Mais de 700 mil estudantes de públicas têm menos de quatro horas de aula por dia
Mais de 700 mil estudantes da rede pública ainda têm menos de quatro horas de aula por dia no país, sem nenhuma atividade complementar posterior. O dado está no Censo Escolar 2010, que também mostra que cerca da metade deles têm aula após as 17h –ou seja, no período noturno.
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) diz que o aluno brasileiro deve ter, pelo menos, 800 horas de aula distribuídas por 200 dias letivos, o que dá uma média de 4 horas/dia. Há mais um grupo de 19 mil alunos, além dos 700 mil, que tem menos de quatro horas e faz algum tipo de atividade complementar, como reforço ou esportes.
Esse contingente representa aproximadamente 2% dos quase 44 milhões de alunos de escolas públicas. A grande maioria deles (25,9 milhões) passa entre quatro e sete horas estudando.
O total de alunos com menos de quatro horas diárias de aula com ou sem complementação posterior é de 724.701. Desses, 323 mil estudam a partir ou após as 17h e 37 mil começam em um horário intermediário, entre 10h e 13h.
Segundo a secretária de Educação Básica do MEC (Ministério da Educação), Maria do Pilar Lacerda, o total de estudantes que passam menos de quatro horas em sala deve ser zerado somente em 2013 ou 2014. Ela afirma que o número, apesar de "pequeno", é "preocupante".
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Maria do Pilar diz que o governo está investindo em transporte escolar e na construção de escolas para evitar o "turno da fome" (que acontece no horário do almoço) –o que a secretária classifica como "a pior coisa que pode acontecer".
"As construções de prédios públicos, principalmente nas grandes cidades, são muito complicadas. É preciso um processo consistente. Qualquer solução muito rápida, a gente tem que desconfiar", diz.
"Incapacidade"
Para o professor da Faculdade de Educação da UnB (Universidade de Brasília) Remi Castioni, o fato de esses alunos passarem menos tempo na escola mostra certa “incapacidade” do sistema. "São pessoas que vão ter sérias dificuldades no seu itinerário: terão dificuldade de permanecer no fluxo escolar normal, ou vão levar dois anos para completar um, ou vão ficar retidos. Provavelmente, vão ter grandes chances de abandonar a escola", diz.
Castioni sugere a criação de um "plano tático" para resolver o problema. "Não vejo outra solução. [Precisamos] Criar planos táticos: envolver gestor, professor e conselho escolar, colocar na mesa para enfrentar isso, descobrir quem vai pagar a conta."
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