Segundo Bars, "estamos num mundo no qual as pessoas querem fazer mil coisas ao mesmo tempo e acabam não se concentrando no que estão fazendo. Um exemplo disso é a última mudança feita no WhatsApp para acelerar o tempo de áudios enviados nas mensagens. As pessoas não podem parar para ouvir o áudio de um conhecido?".
Ele também destaca a importância de observar o que está acontecendo ao nosso redor e nos qualificar, atualizar. "Se passamos 5 anos sem aprender, tudo aquilo que nós sabíamos não vale mais nada, pois nossas habilidades depreciam a uma taxa de 20% ao ano. Eu preciso sempre me preparar para o mundo que está evoluindo. Antes eram as organizações que precisavam nos fazer aprender. Hoje, nós temos de ser protagonistas do nosso conhecimento."
"A grande armadilha do Mundo BANI e que pode prejudicar, inclusive, o desenvolvimento das pessoas, é que o foco da transformação não está nas habilidades e competências em si, mas na forma como aplicamos essas competências à nova realidade que nos foi apresentada", afirma Katycia Nunes, Consultora de Soluções Digitais para a Educação no UOL EdTech.
Segundo ela, uma pesquisa da IBV (IBM Institute for Business Value) de março de 2021 mostra que 87% dos profissionais afirmam estar preparados para a realidade e com todas as habilidades atualizadas. Porém, a mesma pesquisa diz que 45% das empresas entrevistadas afirmam não conseguir preencher as vagas disponíveis por não encontrarem profissionais qualificados.
"Relacionando esses dados com a nossa realidade atual de aceleração digital, o que podemos afirmar é que existe um descolamento muito grande entre a percepção das pessoas da defasagem que elas possuem, daquilo que o mercado está exigindo. Ou seja, os colaboradores perceberam a mudança, mas não perceberam o quanto foram impactados. Esse descolamento pode deixar o processo de adaptação ainda mais lento, o que é um risco enorme", reforça Nunes.
O que fazer diante desse cenário? Ainda mais com todos os desafios organizacionais e de negócios dentro das empresas? As áreas de treinamento e desenvolvimento humano têm um papel estratégico cada vez mais importante em garantir (ou ao menos minimizar) esse descolamento, construindo experiências de aprendizagem que conectem negócio e pessoas, ressignificando conhecimento. Nesse contexto, ficar parado é a pior decisão que alguém pode tomar, seja pessoa física ou jurídica. Se antes a palavra da vez era protagonismo, agora podemos somar a ela movimento constante.
"O mundo hoje parece a toca do Coelho Branco da Alice: não sabemos bem onde estamos, em qual direção estamos caindo. A única certeza que temos é que tudo mudou e, lá embaixo, tem uma Rave. Ou seja, você precisa cair e sair pulando porque, em uma Rave, quem fica parado é atropelado", afirma Nunes.