Professores mineiros pedem para Dilma Rousseff mediar diálogo com governo do Estado
Representantes do Sind-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) se encontraram com a presidente Dilma Rousseff, nesta sexta-feira (16), na base áerea da Pampulha, momentos antes da presidente deixar a capital mineira e retornar para Brasília. "Fizemos a ela um pedido para que pudesse mediar (com o governo estadual), uma vez que essa é uma greve por um piso salarial baseado em uma lei federal", disse Beatriz Cerqueira, coordenadora-geral do Sind-UTE.
A greve dos professores da rede estadual mineira completou 100 dias hoje. "Nós entregamos para a presidente um dossiê com dados da educação mineira. Comprovamos [pelos documentos] que o governo de Minas Gerais paga o pior vencimento básico do país", afirmou Beatriz. Segundo ela, a presidente se comprometeu a mediar para que o governo volte à mesa de negociação. Dilma teria dito que "do jeito que está não é bom para ninguém".
Dilma visitou as obras do estádio do Mineirão e em seguida, anunciou verbas para o metrô de Belo Horizonte, na sede da prefeitura.
Ilegalidade da greve
O Ministério Público entrou com ação no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) ontem (15) pedindo que a greve de parcela de professores da rede pública estadual de ensino seja declarada ilegal. O pedido foi impetrado no mesmo dia em que os docentes decidiram continuar com o movimento.
No último dia 31, o procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Alceu Torres Marques, que intermediou de encontro entre os representantes dos professores e do Estado, afirmou que o MP poderia tomar medidas judiciais contra o movimento grevista.
"Nós entendemos que a proposta apresentada pelo governo fixando o piso salarial para o vencimento básico atende à legislação e atende à decisão do acórdão recentemente publicado pelo Supremo Tribunal Federal", avaliou à época Marques.
A coordenadora-geral do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira, criticou a decisão do MP. “Eu lamento que o Ministério Público, que poderia ter uma atuação de defesa da legislação, assuma uma posição de defesa do governo”, afirmou. “Nós já dissemos ao MP que a (decisão pela) legalidade ou ilegalidade não será o que vai pôr fim à greve. O que vai pôr fim é um processo de negociação. Nós cumprimos todos os requisitos previstos na lei que dispõe sobre o direito de greve."
Segundo ela, não há argumentos para pleitear a ilegalidade da paralisação e a última proposta feita pela administração do governador Antonio Anastasia (PSDB), no dia 31 de agosto, não atende às reivindicações da categoria.
De acordo com a assessoria do Tribunal, o pedido de liminar contra o Sind-UTE foi distribuído para o desembargador Roney Oliveira.
Para governo de MG, greve é "política"
Para ela, o viés político do movimento se evidenciou por conta de a classe ter sido atendida na maioria de suas reivindicações. “Se eu tenho uma pauta [de greve], a pauta é cumprida e eu permaneço em greve, é evidente que tem uma agenda que não é explícita, não tem outra explicação. (...) A cada pauta atendida, vem (o pedido de) uma nova pauta. Isso só pode ter base política”, afirmou.
Ainda conforme a secretária, o Ministério Público e a Advocacia-Geral da União deram pareceres favoráveis à política de remuneração praticada pelo governo estadual em relação aos salários dos professores.
De acordo com último levantamento feito pela Secretaria de Estado de Educação, 46 escolas estão totalmente paradas (equivalente a 1,4% em um total de 3.779 escolas). A pesquisa demonstra também que menos de 10% dos 183 mil professores estão parados, conforme a assessoria do governo. No entanto, segundo o Sind-UTE, a paralisação atinge 50% dos trabalhadores na educação.
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