Distribuição Eletrônica - Linus Pauling e as camadas eletrônicas do átomo
Carlos Roberto de Lana
Atualizado em 10/03/2014, às 13h01
Um problema para os químicos era construir uma teoria consistente que explicasse como os elétrons se distribuíam ao redor dos átomos, dando-lhes as características de reação observadas em nível macroscópico.
Foi o cientista americano Linus C. Pauling quem apresentou a teoria até o momento mais aceita para a distribuição eletrônica.
Sobre Pauling, é sempre interessante citar que ele foi duas vezes laureado com o Prêmio Nobel. O de química em 1954, por suas descobertas sobre as ligações atômicas, e o da Paz em 1962, por sua militância contra as armas nucleares.
Para entender a proposta de Pauling, é preciso primeiro dar uma olhadinha no conceito de camadas eletrônicas, o princípio que rege a distribuição dos elétrons em torno do átomo em sete camadas, identificadas pelas letras K, L, M, N, O, P e Q.
Uma característica destas camadas é que cada uma delas possui um número máximo de elétrons que podem comportar, conforme tabela que segue:
Camada | Número máximo de elétrons |
K | 2 |
L | 8 |
M | 18 |
N | 32 |
O | 32 |
P | 18 |
Q | 8 |
Pauling apresentou esta distribuição dividida em níveis e subníveis de energia, em que os níveis são as camadas e os subníveis divisões destes (representados pelas letras s, p, d, f), possuindo cada um destes subníveis também um número máximo de elétrons.
Subnível | Número máximo de elétrons | Nomenclatura |
s | 2 | s2 |
p | 6 | p6 |
d | 10 | d10 |
f | 14 | f14 |
Quando combinados níveis e subníveis, a tabela de distribuição eletrônica assume a seguinte configuração:
Camada | Nível | Subnível | Total de elétrons | |||
s2 | p6 | d10 | f14 | |||
K | 1 | 1s | 2 | |||
L | 2 | 2s | 2p | 8 | ||
M | 3 | 3s | 3p | 3d | 18 | |
N | 4 | 4s | 4p | 4d | 4f | 32 |
O | 5 | 5s | 5p | 5d | 5f | 32 |
P | 6 | 6s | 6p | 6d | 18 | |
Q | 7 | 7s | 7p | 8 |
A distribuição eletrônica, conforme Pauling, não era apenas uma ocupação pelos elétrons dos espaços vazios nas camadas da eletrosfera.
Os elétrons se distribuem segundo o nível de energia de cada subnível, numa seqüência crescente em que ocupam primeiro os subníveis de menor energia e, por último, os de maior.
É esta a tradução do diagrama de energia de Pauling, que define esta ordem energética crescente que é também a seqüência de distribuição dos elétrons:
Na figura, as setas indicam a ordem crescente dos níveis de energia: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2 4f14 5d10 6p6 7s2 5f14 6d10 7p6
Note que como a energia de 4s2 é menor, esta posição vem antes de 3d10.
Assim, seguindo o diagrama de Pauling, podemos montar a distribuição eletrônica de qualquer elemento químico, como por exemplo:
Elemento químico | Número atômico | Distribuição eletrônica |
He Hélio | 2 | 1s2 K = 2 |
Cl Cloro | 17 | 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 K = 2, L = 8, M = 7 |
Zr Zircônio | 40 | 1s2 2s2 2p6 3s2 3p64s2 3d10 4p6 5s2 4d2 K = 2, L = 8, M = 18, n = 10, O =2 |
Pt Platina | 78 | 1s2 2s2 2p6 3s2 3p64s2 3d10 4p6 5s2 4d105p6 6s1 4f14 5d9 K = 2, L = 8, M = 18, N = 32, O = 17, P = 1 |
Lembre-se que a soma da distribuição dos elétrons, tanto nos subníveis quanto nas camadas deve bater com o número atômico, como no exemplo da Platina:
Camada | Nível | Distribuição eletrônica da platina | Total de elétrons | |||
s2 | p6 | d10 | f14 | |||
K | 1 | 1s2 | 2 | |||
L | 2 | 2s2 | 2p6 | 8 | ||
M | 3 | 3s2 | 3p6 | 3d10 | 18 | |
N | 4 | 4s2 | 4p6 | 4d10 | 4f14 | 32 |
O | 5 | 5s2 | 5p6 | 5d9 | 17 | |
P | 6 | 6s1 | 1 | |||
Q | 7 | |||||
Total | 78 |
Obs. Existem determinadas configurações que não seguem exatamente o diagrama de Pauling.
É o caso das distribuições dos subníveis finais s2 d4 e s2 d8.
O subnível s cede um elétron ao subnível da camada anterior, ficando portanto s1 d5 ou s1 d9.
Este último é exatamente o caso da Platina, ou seja, 6s2 5d8 se transforma em 6s1 5d9,
fazendo com que a camada O fique com 17 elétrons e a camada P apenas com 1.
Algumas edições da Tabela Periódica informam também a distribuição eletrônica dos elementos químicos, o que facilita muito o trabalho de quem precisa operar estes dados.
Mas, independentemente disto, é muito importante conhecer os mecanismos que regem esta distribuição, e particularmente o conceito de níveis e subníveis de energia, ponto de partida para estudos mais avançados como os princípios da mecânica quântica.
Veja errata.