Intelectuais (1) - O papel social dos pensadores
Renato Cancian, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
O termo "intelectual" deriva do latim, mas sua origem histórica permanece desconhecida. Há alguns relatos de que, na Rússia czarista da segunda metade do século 19, usava-se a palavra inteligencija, que servia basicamente para indicar um grupo ou camada social específica que se diferenciava das demais pelo elevado grau de instrução e erudição.
De certo modo, foi com esse significado que os termos "intelectual" e "inteligência" se generalizaram em outros países. Trata-se de um significado de caráter apenas descritivo porque serve tão somente para diferenciar a classe culta ou a categoria social de indivíduos instruídos que exercem, dentro do sistema produtivo da sociedade, trabalhos considerados "não manuais".
Podem ser incluídos nesta categoria os profissionais da área do direito, engenharia, medicina e áreas afins, os professores, os artistas, entre outros; e todos aqueles indivíduos que exercem atividades relacionadas à produção e/ou transmissão de conhecimentos ou valores.
Novo significado
Data do final do século 19 e início do século 20, o aparecimento de um novo significado para o termo. A distinção entre trabalhadores não manuais permanece uma referência importante, entretanto, o intelectual por excelência é aquele indivíduo que tem um posicionamento ideológico definido, o qual torna público a partir do engajamento em atividades políticas.
Ou seja, o intelectual é aquele indivíduo que adquiriu formação profissional (geralmente associada à formação de nível superior) e realiza um trabalho não manual, mas também é dotado de um elevado senso crítico adquirido mediante o contato com o conhecimento, participação em reuniões, debates e discussão política que o predispõe a assumir um posicionamento crítico diante da realidade social.
Esse novo significado é considerado bem mais complexo, e foi a partir dele que o termo intelectual se inseriu na área acadêmica e também foi apropriado pelos movimentos revolucionários, primeiramente de caráter burguês e depois os de esquerda, para designarem seus líderes, ou seja, a vanguarda do movimento.