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Texto de instruções - Entenda a redação desse gênero

Alfredina Nery Especial para a Página 3 - Pedagogia e Comunicação

O que têm em comum uma receita de bolo, o manual de instrução de um aparelho de DVD, o regulamento de um condomínio e a bula de um remédio?Pois todos esses textos são, ou contém, instruções. A redação desses textos nos ajudam a executar certas ações concretas.

Um exemplo de texto prescritivo, ou de instrução, são os "Dez Mandamentos", que contém instruções de conduta e comportamento para os cristãos.

Estrutura

A mesma estrutura é vista em manuais ou regulamentos. A estrutura em tópicos (1, 2, 3...) facilita a leitura e a identificação das "regras" ou instruções a serem seguidas. Veja outro exemplo de texto de instrução, um "Código dos Direitos do Telespectador", do grupo Tver, que debate o papel da televisão no Brasil:

Todo telespectador tem o direito de:


1. Ser informado de modo independente, recebendo os dados necessários para que forme sua própria opinião. (...) Concessão pública, o canal de TV deve estar proibido de sonegar fatos de relevância pública evidente (..).

2. Estar protegido do sensacionalismo que potencializa a violência e criminalidade. Ter pleno conhecimento dos direitos e ter acesso aos mecanismos que os fazem valer são atributos básicos da cidadania. (...)

3. Ser respeitado em sua condição religiosa, sexual, étnica, ideológica ou de nacionalidade. A manifestação de preconceitos pela TV ofende a integridade de alguns em particular e a dignidade de todos, no plano geral. (...) Por isso, é preciso proclamar, por mais óbvio que pareça: o telespectador tem o direito de não ser ofendido quando liga a televisão. E tem o direito de exigir isso.

4. Escolher o que entra ou não entra na TV de sua própria casa. (...)

5. Ter uma alternativa às redes nacionais obrigatórias. As transmissões oficiais, quando acontecem num horário único, retiram do telespectador o seu direito à escolha. (...)

6. Ter acesso a bancos de imagem com a memória da TV brasileira. Acesso à informação é um direito básico, todos sabemos. Tanto que a ideia de bibliotecas públicas já se encontra definitivamente incluída no senso comum. As bibliotecas devem ser públicas porque a democracia pressupõe que o acesso à informação também deve ser público. Mas hoje boa parte da informação já não se encontra nos livros: ela está nas imagens eletrônicas da televisão. É preciso que busquemos um modo de construir bancos de dados de imagens em vídeo.

7. Telefonar, mandar faxes, cartas ou e-mails para as emissoras – e para os anunciantes –, ser bem atendido e obter respostas satisfatórias. É direito seu que as emissoras mantenham um bom serviço de atendimento ao telespectador, gratuito, rápido e eficiente. (...)

8. Defender-se. Não existe, atualmente, um Instituto de Defesa do Telespectador. Precisa ser inventado. (...)

9. Criar grupos ou associações (permanentes ou transitórias) para protestar e se fazer ouvir. (...) Nesse sentido, a constituição desses grupos, de modo bastante destacado nas escolas, desempenharia um papel relevante.

10. Assinar e controlar um termo de compromisso com os que exploram as concessões. Bem, aqui chegamos a um direito, por assim dizer, simbólico. Mas deveríamos pensar num compromisso, um contrato ético que fosse assinado e lido em voz alta, diante de representantes do Congresso, por todos os que ganhassem concessões de rádio e televisão. (...)"

Vamos analisar a estrutura desse regulamento:
 

  • uma abertura que tematiza o texto, com ênfase em três termos: "todo", telespectador", "direitos";
  • uma sequência numérica, como se fossem os artigos de uma lei. De tal forma que podemos nos referir a eles, por exemplo, assim: " De acordo com o artigo 1º...", "Se formos analisar o que diz o artigo 10º , podemos ..." ;
  • verbos no infinitivo, indicando ações do telespectador: "Escolher", "Ter", "Telefonar, mandar faxes", "Defender-se", "Criar", "Assinar e controlar".
     
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