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Fábula - Quem foi Esopo?

Carla Caruso, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

A fábula é um gênero narrativo que surgiu no Oriente, mas foi particularmente desenvolvido por um escravo chamado Esopo, que viveu no século 6º. a.C., na Grécia antiga. Esopo inventava histórias em que os animais eram os personagens. Por meio dos diálogos entre os bichos e das situações que os envolviam, ele procurava transmitir sabedoria de caráter moral ao homem.

Assim, os animais, nas fábulas, tornam-se exemplos para o ser humano. Cada bicho simboliza algum aspecto ou qualidade do homem como, por exemplo, o leão representa a força; a raposa, a astúcia; a formiga, o trabalho etc.

O francês Jean de La Fontaine (1621-1695) foi um dos maiores divulgadores dos textos de Esopo. Ele recriava essas fábulas com o objetivo de "educar" o homem de sua época. Conforme suas próprias palavras: "Acho que deveríamos colocar Esopo entre os grandes sábios de que a Grécia se orgulha, ele que ensinava a verdadeira sabedoria, e que a ensinava com muito mais arte do que os que usam regras e definições".

A fábula faz parte da tradição de literatura oral e, apesar de ter surgido há quase 2 mil anos, continua um gênero desenvolvido atualmente, na literatura escrita. Muitos escritores recriaram velhas fábulas dando-lhes novos finais ou novos significados.

No Brasil, o humorista Millôr Fernandes é um grande cultor do gênero e autor de um livro chamado "Fábulas Fabulosas".

Além da fábula, existem outros gêneros que também pretendem transmitir ensinamentos morais ou filosóficos através de narrativas, como o apólogo e a parábola.



Machado de Assis e Jesus Cristo

O apólogo é uma narrativa breve como a fábula que contém um ensinamento ou crítica a determinado comportamento humano, mas seus personagens não são animais, mas sim objetos inanimados aos quais se atribuem qualidades humanas. A literatura brasileira possui "Um Apólogo" célebre, escrito por Machado de Assis, em que uma agulha discute com uma linha sobre qual das duas é mais importante na vida. No fim, a agulha descobre que só abre caminho para a linha passar e escuta o conselho irônico de um alfinete: "Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico".

Já a parábola faz comparações entre realidades aparentemente diferentes para explicar uma ideia. Ela ilustra um determinado conteúdo, por meio de uma situação concreta. As doutrinas religiosas utilizam-se muito desta forma figurada para passar seus ensinamentos. São célebres as parábolas com que Jesus Cristo se comunica com o povo e com seus apóstolos, no Novo Testamento, em especial nos Evangelhos de São Mateus e São Marcos.



Santos e deuses

Na antiguidade, as lendas serviam para narrar os feitos de grandes homens, heróis ou povos inteiros, bem como histórias que explicavam o nascimento de cidades e nações. Muitos dos personagens lendários, diferentemente dos das fábulas e dos contos maravilhosos, são figuras originalmente humanas, transformadas com o passar dos anos em seres extraordinários. Porém, o universo das lendas é bem variado, e os seres maravilhosos também podem fazer parte destas narrativas.


 

Na Idade Média, as lendas se transformaram numa forma de contar a vida dos santos do cristianismo. As virtudes e boas ações destas personalidades eram narradas de modo que o ouvinte conhecesse o comportamento exemplar do santo e viesse a tomá-lo como modelo. Na Itália, do século 13, Jacopo de Varezze, reuniu uma coletânea de biografias de santos num volume intitulado "Legenda áurea", que serviria de inspiração para os padres formularem seus sermões.

Assim como a lenda, o mito busca explicar determinado aspecto do mundo, por meio da ação de seres extraordinários. Porém, aqui os personagens principais são as divindades, os deuses, muitas vezes identificados com os fenômenos naturais. O mito narra tempos anteriores ao advento do ser humano e da civilização, revelando uma realidade que determina o mundo e o destino dos homens. Aspectos essenciais da condição humana estão presentes nestas narrativas, que têm imenso simbolismo psicológico.

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