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Figuras de sintaxe ou construção - Cara de erro, mas são propositais

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

A partir dos aspectos lógicos e gerais observados na língua (norma culta), a gramática formula princípios que regem as relações de dependência ou interdependência das palavras na oração. Por outro lado, ensina que outros fatores podem interferir na sintaxe ou construção das sentenças, alterando a concordância, a regência ou a colocação.

Essas variações chamam-se figuras de sintaxe ou construção, uma classificação das figuras de linguagem, assim como as figuras de pensamento e as metáforas (figuras de palavras). A tabela resumo os principais exemplos:

Figuras de construção
ElipseOmissão de termos que podem ser subentendidos facilmente.
ExemploQuanta perversidade no mundo! (Subentende-se o “há”.)
ZeugmaVariedade de elipse; omissão de termo anteriormente expresso.
ExemploO inocente foi, preso; o culpado, solto. (Subentende-se o segundo “foi”.)
AssíndetoFalta de conjunção entre elementos coordenados.
ExemploEstava mudo, pálido, trêmulo, assustado. (Repare que poderia haver um “e” entre os dos últimos termos da frase.)
PleonasmoRepetição de ideias (com as mesmas palavras ou não) para realçá-las ou enfatizá-las.
ExemploVi com meus próprios olhos. (Está claro que ninguém pode ver com os olhos alheios.)
PolissíndetoRepetição do conectivo entre elementos coordenados.
ExemploFoi e voltou e correu e pulou e brincou. (A repetição do “e” enfatiza a quantidade de ações enunciadas.)
HipálageÉ atribuir-se a uma palavra o que pertence a outra na mesma frase.
Exemplo“Em cada olho um grito castanho de ódio”. (Note que, pela lógica, “castanho” se refere a “olho”. A frase é do escritor Dalton Trevisan.)
HipérbatoÉ a inversão da ordem natural das palavras numa oração ou das orações num período.
Exemplo“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas...” (A ordem natural ou direta seria: “As margens plácidas do Ipiranga ouviram...”)
AnáforaRepetição da(s) mesma(s) palavra(s) no começo de cada um dos termos da oração.
Exemplo“Este amor que tudo nos toma, este amor que tudo nos dá, este amor que Deus nos inspira, e que um dia nos há de salvar...”
SilepseTambém chamada de concordância ideológica. Faz-se a concordância com a ideia subentendida e não com a palavra expressa. Pode referir-se ao gênero, número ou pessoa.
Exemplos:

Deixei a agitada São Paulo. (Silepse de gênero, a rigor São Paulo é masculino.)


Grande parte dos eleitores estavam longe de aprovar os descaminhos da CPMI. (Silepse de número: a ideia é de plural, embora, a rigor, o sujeito – “Grande parte” – esteja no singular.)


Os que conseguimos pular fora, pulamos. (Silepse de pessoa: a frase deveria ser “Os que conseguiram pular fora, pularam”, mas quem a enuncia se inclui entre os que praticaram as ações expresas pelo verbo).