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Pré-história e genética - Cientistas estão completando a sequência do DNA dos neandertais

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

O mais próximo parente do homem moderno, o neandertal, teve parte do seu DNA sequenciado durante o ano de 2006. Com isso genômica, simultaneamente, acaba de dar um passo para trás e um salto para a frente. Um passo em direção a milhares de anos no passado, que é um avanço importante para entender melhor e evolução humana.

Em artigo publicado na revista "Nature" (edição de 16/11/06), um grupo internacional de pesquisadores liderado por Svante Pääbo, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, na Alemanha, descreve a análise de 1 milhão de pares de base do DNA do Homo neanderthalensis.

A análise detalhada do genoma da espécie, extinta há cerca de 30 mil anos, oferece uma oportunidade inédita para conhecer as mudanças genéticas que acompanharam a transição dos antigos hominídeos ao homem moderno. Ou seja, os "elos perdidos" da teoria da evolução vão sendo encontrados.

Separação das espécies

Os cientistas compararam os pares de base do DNA de um fóssil de 38 mil anos, encontrado na Croácia, com os genomas do homem e do chimpanzé. Os resultados sugerem que o neandertal e o homem se separaram em espécies distintas há cerca de 516 mil anos.

Outro estudo, publicado na "Science" (edição de 17/11/06), feito por um grupo diferente, mas em colaboração com a equipe de Pääbo, aponta que o mais recente ancestral comum às duas espécies teria vivido há cerca de 706 mil anos.

Essa segunda pesquisa, liderada por Edward Rubin, do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, nos Estados Unidos, examinou 65 mil pares de base do DNA do neandertal e estimou que a espécie tem 99,5% de seu genoma idêntico ao do homem moderno.

Apesar da semelhança, não há evidências de extensivos cruzamentos entre as espécies ou de que o neandertal tenha contribuído para a assinatura genética do homem. O que o resultado destaca é que está no mero 0,5% restante o alvo dos cientistas para descobrir mais sobre a espécie e sobre a evolução humana.

Mutações e evolução

Diferente de análises anteriores, os novos estudos não foram baseados no DNA mitocondrial, mas no nuclear, considerado mais útil para a análise de questões evolucionárias.

"Essas duas análises representam a aurora da genômica do neandertal e avançam nossa compreensão das relações evolucionárias entre o Homo sapiens e o Homo neanderthalensis", disse Rubin em entrevista coletiva à imprensa

"Os dois artigos representam provavelmente as contribuições mais significativas publicadas desde a descoberta dos neandertais, há 150 anos", escreveram em comentário na mesma edição da "Nature" David Lambert e Craig Millar, do Centro para Ecologia e Evolução Molecular Allan Wilson, na Nova Zelândia.

Genoma completo

Segundo os autores dos novos estudos, ainda que não respondam imediatamente a muitas das dúvidas sobre as diferenças biológicas entre humanos e neandertais, os estudos configuram uma perspectiva promissora: o sequenciamento do genoma completo do Homo neanderthalensis. Ou seja, decifrar a assinatura genética de uma espécie extinta há muito tempo.

"O sequenciamento do genoma do neandertal fornecerá uma ferramenta valiosa para comparação e estudos das diferenças entre o homem e seu parente mais próximo", disse Rubin.

Para Millar e Lambert, decifrar a assinatura do neandertal ajudará a resolver um debate que começou há mais de 20 anos, quando se iniciaram os estudos com DNAs antigos: "Na evolução, qual é a importância das mutações genéticas - que resultam em alterações estruturais e fisiológicas - na comparação com as mutações que afetam a regulação desses genes?".