ele conseguiu a esposa de volta, mas grávida. Dessa gravidez, nasceu Jochi, considerado o primogênito da família. No entanto, devido às circunstâncias, sempre pairaram dúvidas se Jochi era ou não filho de Temudjin. Apesar disso, ao que tudo indica, Temudjin jamais duvidou da sua paternidade e reconheceu Jochi como seu filho.

Depois de Jochi, a esposa de Temudjin teve outros três filhos: Chagatai, Ogedei e Tolui. Chagatai que pretendia suceder o pai, acusava Jochi de não ser filho de Temudjin. Para acabar com a discussão, o líder mongol escolheu como sucessor seu terceiro filho, Ogedei. Jochi morreu em 1226, um ano antes do pai. Alguns autores chegaram a especular que ele teria sido secretamente envenenado por ordem do próprio pai, mas a maioria dos historiadores descarta essa hipótese.

Alianças nada duradouras

As alianças entre os clãs mongóis eram momentâneas: o aliado de ontem podia se tornar o adversário do dia seguinte.

Após a vitória sobre os merquitas, Temudjin e Jamuka, seu antigo amigo de infância, passaram a disputar a liderança nas estepes. Por causa disso, em 1187, teve início uma guerra, quando Jamuka reuniu um exército e atacou o território controlado por Temudjin. Os que morreram durante a batalha tiveram mais sorte do que os que foram aprisionados: os comandantes do exército de Temudjin foram fervidos em caldeirões e o próprio Jamuka desfilou no campo de batalha com as cabeças de dois inimigos amarradas ao seu cavalo.

Morte aos traidores

Para escapar do inimigo, Temudjin refugiou-se na China. Foram quase dez anos de exílio. Anos mais tarde, os dois se encontraram de novo numa batalha. Ao perceber que seria derrotado, Jamuka fugiu. Durante a fuga, alguns de seus homens mudaram de lado, prenderam-no e o entregaram a Temudjin. Os traidores pensavam que agindo desse modo, seriam recompensados por Temudjin.

Estavam enganados, pois Temudjin não aceitava traições, mesmo que fossem cometidas contra seus inimigos. Ele ordenou que os traidores fossem presos e tivessem as cabeças cortadas. Jamuka teve sua execução adiada, para que antes pudesse assistir à morte de seus traidores.

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