Georg Simmel - microssociologia - Cientista criou a sociologia das formas
Renato Cancian, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Georg Simmel (1858-1918) foi um renomado cientista social alemão que contribuiu com a sociologia em seu estágio inicial de desenvolvimento, formulando paradigmas e teorias sociais inovadoras.
No que diz respeito à perspectiva sociológica, Simmel foi o fundador da chamada "sociologia formal" ou "sociologia das formas" e se diferenciou no campo do estudo dos fenômenos sociais em razão de seu interesse pela análise microssociológica, que se refere à investigação da sociedade, mas a partir das ações e reações dos atores sociais em interação.
A sociologia formal é uma perspectiva teórica que está muito próxima da chamada "sociologia da ação", e ambas se contrapõem às concepções teóricas de caráter macrossociológico, como o estruturalismo, o funcionalismo e o neomarxismo.
A sociologia formal
As concepções teóricas que sustentam toda a gama de pesquisas e estudos elaborados por Simmel estão fundamentadas no paradigma filosófico originalmente construído por Immanuel Kant (1724-1804).
A partir das concepções filosóficas kantianas, Simmel concluiu que a realidade social é extremamente complexa, e até certo ponto caótica, em relação aos significados. O conhecimento dos fenômenos sociais, que ocorrem imersos nessa realidade e que interessam ao cientista social, só são passíveis de serem apreendidos (ou compreendidos) mediante a adoção de categorias ou modelos analíticos.
As categorias e modelos analíticos servem para ordenar o pensamento de modo que se possa interrogar e interpretar a realidade. Um modelo ou categoria analítica é uma simplificação do real porque opera com base na abstração, num esforço de separação dos fenômenos sociais que estão imersos na complexa realidade social, tanto em seus aspectos sociológicos como históricos.
De acordo com Simmel, os modelos e categorias analíticas não são proposições arbitrárias e nem recursos empregados apenas pelos cientistas sociais que interrogam o real, pois são também utilizados pelos próprios indivíduos que integram a sociedade, como recurso de ação e interação social.
Modelos e categorias analíticas são recursos teóricos que também foram empregados pelo cientista social alemão Max Weber, quando se refere ao "tipo ideal" que serve para delimitar o real ou, em outras palavras, serve para construir objetos de pesquisa que serão analisados e interpretados - e, consequentemente, dotados de algum significado.
Não é por acaso que Max Weber estabeleceu em seus estudos uma interlocução permanente com as obras de Simmel.